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“Sidney Magal não guarda rancores, mágoas ou arrependimentos”, diz Joana Mariani, diretora de documentário

Magal em cena do documentário, que estreia no festival de Cinema de Gramado (Foto: Divulgação)

O documentário “Me Chama que Eu Vou” , sobre Sidney Magal – que completou 70 anos em junho – estreia nesta quarta-feira (23.09), dentro da programação do Festival de Cinema de Gramado. A exibição acontece às 20h30 e passa também no Canal Brasil. O filme aborda quem é o criador e criatura, o homem por trás do fenômeno, que foi do brega ao cool em diferentes tempos da história cultural brasileira.

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“A generosidade com a qual ele abriu a casa, a família e a vida pessoal dele para nós, surpreendeu”, conta a diretora Joana Mariani em entrevista ao RG. “Ele não guarda rancores, mágoas ou arrependimentos. Tira o aprendizado de tudo o que viveu. E também acho muito interessante um artista que já foi ídolo como ele ter priorizado equilibrar a balança entre o lado profissional e o pessoal, nunca abrindo mão do tempo com a família.”

Há 22 anos, o cantor mora em Camaçari,na Bahia, ao lado da família. No longa de 70 minutos, as efemérides e conquistas do astro, sua história de amor com Magali West, que já dura 41 anos, e o grau de parentesco com Vinicius de Moraes. Leia a íntegra da conversa:

Qual foi a história mais engraçada que descobriu ao fazer a pesquisa sobre o cantor?
Magal é um grande contador de história. E tem uma vida repleta de bons causos. A história que não me canso de ouvir, que está no documentário e vai ser a linha narrativa principal da ficção que estamos produzindo, é como ele conheceu Magali, sua esposa há mais de 40 anos e mãe dos seus três filhos. É uma daquelas histórias de amor à primeira vista que achamos que só acontece em filmes. Aliás, essa é uma frase que usamos muito nas reuniões de roteiro do longa metragem de ficção. “A diferença entre a realidade e a ficção é que a ficção tem que fazer sentido.” Outra curiosidade que me surpreendeu foi descobrir que ele é parente de Vinicius de Moraes, e que quando foi pedir a ele uma composição, foi aconselhado pelo primo a usar o seu tipo físico e “se jogar para a galera”.

Você teve acesso ilimitado a ele?
Sim. Magal é muito intenso em tudo o que decide fazer, e foi assim com o documentário também. Combinamos que, para conseguir filmar o Sidney Magalhães, eu precisaria de tempo junto a ele e a família, em um ambiente onde ele estivesse relaxado e confortável. Todas as filmagens foram feitas na casa dele, passamos duas temporadas de uma semana indo lá, diariamente. Além da equipe de pesquisa, que passou mais de um mês digitalizando todo o material impresso que ele tem guardado em casa.

Ao lado da diretora Joana Mariani em meio às gravações (Foto: Divulgação)

Houve alguma história que precisou ficar de fora e adoraria ter contado mais?
Acho que conseguimos passar por todas as histórias que consideramos importantes, mas claro que em um filme, não foi possível nos aprofundar em tudo. Eu adoro a relação dele com a mãe – que deixou de cantar quando se casou e voltou anos mais tarde, como “Sonia Magal”. Passamos rápido pelos anos que ele viveu na Itália, e que são muito importantes para a formação artística dele. Mas acho que, de maneira geral, temos um bom passeio pela carreira dele.

Qual imagem você tinha do Magal antes e depois de finalizar o filme?
Eu já tinha alguma proximidade com ele e com a família, nos conhecemos durante as filmagens do clipe de “Tenho”, em 2007, do qual fui diretora assistente, e nunca mais perdemos contato. Acho que parte da razão pela qual decidi dirigir este filme foi exatamente conhecer tão bem o Sidney Magalhães, e saber que ele é tão interessante quanto o Sidney Magal. Mas ainda assim, a generosidade com a qual ele abriu a casa, a família e a vida pessoal dele para nós, surpreendeu.

Qual mensagem você quer que as pessoas saibam ao assistir ao filme?
Acho que “Me Chama que eu Vou” cai bem para os tempos que estamos vivendo, porque é um filme leve, charmoso, divertido, nostálgico. E o olhar do Magal para o mundo e para tudo o que viveu é um olhar que me interessa. Ele não guarda rancores, mágoas ou arrependimentos. Tira o aprendizado de tudo o que viveu. E também acho muito interessante um artista que já foi ídolo como ele ter priorizado equilibrar a balança entre o lado profissional e o pessoal, nunca abrindo mão do tempo com a família.

Que legado o Magal e o filme representam/deixam para a cultura brasileira?
Lá se vão mais de 50 anos de carreira desse artista que já foi brega e hoje é cool, já foi Amante Latino e hoje é o avô da Madalena. O que queríamos com esse doc era mostrar o lado A e o lado B, o Magal e o Magalhães.


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