“Prezo por imagens que tirem sorrisos”, diz Harley Alves, videomaker “queridinho” dos famosos
Harley Alves já filmou famosos como Pedro Scooby, Manu Gavassi e muitos outros. (Foto: Divulgação)
“Eu sempre quero e prezo por uma imagem que gere sorrisos e que as pessoas vejam sorrindo”. É assim que Harley Alves, videomaker “queridinho” dos famosos, relata sua experiência à frente de inúmeras séries e campanhas publicitárias. Entre a longa lista, o último trabalho foi ao lado do amigo Pedro Scooby.
“O Fantástico Mundo de Scooby”, no YouTube, estreou no começo deste ano e mostra a intimidade do surfista enquanto viaja ao lado do videomaker por praias da Europa e dos Estados Unidos.
Em uma caminhada que desembocará em 26 episódios ao final da temporada, os dois embarcaram juntos e sozinhos nesta empreitada em que Harley conta – em papo exclusivo ao RG – que deu um pouco de medo no início.
“Produzi tudo sozinho, foram 26 episódios que tem em média 10 minutos cada. O YouTube não passou nenhum briefing. Eu tinha ampla abertura criativa. Cheguei um pouco assustado, pensando: ‘Caraca, tenho que fazer 26 episódios. Do quê?’, mas deu tudo certo”, concluiu.
Depois de anos tendo seu perfil sobre surfe no Instagram, o brasiliense de 24 anos acabou caindo na carreira de videomaker e produtor de uma forma sem querer: foi curtindo o tema e o assunto que foi contratado para diversas campanhas. Para ele, seu diferencial sempre foi buscar transmitir seu próprio olhar no vídeo, arrancando sorrisos dos espectadores.
“Todos os meus trabalhos eu busquei colocar as pessoas dentro do vídeo, criar uma intimidade com ela – mesmo que ainda não tivesse”, afirmou Harley, contando também que trilha sonora é uma das maiores armas para ele, dentro de uma produção audiovisual.
“Faz toda a diferença. Às vezes, você deixa só uma imagem pura e coloca uma trilha e a pessoa já começa a imaginar a situação”, conta ele, detalhando como lida com o processo de escolha da sonoplastia dos vídeos.
Veja na íntegra o papo com Harley Alves, que já filmou com Manu Gavassi, Caio Castro, Lucas Lucco, Leo Picon e muitos outros.
1 / 4Harley AlvesFoto: Divulgação
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RG – Você produziu uma série com o Pedro Scooby, né? Me conta um pouco como foi todo o processo de gravação, onde rolaram.
Harley Alves – Gravamos em outubro do ano passado e foi um projeto bem legal. A minha vida começou no surfe pela internet, eu tinha um perfil no Instagram sobre esse tema e chegou até a ser o maior de surfe no Brasil e no mundo. Acabei mudando os rumos pra tocar a minha vida. Mas quando surgiu a proposta do YouTube de gravar uma série sobre surfe com o Scooby – que é um grande amigo meu, eu pirei e achei muito incrível a ideia. Produzi tudo sozinho, foram 26 episódios que tem em média 10 minutos cada, fomos em vários países da Europa e para os Estados Unidos, o Havaí. Foi todo um processo de criar do zero. O YouTube não passou nenhum briefing. Eu tinha ampla abertura criativa. Cheguei um pouco assustado, pensando: ‘Caraca, tenho que fazer 26 episódios. Do quê?’. Mas deu tudo certo. Depois do primeiro, tudo caminhou. Acho ele o mais importante inclusive, sabe? Ele direciona todos os demais, a visão do Scooby, minha visão como produtor de conteúdo. Quando fiz o primeiro, montei o escopo dos demais e percebi qual caminho seguir. Depois dele, eu também consegui pegar o jeito de como gravar. Começávamos a gravar logo de manhã e, ao longo dos dias, fui percebendo que não precisava ficar com a câmera ligada o dia todo. Fui balanceando gravar de manhã, de tarde, coisas do tipo. No decorrer da série, fui amadurecendo minha maneira de gravar e editar. O tempo inteiro eu mantive minha organização em relação ao material que captamos. Mesmo chegando cansado do dia todo, eu parava e já descarregava todos os meus cartões e colocava na ilha de edição. Fica bem melhor na hora de editar, colocando tudo na pré-edição. Eu brinco com o Scooby que ele é meio “minha planta”. A vida dele tava passando e eu ia gravar, criar.
RG – E a viagem toda foi só você e ele?
Harley Alves – Na verdade, assim, formalizado era só eu e ele, mas a gente acabava agregando pessoas durante o processo. Começou só eu e ele e depois veio o Nick, que é um surfista que eu sempre admirei. Viver todo esse processo foi um sonho. Fiz tudo com muito amor e prazer porque eu estava realizando um sonho por amar o esporte.
RG – E você acha que, a exemplo do Scooby, por você já ser amigo dele, isso ajudou ou atrapalhou na hora de captar as imagens?
Harley Alves – Acho que não atrapalha não. Sempre, antes de eu ser muito amigo de vários artistas, é muito importante que você tenha uma certa leveza na hora de gravar porque, se você só ligar a câmera profissional lá na frente da pessoa, ela mesma pode fazer isso sozinha. Colocar um tripé e pode até se soltar mais que com você. Mas, agora, se você tomar atitude de trazer ela para o vídeo, de mostrar para ela que é um trabalho que precisa dos dois, acho que funciona mais. Eu nunca fui o melhor em edição de vídeo, nem em filmagem, mas o que eu faço, muitos não fazem. Dentro de todo o processo, de todas as áreas da vida, ninguém nunca vai ser você. Por isso que penso que tem mercado para todo mundo. Sempre trouxe as pessoas para dentro do vídeo. Meu primeiro trabalho com video foi com a RedBull, que foi um Carnaval de influenciadores que viajamos pelo Brasil todo. Quando eles me contrataram, eu não tinha muita propriedade de filmar e editar. Eu simplesmente tinha uma noção. O grande diferencial foi porque eu vivi o tempo inteiro com os caras ali, eu tava lá o tempo inteiro dentro da parada e, quando eu menos esperava, saia um vídeo incrível. E assim foi no decorrer de todas as campanhas. E foi fluindo! Todos os meus trabalhos em busquei colocar as pessoas dentro do vídeo, criar uma intimidade com ela – mesmo que eu ainda não tivesse. Crio uma intimidade enquanto filmo, para que ela se sinta a vontade e perceba que é uma situação normal. Desenvolve muito mais, tanto pra quem está na frente ou atrás das câmeras. Se os dois tiverem falando a mesma língua, perfeito!
RG – Você contou que acabou caindo no mundo de videomaker meio sem querer, né? Como que você acha que conseguiu construir uma linguagem sua, bem própria, para diferenciar seu trabalho do que está sendo feito por aí?
Harley Alves – Como eu te falei, eu prezo muito pelo sorriso. Por todos esses anos gravando, eu sempre quero e prezo por uma imagem que gere sorrisos e que as pessoas vejam sorrindo. Antes eu achava que precisava de muitas imagens para fazer algo dinâmico e tudo mais. Hoje em dia, eu já sou a favor de take único. Tem muitas horas que um take só já me deixa satisfeito e já sei o que eu preciso. Com o Scooby rolou isso. Quando eu percebia que eu tinha dado boas risadas com ele, que eu já tinha voado um drone, feito imagens cinematográficas, eu parava de gravar para que eu não tivesse um excesso de material para editar. Essa é minha visão. Tenho amigos que gravam e gravam sem parar. Se você realmente parar para ver meus vídeos, em todos eles, eu sou a primeira pessoa. Essa é a minha linguagem: eu sempre sou a primeira pessoa. Eu não faço com que a imagem seja apenas uma imagem sem visão, sem imaginar que tem um câmera ali. Nos meus vídeos não rola isso. Todos têm a minha visão porque eu vivo o vídeo.
RG – E como é a sua relação com a trilha sonora dos seus vídeos? São músicas que você gosta ou são demandas dos clientes?
Harley Alves – Isso é muito legal. Antes de trabalhar com surfe e com vídeos, eu sempre sonhei em trabalhar com música. Nitidamente, a voz não me ajudou, mas eu sempre gostei muito de música. Então, quando eu comecei a trabalhar com edição de vídeo, eu já comecei a mexer direto na parte de sonoplastia, que são os efeitos, as sonoras, a música, a trilha. E eu acabei me descobrindo! Muitas vezes, eu passo mais tempo trabalhando com os sons do que com as imagens. No decorrer da minha carreira, eu percebi algumas coisas que fazem um vídeo bombar e, uma delas, é usar músicas conhecidas para dar um up maneiro. Hoje em dia, não rola mais músicas famosas por conta do copyright. Então, eu parti para usar trilhas brancas e eu tenho muitos canais de música que ninguém faz ideia que existem e trabalho com elas porque, a partir daquele momento, as pessoas se questionam da autoria da música. Sempre recebo essas perguntas assim que posto o vídeo e fica a dúvida até alguém ter aqueles aplicativos de reconhecimento de som, tipo o Shazam. Foi uma parada que eu me descobri. Foi sem querer, mas foi demais. É algo incrível para mim. Cada vez mais eu invisto em saber mais sobre esse assunto.
RG – Para você, então, a trilha de um vídeo é mais importante que as imagens?
Harley Alves – Demais, faz toda a diferença. Às vezes, você deixa só uma imagem pura e você coloca trilha e a pessoa começa a imaginar a situação. Não só trilha, mas também sons e sonoras. Uma imagem linda do mar e aquele barulho de mar maravilhoso e as pessoas automaticamente começam a sentir em vídeo. Sou apaixonado por sonoplastia.