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Murilo Henare, 24 anos, costuma dizer que chegou à internet quando era tudo mato. Começou a gerar conteúdo por hobby e foi acompanhando a evolução das redes sociais [desde a era das comunidades no Orkut] sem ganhar um tostão no início – cerca de uma década atrás. Tendo movimentado R$ 15 milhões no último ano, com conteúdos engraçados e engajados em perfis como @migaSuaLoca e @babados, ele está à frente da Banca Digital. A agência, especializada em marketing de influência [parte da Mynd, da qual é sócio], gerencia 25 perfis no Instagram e no TikTok – em sua maioria, de notícias, humor e gossip.
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Juntos, somam mais de 100 milhões de seguidores, 1 bilhão de impressões semanais e os números só crescem: um reflexo da pandemia em que as pessoas passam mais tempo conectadas, buscando alegria e diversão. “Quando a galera entender esse mindset (de cooperação), que eles [os influenciadores] têm que se unir e se ajudar, fazer campanhas mais sutis, entregar com mais amor, o job [jargão publicitário para definir trabalho por projeto] só tem a fluir”, diz ele, cujas ações em massa nos perfis que está à frente faz com que as pessoas tenham a impressão de que está todo na internet falando sobre o mesmo tema. Para isso, é preciso estar atento e saber filtrar!
Henare largou a faculdade de Publicidade para se dedicar à Banca, ao inglês – que quer virar fluente – e dedica-se, como investidor-anjo, a novos perfis com potencial para viralizar. “Minha mentalidade de empreendedorismo se expandiu muito e tem me aberto outras frentes de negócios”. Dia desses, foi questionado se pararia de trabalhar se acumulasse uma fortuna de R$ 30 milhões. “Claro que não. Ia trabalhar para dobrar e triplicar esse dinheiro. Trabalho porque gosto, dinheiro está sendo consequência.” Ele também ajuda artistas da música e desenvolve novas estratégias de marketing de influência.
Cria da era da superinformação, esse taurino de 11 de maio passa horas com o celular como extensão do próprio corpo. Mas tem horas que precisa de um detox, não? “Procuro meditar antes de dormir, tenho uma ansiedade que trato, tenho TDAH (distúrbio déficit de atenção), falo horrores… Tem hora que dou uma bugada, falo que preciso tirar um day off, mas é super fake news. Vou para um lugar legal, mas sempre com um celular na mão.” Ele não se importa em estar superconectado. Aposta que esses perfis têm um propósito e, enquanto puder agregar, ajudar e impactar as pessoas de uma forma positiva, vai deslizando pelo feed em busca de novidades.
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CHAVE DO SUCESSO
A mudança de chave aconteceu em 2017, quando todos esses perfis se encontraram pela primeira vez ao vivo, na gravação de um projeto audiovisual da Naiara Azevedo, no Rio de Janeiro. Com o sucesso de engajamento, vieram outros convites para festas de aniversário, gravação de DVD, shows – tudo em permuta. “Existia um preconceito até. Lembro que quando a gente chegava, tinham outros artistas. E alguns debochavam: chegaram as páginas, né?”. Ele revela que muitos artistas que são cancelados pela patrulha da internet adoram. “Porque está na boca do povo, todo mundo falando”, explica.
GANHA-GANHA
Antes de Henare, esses perfis se viam como concorrentes, apesar de amigos na vida pessoal. Ele foi responsável por introduzir essa política de ganha-ganha. Os primeiros “publis”eram de pequenas lojas ou comércios locais, mas a grande procura foi dos artistas por entenderem o poder que eles tinham para engajar músicas e as redes. “Quando as páginas de humor e entretenimento estão falando deles, o engajamento quintuplica. Tem gente que paga para ficar na boca do povo. Quando isso acontece de forma orgânica, é muito melhor.” Para o conteúdo ser bom e engajado, o influencer precisa trazer àquilo para sua realidade, seu lifestyle. Assim, a publicidade entra em sintonia.
RESPEITO
Para comandar toda essa galera, grupos de Whatsapp são uma jornada sem fim – com nomes do tipo “Fadas da Criatividade”, com desdobramentos para entusiasmo ou job. “A gente criou um negócio novo e eles [clientes] contam com a nossa expertise. Toda a equipe é formada por pessoas que dão opinião sobre viral e orgânico. Grandes clientes e pessoas muito influentes param para ouvir o que temos para falar e confiam. Sempre dá certo”, diz ele, que temeu ver o projeto ir por água abaixo quando o Instagram, em 2018, tirou do ar diferentes páginas por falta de créditos em publicações e fotos ou uso indevido de imagem.
TRAJETÓRIA
Henare começou a trabalhar aos 13 anos, fritando hambúrguer na lanchonete do primo, na zona leste de São Paulo. Ainda na escola, como menor aprendiz, trabalhou nas Lojas Marisa [marca que ainda quer fazer um projeto pelo fator emocional] e, em seguida, nos Correios – tempo que lhe foi oferecido um curso de empreendedorismo, que compartilhava o tempo já criando conteúdo para a internet.
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