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Sesc Pinheiros recebe exposição inédita sobre o bordado na arte

Autora Desconhecida, 1973 – 1989, Arpillera : Centro de detención Foto: Cortesia Fondo Fundación Solidaridad

Obras de arte históricas e contemporâneas, em sua maioria nacionais, que refletem sobre o lugar do bordado na arte dos séculos 20 e 21 compõem a exposição inédita “Transbordar: Transgressões do Bordado na Arte”, em cartaz a partir de 26 de novembro no Sesc Pinheiros. Com curadoria de Ana Paula Cavalcanti Simioni, a mostra reúne 39 artistas de diferentes gerações e pesquisas, são nomes como Ana Bella Geiger, Bispo do Rosário, Karen Dolorez, Nazareno Rodrigues, Nazareth Pacheco, Rosana Paulino, Teresa Margolles e Zuzu Angel. Em comum, suas obras apresentam subversões dos sentidos tradicionalmente atribuídos a essa prática, tais como o de obras como sensíveis, delicadas e “femininas”.

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O público poderá visitar a mostra gratuitamente de terça a sexta, das 13h às 20h, e aos sábados, das 10h às 14h, mediante agendamento prévio pelo portal sescsp.org.br/pinheiros. O uso de máscara facial é obrigatório para todas as pessoas, durante toda a visita.

Foto: Divulgação

Historicamente, o bordado foi uma atividade muito semantizada e, tal como ocorreu com diversas outras práticas artísticas, como a tapeçaria, vitrais e mobiliário, foi relegado pelo circuito acadêmico que pulsava na Europa do século 16 à condição de uma “arte menor”, ao contrário do que ocorreu com a pintura e escultura que foram, então, nobilitadas como “belas artes”.

A exposição discute a ideia do bordado como um ornamento tido como fútil ou pouco funcional por meio de obras que incitam a pensar sobre diversos tipos de violência – contra a população infantojuvenil, violência de gênero, violência racial, violência manicomial, gordofobia e LGBTQIA – tão disseminados na sociedade contemporânea.

Para a curadora, “o bordado é uma prática artística carregada de significado. Frequentemente é associado a uma produção feminina, doméstica e artesanal. Essas associações, no entanto, não devem ser vistas como naturais, e sim como fruto de uma história da arte e da cultura que se construiu a partir de divisões e hierarquias que, hoje, precisam e podem ser questionadas”.

Foto: Divulgação

Estruturada a partir de dois módulos – “Artificando o Bordado” e “Transbordamentos” – a exposição traz ao público mais de 100 obras. A disposição dos trabalhos no espaço expositivo é, simultaneamente, histórica e temática. São criações realizadas por artistas mulheres e homens que têm no bordado um meio expressivo e um contestador social.

Entre os destaques da mostra, há criações de Arpilleras, uma técnica chilena usada sobretudo por mulheres durante o período da ditadura como forma de denúncia e resistência.

“O caráter intimista do bordado também é revolvido pelo sentido social que essas obras podem ter. Isso porque elas evocam tradições de um saber fazer, coletivo, anônimo que é aqui apropriado e transformado”, explica Ana Paula. “Essas memórias, individuais e de grupo, são costuradas ou, como bem define Rosana Paulino, suturadas. São obras que transbordam as hierarquias, os limites a que essa prática foi, historicamente, confinada. Em cada uma delas, o bordado demonstra sua potência de encantar e incomodar, seduzir e conscientizar”, finaliza a curadora.

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