Foto: Divulgação
Inaugurada no dia 12 de março, no Sesc Sorocaba, a primeira exposição individual do Estudio Guto Requena, intitulada “Entre bits, átomos e afetos“, teve sua programação suspensa em poucos dias após a abertura em função da pandemia mundial de Covid-19. Agora, a partir de 27 de outubro, a mostra reabre ao público, com projetos emblemáticos e premiados e também com uma obra de arte interativa inédita. Com um tom de retrospectiva, a exposição tem curadoria do próprio estudio e explora a tecnologia como recurso para aproximar pessoas e gerar empatia.
Precursor em um campo até então inabitado no design brasileiro, o arquiteto e designer Guto Requena é um investigador da tecnologia, empatia e afetividade. Constantes em sua trajetória, os temas o tornaram reconhecido e premiado por projetos sensíveis traduzidos pela complexidade de softwares.
“Movido por uma incessante curiosidade e disponibilidade para o novo, Guto Requena decifra a complexidade do mundo atual e a traduz em seus projetos”, comenta Adélia Borges, crítica convidada para escrever o texto expográfico. Para ela, o arquiteto tem uma destreza para estabelecer vínculos entre objeto e público. “Ao dar forma a memórias, sensações e sentimentos em seus projetos, Guto favorece a interação com o usuário e incentiva ciclos de vida longa – um contraponto à descartabilidade dos dias atuais”, completa Adélia.
Foto: Reprodução/Instagram/@gutorequena
Os projetos que integram a mostra são aqueles mais emblemáticos na carreira do Estudio Guto Requena, entre peças de design e instalações. Uma delas, a cadeira Noize, que tem como referência as formas da icônica cadeira Girafa, da ítalo-brasileira Lina Bo Bardi. “A Girafa é a minha peça de design preferida e, a partir de seu desenho, concebi uma versão digital feita por impressão 3D com interferências estéticas extraídas de ruídos urbanos captados no centro de São Paulo”, conta Requena.
Um experimento de design, ciência e tecnologia deu origem ao LOVE PROJECT, que transforma emoções captadas em objetos do cotidiano. As histórias de amor, de caráter íntimo e pessoal, são extraídas por meio de sensores e os dados coletados dão forma às peças de design. O conceito de sustentabilidade afetiva é o mote do projeto, que insere o público final no processo de criação e desmistifica o uso de tecnologias numéricas.
Emoções e empatia originaram também a coleção de vasos de cristal “Era uma vez“, criada a partir de um registro de fábulas contadas pela avó de Requena durante sua infância. As peças são resultado da interpretação dos arquivos de áudio e, suas curvas, marcam o drama narrativo dos contos.
Entre as instalações que integram a exposição, destaca-se “Estímulos Emocionais”, obra imersiva inédita que convida os visitantes a se conectarem uns com os outros, buscando estimular a empatia. Com a ajuda de sensores de frequência cardíaca e de ondas cerebrais, os dados de biofeedback emocional dos participantes são coletados e projetados em uma mesa redonda. Dessa forma, o projeto oferece uma arquitetura performativa ativada em tempo real, que provoca reflexões sobre a qualidade das nossas conexões, trocas e afetos com as pessoas e a cidade que habitamos.
Também será remontada para a exposição a obra “Empatias Mapeadas“, outra instalação imersiva interativa do Estudio Guto Requena, com produção e montagem da GTM Cenografia, anteriormente apresentada na inauguração do Sesc Paulista, em São Paulo. “Pesquisando definições sobre empatia, li: ‘Empatia é sentir com o coração do outro’. Na minha busca sobre como mesclar novas tecnologias digitais a emoções surgiu o desejo de criar uma obra imersiva que convidasse as pessoas a se desconectarem, e por alguns instantes, se conectarem ao outro, ao visitante desconhecido sentado ao lado”, finaliza Requena.