Cultura

Em fase solo, Marcelo Segreto lança EP visual sobre América Latina e planeja álbum bilíngue para 2021

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Marcelo Segreto estreia fase solo em EP “América América” e já planeja próximos passos na carreira (Foto: Divulgação)

Marcelo Segreto, de 37 anos, é o mais novo nome solo da parada musical no Brasil. Nascido e criado na Vila Madalena, em São Paulo, o músico de formação erudita iniciou sua carreira no grupo Filarmônica de Pasárgada, um grupo de músicos experimentais com diversos e diferentes instrumentos que nasceu em 2008 dentro da faculdade de música da Universidade de São Paulo (USP).

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Depois de três discos, alguns sucessos e muitas composições de Segreto, o grupo agora é uma aba da vida do músico, que se joga, desde fevereiro, em seu projeto solo. “Vai ser mais pop, folk”, conta em papo honesto e sincero ao RG, durante uma tarde paulistana fria.

Logo de cara, Marcelo entregou a seus fãs um EP chamado “América, América”. Este trabalho tem três faixas que tratam sobre a união e a desunião do continente e será visual, com um clipe para cada faixa. Nesta quinta-feira (05.11), o artista estreia o da faixa “1942”, sendo uma viagem pelas redes sociais contando a história da América Latina.

Para além disso, seu projeto individual também ganhará novo fôlego no ano que vem, a partir de um álbum solo bilíngue com 13 faixas em português e inglês. “São canções de amor e vai se chamar ‘De canção em canção’, e todas as faixas são de amor. O álbum começa em português, ganha pedaços em inglês até chegar na música central do disco que é toda em inglês, e depois volta entrando em português e termina na nossa língua”, finalizou.

Leia abaixo o papo na íntegra com o cantor Marcelo Segreto sobre carreira, primeiros passos na música, referências, novos trabalhos e muito mais.

Capa do EP “América, América” de Marcelo Segreto (Foto: Divulgação)

RG – Você começou na música aos 15 anos, né? Teve alguma influência da sua família, como foi isso?

Marcelo Segreto – Sim, comecei com 15 anos com amigos. Tinha um amigo que tocava violão e eu aprendi com ele os acordes, e já tive essa vontade de compôr coisas minhas. Na minha família é uma lástima nesse sentido. Não tem nenhum artista nem músico. Temos só um tataravó que foi cineasta e é até considerado o primeiro a gravar coisas autorais por aqui.

RG – Você falou que compõe desde cedo, né? Quais são as suas principais fontes de inspiração?

Marcelo Segreto – Acho que varia muito, temos múltiplas. Cada canção vem de um jeito: às vezes é uma questão social, como a faixa “1492”, do meu EP, que aborda a questão do nosso querido presidente [Jair Bolsonaro (sem partido)]. Mas também, às vezes, você começa a fazer uma melodia e a música se faz meio autônoma, sozinha. Só flui no processo!

RG – Hoje saiu o clipe desta sua faixa, “1492”. Como foi essa ideia de ser vertical?

Marcelo Segreto – Ele tem a linguagem das redes sociais. É como se as pessoas que estivessem assistindo dentro do Instagram. Um feed da rede social contando a história da América Latina. Vai ser um EP visual, teremos um clipe para cada faixa e vamos lançar um por mês, até dezembro.

RG – Voltando a falar sobre suas referências do começo da carreira, quais foram as bandas que você ouvia e ouve?

Marcelo Segreto – Na época que comecei, eu gostava e consumia muito rock. Ouvia Nirvana, Smashing Pumpkins. Depois, este mesmo amigo que me ensinou a tocar violão, o Fernando, me apresentou o MPB: comecei a ouvir Legião Urbana, Zeca Baleiro, Chico César, Caetano, Chico Buarque. Foi no ensino médio que eu comecei a gostar música de fato.

RG – Como foi o processo de criação do seu grupo Filarmônica de Pasárgada? Como conseguiu convencer tantas pessoas a se juntarem a você?

Marcelo Segreto – Eu fiz primeiro faculdade de Letras e depois entrei para Música. Foi nesta segunda faculdade que eu chamei uns amigos para fazerem a Filarmônica. Por isso, até, que a banda tem instrumentos diferentes como o Fagote, que é um instrumento de sopro. É uma faculdade de música erudita, então, é até um pouco difícil no começo convencer todo mundo, mas deu certo.

RG – Sendo tantas pessoas no grupo, como era o processo criativo de vocês? Fiquei curioso para saber se era tranquilo, se era agitado…

Marcelo Segreto – Era tranquilo. Eu tenho uma coisa minha que é: eu fazia composição na faculdade de música. Tem aquela coisa que treinamos escrever a partitura para todos os instrumentos. Então, é uma coisa que desde o começo da Filarmônica eu escrevia todos os arranjos das músicas, de todos os instrumentos, então era mais fácil.

RG – A Filarmônica de Pasárgada tem 3 discos lançados, né? Em qual momento da carreira de vocês, você sentiu que chegaram no ápice da carreira? Que é o melhor trabalho de vocês, musicalmente falando?

Marcelo Segreto – Em relação a essência, acho que os três são parecidos, tem uma pegada musical igual. O primeiro disco demorou um bocado: começamos a fazer em 2007 e gravamos só em 2012. Teve um tempo de amadurecimento. Olhando em retrocesso, a mixagem do primeiro disco não é tão boa, o segundo foi melhor. Vamos avançando na execução a cada trabalho.

RG – Falando do seu trabalho solo, o que te motivou fazer esse movimento de ter um trabalho solo?

Marcelo Segreto – Primeiro foi um estímulo de um amigo, o Marcos Preto, que é o diretor musical do EP. Conversando com ele um dia, ele sugeriu de ter um projeto solo meu diferente da Filarmônica e eu achei bom. Uma coisa que me estimulou a fazer isso foi a possibilidade de diversificar meu trabalho musical. Sinto que meu projeto em grupo tem um lado muito experimental e também gosto de um lado mais pop, mais folk e, por isso, me joguei nessa.

RG – Digamos que seu projeto solo é um projeto mais comercial e o projeto em grupo você pode experimentar diversas facetas musicais?

Marcelo Segreto – É, pode ser isso. O projeto solo acaba sendo mais comercial, mas isso é meio relativo. Mas de qualquer forma, tem músicas da Filarmônica que também tem uma pegada mais pop mesmo. Pesquei essa parte e transformei para o projeto solo.

RG – Falando agora sobre seu último EP, o “América, América”, eu ouvi e estava prestando atenção na temática das letras. Elas falam da união e da desunião da América Latina como continente e cultura. O que te levou a abordar este tema? Te toca? Você estuda sobre?

Marcelo Segreto – O estímulo principal foi um concurso de composição de 2018, o Hibermúsicas, que eu fui selecionado e é um programa de fomento, que reúne diversos países da América Latina. Eles selecionam um artista de cada país e cada selecionado tem que enviar três canções inéditas para eles. Nessa, eu pensei em fazer o EP por conta disso, e sempre me intrigou em como a gente tem países vizinhos tão incríveis e não olhamos para eles. Sempre temos aquele primeiro olhar primeiro para a Europa e Estados Unidos.

RG – Pensando em um próximo trabalho solo, qual tema você poderia abordar?

Marcelo Segreto – Meu próximo trabalho é um disco de 13 músicas que pretendo gravar no começo do ano. São canções de amor e vai se chamar “De canção em canção”, e todas as faixas são de amor. O álbum começa em português, ganha pedaços em inglês até chegar na música central do disco que é toda em inglês, e depois volta entrando em português e termina na nossa língua.

RG – Uma coisa que eu achei relevante é que, no seu último EP, você acaba falando de política. Cita Marielle, o presidente Jair Bolsonaro. Como é que você enxerga o papel da cultura e da arte sobre o contexto político?

Marcelo Segreto – Eu acho que não é algo obrigatório de se abordar em todos os trabalhos. Cada artista tem sua vontade e desejo de incluir questões políticas. Se você olhar para o passado, na década de 1940, também tinha essa questão. As poesias precisavam ser engajadas, as pessoas precisavam ter opiniões. Na década de 60 também, com a MPB engajada. Cada artista tem seu jeito de fazer e expressar suas opiniões.

RG – Olhando para os primeiros passos do seu projeto solo, você acha que fez algo diferente do que você fazia em grupo? Ou é parecido?

Marcelo Segreto – Eu acho que é um pouco parecido, sim. Como eu que faço os arranjos dos dois projetos, acaba ficando um pouco parecido. Claro que tem diferença, mas é meio similar. Acho que meu trabalho do ano que vem virá ainda mais pop, nem sei se pop é a palavra correta para isso. O EP de estreia é mais homogêneo, uniforme, tem essa pegada folk em todas as faixas.

RG – Pensando em um contexto geral, com seus trabalhos em grupo e o solo, onde você quer chegar com a sua música?

Marcelo Segreto – Quero chegar nas pessoas. Tem uma coisa de você se emocionar com música, por isso começamos a tocar e cantar. Você gosta tanto daquilo e vai curtindo compartilhar com os outros. A música é do ser humano. O importante é se emocionar com ela. Quero levar e compartilhar com as outras pessoas as minhas emoções, para também emocionar elas.

Veja abaixo o clipe da faixa “1492”, do EP “América, América”, de Marcelo Segreto

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