A Casa Triângulo apresenta “A Fábrica do Corpo Humano”, segunda exposição individual de Nino Cais na galeria. A mostra acontece de 5 de novembro a 19 de dezembro, das 11h às 18h.
SIGA O RG NO INSTAGRAM
Com o título da mostra fazendo alusão ao pioneiro atlas de anatomia “De Humani Corporis Fabrica”, publicado em 1543 pelo médico belga Andreas Vesalius, a mostra reúne um conjunto de colagens e intervenções feitas em páginas de livros, objetos e fotografias, aliadas a uma instalação composta por um alambrado e um volume de camisas. Produzidas a partir de um tema recorrente na produção do artista, o corpo como matriz de tudo que existe no mundo, a mostra explora as relações entre corpo e espaço.
“Se o corpo em algum momento informa à construção do espaço também a arquitetura conforma e restringe o corpo” através desse pensamento, Cais evidencia tal complexidade relacional em sua produção, colocando o corpo como ponto originário e de referência a tudo que o contorna. Seja quando o artista se registra em suas fotografias, relacionando-se com objetos cotidianos, ou até mesmo quando se apoia em imagens canônicas, Cais questiona a intermediação dos objetos com o corpo e o mundo.
Buscando um referencial originário e explorando os limites do corpo dentro de outros, a exemplo da instalação apresentada na mostra, onde há um combate entre os limites da grade e os limites da fisicalidade do corpo, aqui representados pelas camisas, Cais questiona moldes e símbolos, criando o vazio a partir do que seria central.
Utilizando-se de cortes, cisões, tinta, manchas, rasgos, num processo de revelar desvãos entre as experiências subjetivas e as narrativas oficiais, o artista estabelece uma relação próxima da materialidade do papel no encontro com o universo advindo do conhecimento formal.
Com a premissa de entender o corpo como molde que dá origem a objetos e espaços, o artista trabalha, por meio das obras apresentadas, o desenvolvimento deste questionamento. Viaja entre o passado e o presente nestas recombinações e, por meio de uma observação minuciosa, transcreve outras possíveis relações, recupera a sua investigação têxtil, processo por ele utilizado no início de suas pesquisas artísticas na faculdade e que está fortemente relacionada a sua própria história e pesquisa, para apresentá-las em um contexto mais consolidado e maduro.
Cais investiga e produz outras páginas da história a partir da versão já contada e conhecida, indaga os limites entre o físico e o abstrato, entre o corpo e o mundo onde este habita.