Lola Fanucchi é paulistana da gema, nascida no coração da Av. Paulista. Aos 35 anos, se prepara para estrear seu primeiro longa-metragem, “Tudo Bem no Natal Que Vem’’, da Netflix, onde atua ao lado de Leandro Hassum. Lola interpreta Luana, cunhada do protagonista Jorge, interpretado por Hassum. “Fazer longas era algo que eu queria muito, mas que não imaginava acontecer tão rápido. Em 2019 não parei quieta! Foi um ano de muitas estreias felizes no audiovisual para mim”, comenta. A comédia natalina, que tem estreia prevista para 3 de dezembro, conta a história de um homem que sofre um acidente na véspera do Natal e acorda um ano depois, sem lembranças do que ocorreu nesse período de tempo.
Lola conta que o processo de gravação foi um pouco atípico para ela, pois se trata de um filme com muita ação noturna “Basicamente nosso cronograma começava às 18h e terminava 4h. Foram noites não dormidas, mas muito bem aproveitadas ao lado de uma equipe querida.” A atriz também elogia Hassum e diz que foi impressionante ver o nível de energia com que ele trabalhava madrugada após madrugada e com a demanda de um protagonista.
Em outubro, Lola expandiu sua carreira para o meio musical, e lançou ‘’Dorival’’, sua primeira música autoral acompanhada de um clipe produzido por ela mesma. A canção, que está disponível em todas as plataformas digitais, conta sobre o período de isolamento social que estamos vivendo, e sobre um amor platônico que uma mulher sente pelo motoboy que faz suas entregas. Para participar do clipe Lola convidou motoboys de verdade, tanto para o papel principal quanto para figuração.
A atriz também está com projetos futuros, ela integra o elenco do filme ‘’Sobre Todas as Coisas’’, de Vitor Rocha, que tem a intenção de contar um pouco sobre o que foi e o que está sendo a pandemia por meio de diversos pontos de vistas ao redor do mundo. O longa tem previsão de estreia para 2021 e, de acordo com o diretor, será lançado nos streamings.
Leia a seguir a entrevista que Lola fez com RG.
Já trabalhou com outra coisa antes de ser atriz?
Muitas! (Risos) Minha primeira experiência profissional foi na época de faculdade ainda e eu trabalhava em um restaurante onde os garçons cantavam musicais da Broadway. Eu era péssima garçonete e morria de medo de derrubar as coisas, mas era muito divertido poder “brincar” de musicais toda noite.
Eu sempre soube que queria ser atriz, mas como perdi muito cedo minha mãe e não tive uma figura paterna presente, fiquei insegura de arriscar demais numa carreira tão incerta. Decidi então que ia dar uma chance para algo mais “tradicional”. Fui para o marketing. Vai que eu gostava, né? Estagiei na Nestlé, depois trabalhei fora do Brasil na sede Latam da P&G, no Panamá, e depois na Unilever. Aprendi muito no corporativo. Mas apesar dessas empresas serem maravilhosas, eu percebi que eu não era feliz. Acho que cada pessoa precisa ser muito honesta consigo mesma para descobrir o que a motiva verdadeiramente na vida. Ninguém merece acordar desanimado toda segunda-feira! Não existe uma resposta certa ou errada. Eu pesei na minha balança pessoal e vi que fazer o que eu realmente amava era muito importante para mim. Então organizei um plano e larguei tudo o que havia construído para começar do zero, no caminho que sempre sonhava como atriz.
É formada, se sim, em quê?
Sou formada no instituto de artes da Unicamp, em comunicação.
Como começou sua carreira como atriz?
Desde pequena eu gostava de interpretar, cantar e dançar. Era uma criança bem “aparecida” daquelas que quer fazer apresentações para a família toda hora. Cresci um pouco e, graças a Deus, fiquei mais tímida (risos). Na minha adolescência passei a fazer cursos mais voltados para o teatro musical, que foi minha porta de entrada no mercado profissional. Mesmo quando trabalhava no corporativo nunca parei de estudar, porque aquela era minha forma de me manter ativa no que amava. No momento em que decidi largar minha carreira no marketing, eu já conhecia muita gente da área artística por conta de todos os cursos e aulas. Ficava sempre sabendo dos testes e comecei a me jogar! Nunca vou me esquecer do meu primeiro dia de ensaio em um musical profissional. Chorava que nem boba no táxi voltando para casa. Tenho plena noção do quão abençoada eu sou por fazer o que amo.
Quais trabalhos já fez no teatro?
Estreei profissionalmente em “Nas Alturas”, que foi a montagem brasileira feita pela 4act do sucesso da broadway “In the heights”. Com eles também fiz “Ghost”, que é baseada no filme clássico. Fiz também “Nine – Um Musical Felliniano” e “Se Meu Apartamento Falasse”, temporadas do RJ e SP, da dupla Möeller e Botelho. E mais recentemente “Nathasa, Pierre e o Grande Cometa de 1812” (Del Claro produções) e “Lembro Todo Dia de Você” (Núcleo Experimental) ambas com direção de Zé Henrique de Paula.
Sua participação em “Órfãos da Terra” foi um divisor de águas na sua carreira?
Seguramente! Foi meu primeiro contato profissional com o audiovisual e foi como descobrir um novo mundo para mim! Me sinto honradíssima de ter sido vista no teatro pelo nosso diretor artístico, Gustavo Fernández, que conseguiu me imaginar funcionando nas câmeras. Parece história de filme quase! (Risos) Quem tem essa sorte de um diretor incrível te olhar numa peça e te dar a oportunidade de fazer uma novela do calibre de “Órfãos da Terra”? Agradeço demais a ele pela sensibilidade e toda acolhida. Foi uma grande escola. Hoje, depois de ter vivido essa experiência não consigo imaginar mais a minha vida sem um set. Eu me apaixonei completamente pelas infinitas possibilidades que o audiovisual traz e devo isso a toda equipe envolvida na novela.
Como surgiu o convite para filmar “Tudo Bem no Natal Que Vem”?
Veio a partir da ousadia da nossa produtora de elenco Marcela Altberg, que também me conhecia dos palcos e me deu a oportunidade de ser vista fora do teatro. Eu gosto muito de salientar isso, porque, às vezes, os atores são “categorizados” como “do teatro” ou “de cinema” e sem a ajuda de pessoas com visão não conseguem transitar e aproveitar de todos os meios possíveis. Agradeço muito o olhar arrojado que a Marcela teve e a confiança no meu trabalho. Conheci o Santucci, no Rio, e no teste me senti super confiante da sua direção. Pouco tempo depois já recebi a confirmação de que estava no elenco. Foi meu melhor presente de Natal!
Conte sobre sua personagem.
Eu interpreto a Luana que é cunhada do Jorge, personagem do Leandro Hassum, no filme. Ela é uma garota que, vamos dizer, está descobrindo ainda exatamente o que busca na vida. (Risos) Como ela muda muito de foco isso gera algumas situações engraçadas nos natais da família.
Já havia feito comédias antes?
No audiovisual, não. Anteriormente tive boas experiências com “Se Meu Apartamento Falasse”, que contava com um elenco de monstros da comédia como Marcelo Medici, Maria Clara Gueiros e Fernando Caruso. Nossa coxia era uma palhaçada, tão deliciosa quanto estar no palco!
Fale sobre o filme “Sobre Todas as Coisas”, de Vitor Rocha, como é sua personagem?
Esse é um projeto muito querido para mim, porque finalmente depois de tanto tempo tentando alinhar agendas, eu e o Vitor conseguimos fazer nossa estreia juntos.
É um filme delicado que conta com a colaboração de muitos colegas que compartilharam imagens remotamente direto de suas quarentenas. Essas imagens ajudam a costurar a trama central que gira em torno dos moradores de um prédio em meio à pandemia. Posso adiantar, sem grandes spoilers, que minha personagem é bem neurótica em relação ao distanciamento social e seguir as regras da OMS! (Risos) Talvez vocês até se identifiquem com ela em algum nível. Depois de assistir vocês me contam.
Conte sobre sua veia musical, quando se descobriu compositora e cantora?
Três semanas atrás! (Risos) Brincadeira – em partes. Cantar eu sempre cantei por conta do trabalho com teatro musical. Não tenho a pretensão de ter uma carreira como cantora, mas ao menos já tinha certa intimidade com a função. Agora, compor foi realmente uma grande surpresa de pandemia. Nunca me imaginei escrevendo canções, mas nessa quarentena fui inspirada por alguns temas e acabou acontecendo de virarem música. Foi um processo bem intuitivo. Primeiro veio inspiração para letra e depois saíam melodias. Espero que tenham gostado, porque eu me diverti muito fazendo.
O que te inspirou para compor “Dorival”?
O processo de isolamento em si e a dependência (cheia de privilégios) da ajuda dos entregadores no meu dia a dia. Eu queria colocar esses profissionais no lugar (merecido) de heróis modernos. Eles e elas se arriscam todos os dias para que pessoas, como eu, possam ficar em casa e colaborar com o distanciamento social. Então imaginei que se houvesse um cenário da “donzela indefesa” moderna, ela deveria se apaixonar pelo motoboy em vez do “príncipe”, que talvez se ache melhor, porque mora num “castelo em Alphaville”. Essa é a provocação. Levar protagonismo para quem merece. Foi desse pensamento que surgiu a ideia do clipe e da música. Fiquei muito feliz de poder contar com a participação de entregadores reais no vídeo e receber o feedback animado deles.
Pretende lançar mais singles e um EP ou álbum?
Minha motivação com “Dorival” foi mais a vontade de contar aquela história do que construir em direção a uma carreira musical. Já escrevi outras canções durante esse processo de quarentena, mas gravar um EP não está nos meus planos. Fiquei muito feliz com a repercussão do clipe, porém gravar tudo sozinha foi levemente traumático! (Risos) A pandemia nos obriga a aprender outras mil funções, mas no fim do dia eu ainda sou “só” atriz. Quando pudermos trabalhar com segurança em equipes novamente eu prometo considerar mais lançamentos.
Pretende fazer lives para divulgar o trabalho?
Eu sou uma pessoa de pouquíssimas “lives”! (Risos) Me sinto uma senhora dizendo isso, mas acho estranho ficar falando “sozinha” por uma hora para uma tela. Não sei nunca direito para onde olhar, se leio comentário, como responder às perguntas… enfim, acho que seria mais “queima filme” do que boa divulgação. Mas se for uma live com um entrevistador ou o time da RG me guiando eu super topo. (Risos)
Quais são os próximos projetos?
Bom, a quarentena adiou alguns projetos que estão sendo aos poucos retomados, então por ora há pouca coisa que já posso falar abertamente. Estamos no processo das filmagens do “Sobre Todas as Coisas”, tenho alguns projetos onde colaboro também como roteirista e um possível novo single. Ai, estou falando coisa demais já, hein RG (risos).
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