A viagem da banana pelo mundo e sua presença no Brasil, por meio de esculturas, aquarelas e pinturas sobre tela, madeira e ferramentas usadas no manejo dos bananais, compõem a exposição “B de Bananal”, de Marinilda Boulay. Assim como a fruta protagonista do projeto, a artista plástica de estética naïf exibe toda a sua versatilidade, com a alegria e simplicidade das cores e traços, para propor uma reflexão sobre a preservação do meio ambiente. A mostra compreende ainda obras de mais de 50 artistas convidados, nacionais e internacionais, fotografias e vídeos, intervenção em um bananal, instalação no Museu Municipal de Socorro (SP) e visitação virtual pelo site totemcultural.org.br/expo.
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“Esse conjunto busca sua inspiração na viagem da bananeira pelo planeta e sua presença no Brasil, mais especificamente na Ilha do Bananal (Tocantins), onde, segundo a mitologia dos índios Javaés, ela originou para o mundo. Paralelamente, colocamos a banana como símbolo da conscientização da importância de desenvolvermos ações que busquem a preservação do meio ambiente e das comunidades indígenas”, diz Marinilda.
Com realização do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, e apoio do município de Socorro e do ITC (Instituto Totem Cultural) – o qual a artista preside, “B de Bananal” foi criada durante a pandemia do novo coronavírus e lançada com a chegada da Primavera, no dia 22 de setembro, simultaneamente no Museu Municipal e no site totemcultural.org.br/expo.
Premiada pelo ProAC (Programa de Ação Cultural), a exposição de Marinilda é composta por esculturas em cerâmica, aquarelas, pinturas sobre tela, madeira e ferramentas de trabalho usadas nas plantações de banana, como pás, enxadas e ganchos. Além de fotografias e vídeos, com narração de contação de história pela própria artista e visita guiada de suas obras (https://totemcultural.org.br/expo/b-de-bananal/marinilda-boulay/) e dos artistas convidados (https://totemcultural.org.br/expo/b-de-bananal/artistas-convidados/).
Há também obras de mais de 50 artistas, a maioria de estética naïf, de vários cantos do Brasil como Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Tocantins, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Paraíba, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, entre outros, e da Europa (Bélgica e França), impressas sobre cetim e exibidas no Museu, numa instalação circular concebida por Marinilda.
Presencialmente, além do Museu, “B de Bananal” teve uma intervenção em um bananal, no sítio orgânico onde a artista reside e que abriga seu ateliê com uma vista de 360 graus para as montanhas entre São Paulo e Minas Gerais. A galeria viva teve como proposta levar cultura para os moradores e vizinhos da zona rural, que vivenciaram a biodiversidade que habita um bananal, nos cinco sentidos: cores, cheiros, texturas, sons e gosto das bananas maduras.
“A exposição mostra a necessidade urgente de sermos agentes de mudanças ambientais, buscando a sustentabilidade, produzindo e consumindo a produção local, parando de queimar, e de derrubar florestas ancestrais, andando mais de bicicleta, plantando muitas árvores por nós mesmos ou, então, se não temos onde plantar, apoiando as associações que plantam. Assim poderemos ajudar o planeta a se recuperar do aquecimento global e evitar novas pandemias”, diz Marinilda.
Foto: Bruno Boulay/Divulgação
Para o produtor cultural do projeto e marido da artista, o francês Bruno Boulay, as pandemias estão diretamente ligadas com o aquecimento do planeta. “Há emissões de gás carbônico pelas queimadas das florestas, mudanças na nossa biodiversidade, com os animais perdendo seus habitats naturais e indo em direção às cidades, e pelas indústrias e nossos meios de transporte, nossos hábitos alimentares. Este ano é o mais crucial ponto de inflexão da história da humanidade e a exposição foi criada para propor mudanças nas atitudes das pessoas e na sua relação com a natureza”, afirma Bruno, que também participa com fotos analógicas.
Marinilda ressalta também a presença constante da banana nas artes visuais brasileiras e pelo mundo afora. “Desde as obras de Debret, no século XIX retratando as vendedoras de folhas de bananeiras, até Tarsila do Amaral, Lasar Segall, Antonio Henrique Amaral, o artista performático mineiro Paulo Nazareth, o italiano Maurizio Cattelan ou ainda a artista americana Deana Lawson”, diz.
SERVIÇO
Exposição “B de Bananal”
Data/local: até 14 de novembro, no Museu Municipal de Socorro/SP – Rua Antônio Leopoldino, 185 – Centro.
Horário: terça-feira a sábado, das 9h às 17h.
Online: totemcultural.org.br/expo.