Laroc Club completa 5 anos e ganha documentário: “Humanizar a jornada”, diz sócio
Laroc Club, um dos principais clubs de música eletrônica do País, completa 5 anos em 2020 e prepara documentário | Foto: Gui Urban (@GuiUrban)/Divulgação/Laroc Club
O Laroc Club, localizado em Valinhos, interior de São Paulo, não recebe festas desde março, quando os eventos foram cancelados por conta da pandemia. Mas ainda sim, tem motivos para comemorar este ano: o sunset club completa 5 anos em 2020.
Para celebrar este momento importante, a casa prepara para estrear em novembro deste ano um documentário que contará um pouco da trajetória do club até os dias de hoje, em que é considerado uma das “mecas” da música eletrônica no Brasil.
“A ideia é trazer um pouco desta ótica que o público geral não vê tanto: do backstage, do que acontece por trás da cena e fazer uma retrospectiva do que foi o nosso caminho até aqui. Humanizar um pouco mais esta jornada, falando um pouco da trajetória do público, ouvindo os artistas e como eles enxergam o club”, disse Fauze Abdouch, um dos sócios-fundadores, em papo exclusivo ao RG.
Ainda sem nome definido, o documentário será dividido em episódios e lançado no YouTube oficial do club. Aos fãs, as cenas usadas no produto audiovisual serão, principalmente, da última edição do Ame Laroc Festival, que aconteceu no Carnaval de 2020 e reuniu mais de 20 mil pessoas e 17 atrações internacionais no sunset club.
“Casa lotada, a cereja do bolo para este projeto. Como o Carnaval teve 3 dias, foi muito rico, tínhamos pessoas do Brasil inteiro”, dispara o sócio, que trabalha com produção de eventos há 13 anos. Para Laroc, o deslocamento de milhares de pessoas para o eixo Campinas-Valinhos, durante o Carnaval, é uma tendência existente e que deve aumentar ainda mais. “Isso já começou a acontecer fortemente na segunda edição e tende só a aumentar. Recebemos pessoas de quase todos os estados do Brasil”, completou.
Veja abaixo o papo na íntegra com Fauze Abdouch, um dos sócios da Laroc Club.
1 / 3laroc-1500-1Foto: Gui Urban (@GuiUrban)/Divulgação/Laroc Club
2 / 3laroc-1500-6Foto: Gui Urban (@GuiUrban)/Divulgação/Laroc Club
3 / 3laroc-1500-5Foto: Gui Urban (@GuiUrban)/Divulgação/Laroc Club
RG – Antes de falarmos do momento atual, eu queria te perguntar informações gerais suas e da Laroc. Como você foi parar aí?
Fauze Abdouch – Eu sou um dos sócios que fundaram a Laroc Club, em 2015, e eu administro a parte de comunicação, marketing e vendas. Cuido da parte dos tickets, relacionamentos e parcerias.
RG – E você já consumia música eletrônica? Era do seu dia a dia?
Fauze Abdouch – Era muito presente, já. Trabalho com eventos há muitos anos, acho que 13-14 anos mais ou menos. Não necessariamente com música eletrônica, já produzi diversos tipos de eventos, mas sempre fui consumidor assíduo de outros clubs, como Sirena, Pacha. Ia também em grandes festivais, como o Skol Beats Festival. Sempre frequentei muito. Quando surgiu a ideia do projeto, já trabalhava aqui na região com produção e eventos. Montamos um time grande societário lá no início para começar, de fato, o projeto. Foi nesse momento que minha caminhada se cruzou mais fortemente com a música eletrônica.
RG – Como é que você enxerga o amadurecimento da Laroc neste cinco anos de existência, sendo fundada em 2015 e vivendo até agora?
Fauze Abdouch – Eu enxergo com bons olhos. A gente começou com um sonho. Toda vez que você sonha, você não mensura os riscos que você está fazendo. O início da nossa trajetória foi bem inconsistente: tínhamos noites muito fortes e noites não tão fortes e que, para um club daquele tamanho e magnitude, é complicado financeiramente falando. Ao longo do tempo, conseguimos entender mais a identidade que a Laroc ia ter porque, assim, mesmo que você projete algo como ele, é o público que te ajuda a ver como o barco vai tocar. É ele que está lá no dia a dia que vai te ajudar a ditar a regra, do que ele gosta, do que ele não gosta, do que é legal. O Laroc é muito mais maduro agora do que ele era há 5 anos. Já sabemos o que o público gosta, o que os artistas gostam, o que faz a galera ir e isso é meio caminho para construir um cenário ideal para um evento. Isso é um grande ponto. Laroc é um grande ser vivo que vem amadurecendo e crescendo ao longo dos anos.
Foto: Gui Urban (@GuiUrban)/Divulgação/Laroc Club
RG – E a Laroc vai ganhar um documentário em comemoração aos cinco anos do club, né? Queria saber um pouco de detalhes, como vai ser o lançamento, se já tem um nome para o documentário.
Fauze Abdouch – A ideia é trazer um pouco desta ótica que o público geral não vê tanto: do backstage, do que acontece por trás da cena e fazer uma retrospectiva do que foi o nosso caminho até aqui. Humanizar um pouco mais esta jornada, falando um pouco da trajetória do público, ouvindo os artistas e como eles enxergam o club. Mostrar este lado da produção em si que tem diversas pessoas por trás. O cara que vai na Laroc tem que saber que tem todo um time ali para fazer acontecer: um time que mexe com iluminação, um time do som. É bacana dar voz para todo mundo.
RG – Já temos datas de lançamento ou nome do documentário?
Fauze Abdouch – Nome do documentário ainda não temos. Estamos finalizando a edição. Acreditamos que devemos lançar agora no início de novembro. Vai sair no YouTube dividido em episódios, mas ainda não definimos quantos serão ao todo.
RG – As imagens são do último ano, dos últimos 6 meses antes da pandemia? Como foi isso?
Fauze Abdouch – A gente tem um acervo muito grande de imagens, desde quando a gente inaugurou o club. Temos muitas imagens boas, captações de qualidade que fizemos, principalmente, no Carnaval que foi quando performamos muito bem e a coisa estava bem aquecida. Casa lotada, a cereja do bolo para este projeto. Como o Carnaval teve 3 dias, foi muito rico, tínhamos pessoas do Brasil inteiro.
Foto: Gui Urban (@GuiUrban)/Divulgação/Laroc Club
RG – Ia perguntar justamente do Carnaval. Vocês fizeram o Ame Laroc Festival pelo segundo ano consecutivo, né?
Fauze Abdouch – Sim! No primeiro ano, a gente teve pouco tempo de divulgação e construção do projeto. Isso acabou fazendo com que algumas coisas passassem e acabou que algumas coisas “passaram”. Nós, internamente mesmo, queríamos dar um toque mais especial neste evento e conseguimos isso em 2020, na segunda edição. Trouxemos uma experiência melhor para o festival, tínhamos mais de 17 atrações internacionais, um line-up bem robusto tanto que o público tinha que se decidir para onde deveria ir (no Ame ou no Laroc). Foi bem legal, assim, um baita de um salto.
RG – E você enxerga uma perspectiva de crescimento ainda maior deste projeto e da mentalidade de que o interior de São Paulo é uma opção válida e boa para passar o Carnaval?
Fauze Abdouch – Isso já começou a acontecer fortemente na segunda edição e tende só a aumentar. Recebemos pessoas de quase todos os estados do Brasil entre as mais de 20 mil pessoas que estiveram no Ame Laroc Festival.
RG – E como vocês estão com a expectativa de reabertura da Laroc e de uma terceira edição do festival de Carnaval de vocês?
Fauze Abdouch – O Carnaval em si é uma dúvida, né? Porque o Estado de São Paulo não tem certeza de data, de quando isso vai acontecer. Isso implica muito em termo de planejamento porque, quando a gente fala de atrações internacionais, deve ser levado em questão o dólar. A princípio, o Ame Laroc Festival está aguardando definições de feriados, porque não necessariamente precisamos fazer no Carnaval do ano que vem. Depende muito do que vai acontecer por aqui.
RG – E como vocês, empresários, sentiram a pandemia com os bloqueios dos eventos?
Fauze Abdouch – Por aqui, passamos por alguns momentos (acho que como todo mundo). O primeiro foi de negação, de que tudo isso iria durar muito pouco. O segundo foi o de aceitação, no sentido de que começamos a entender que o nosso setor talvez seja o último a voltar a funcionar 100%. E, hoje, o que vivemos é que a economia criativa inteira está com um clima de tristeza, sem muita perspectiva e insegurança em relação aos próximos passos, sem muita segurança com as medidas adotadas pelos governos, que não enxergam nosso setor como primordial, mesmo ele gerando empregos, renda, turismo e muito mais. Mas vamos seguindo e esperando novidades.