A banda Belle & Sebastian lançou vídeos com o áudio de versões tocadas ao vivo de suas músicas mais clássicas, “The Boy With The Arab Strap”, em uma edição especial com quase 8 minutos gravada em Glasgow, e o clipe de “My Wandering Days Are Over”.
Todo os álbuns gravados ao vivo são de alguma maneira uma cápsula do tempo, mas “What To Look For In Summer” é talvez um pouco mais evocativo do que o planejado.
“Nós fomos atormentados por nossos fãs para liberarmos gravações de nossos shows,” brinca o vocalista Stuart Murdoch. Então começaram a gravar sua turnê de 2019, incluindo os três sets do festival Boaty Weekender, que aconteceu em um cruzeiro. Qual dessas coisas parece mais uma fantasia fora do alcance no momento, simplesmente assistir música ao vivo, um festival ou um cruzeiro?
Qualquer que seja sua resposta, “What To Look For In Summer” te leva para esse lugar. A Covid-19 não apenas cancelou os shows ao vivo de 2020, mas também os planos de Belle & Sebastian de gravar um novo álbum em Los Angeles, o que começou apenas como algo a ser lançado entre os álbuns, acabou recebendo ainda mais carinho e atenção.
“Foi algo que pudemos focar,” diz Stevie Jackson. “Isso foi muito, muito bom.” “Foi muito bom poder fazer isso quando nós não podíamos nos encontrar,” continuou Sarah Martin.
Quando Murdoch perguntou aos fãs de Belle & Sebastian no Twitter, a maioria disse que seus live LPs favoritos eram de um show apenas. A banda decidiu que escolher as melhores gravações de diversos shows era o melhor caminho, tendo como inspirações os álbuns ao vivo “Yessongs” da banda Yes e “Live and Dangerous” de Thin Lizzy.
“Por um tempo, o título rascunho do álbum era ‘Live and Meticulous’,” diz Murdoch. “A gravadora queria muito que o nome fosse ‘Live and Meticulous’. Mas eu não gosto muito de coisas derivadas.”
“What To Look For In Summer” traz o som da banda que está sempre avançando, uma imagem de Belle & Sebastian em 2019 que equilibra os primeiros anos da banda (“My Wandering Days Are Over,” “Seeing Other People”) com os mais recentes (“Poor Boy,” “We Were Beautiful”), em uma seleção de faixas que Murdoch diz ser quase aleatória. “I’m a Cuckoo,” #2 no setlist da banda não chegou a entrar no álbum. Mas nele tem três músicas do álbum de 2000 “Fold Your Hands Child”,” You Walk Like” a “Peasant” (que a banda tocou por completo no Boaty Weekender).
Você também pode ver a imagem de um grupo que cresceu por meio das músicas de Murdoch, mas que tem mais três compositores por trás; Jackson, Martin e guitarrista Bobby Kildea (os créditos são compartilhados pela a banda completa). Martin, em especial, cresceu muito como compositor e vocalista ao longo da última década – “I Didn’t See It Coming,” com o incrível refrão “make me dance/I want to surrender” (“me faça dançar/Eu quero desistir”) é sempre um destaque, assim como quando ela canta “Little Lou, Ugly Jack, Prophet John,” cantada originalmente por Norah Jones no álbum Write About Love, de 2010. “É sempre um momento especial quando ela sobe no palco e entra nessa música,” diz Murdoch.
Os shows de Belle & Sebastian nas últimas duas décadas trazem um alto nível de musicalidade e um pouco de uma sensação de um show de variedades. Em certo ponto no próprio álbum, Murdoch questiona o porquê de a banda ter parado com a tradição de alguém trazer cocktails para o palco no meio do show.
“É como a sensação de convidar seus amigos para jantar em casa, e você quer que tudo esteja certo,” ele diz. “Não importa o quão tristes sejam suas músicas – talvez os fãs tenham aprendido a amá-las no quarto ou cozinha – quando você toca um show, é algo diferente. Você quer que todos se sintam bem.”
Isso é ainda mais verdade ao final de cada show. “The Boy With The Arab Strap” é como “Born To Run” e “Dancing in the Dark” da banda, mas elevado a outro nível, já que fãs são convidados a subir no palco para dançarem junto. Uma experiência única para quem participa, um pequeno pesadelo para a produção, mas no final muito divertido para todos. Jackson às vezes tem que se espremer entre todos para conseguir chegar no microfone a tempo de cantar, enquanto Martin tem uma visão de perto de pessoas cercando Murdoch, e de vez em quando até cantando no microfone. “Eu gosto um pouco quando as pessoas ultrapassam os limites,” Martin admite. “Mas não comigo!”
Murdoch nunca se cansa de tocar essa música, “eu realmente fico esperando a hora”, diz. “Se o show está indo muito bem, é um caminho natural a seguir. E se ele estiver indo ok – talvez seja um domingo a noite e todos estão cansados, ou sentados – é uma forma ótima de finalizar.”
Ele nunca se cansa se tocar, simples assim. “Fazer turnê com a banda é algo que eu nunca imaginei que faríamos. É uma experiência única na vida. Uma das melhores que já tive em toda minha vida.”