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Leonardo Mendes apresenta “Nó na Garganta”, uma parceria com seu irmão João Mendes e Mestre Sapopemba

Capa: Vânia Medeiros

Cria de Santo Amaro da Purificação, cidade do Recôncavo Baiano, Leonardo Mendes acaba de divulgar “Nó na Garganta”.

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Composto em parceria com João Mendes e Mestre Sapobemba, o single abre caminhos para o primeiro disco autoral do cantor que, como instrumentista, já circulou ao lado do pai Roberto Mendes e, entre outros nomes, Nando Reis, Gal Costa, Margareth Menezes, Virginia Rodrigues, Tiganá Santana e Mariene de Castro.

Carregada de simbologias e forças transcendentais, a canção tem tom impactante e, ao mesmo tempo, a leveza de uma prece. Na sonoridade, as lembranças do couro, ar, ferro e cordas. Como ponto de partida principal, as claves afro brasileiras. O candomblé, maculelê e samba de roda.

“Esse registro levanta questões extremamente importantes e que estão sendo discutidas ao redor do mundo, mas, na minha opinião, boa parte delas já deveriam estar resolvidas. Parecem anacrônicas as notícias que vemos. Mas é hoje, agora, a cada instante. Conseguem entender? Acho que vale destacar, também, que o momento politico foi o principal fio condutor desse trabalho. Quando vi o país dividido e os movimentos de extrema direita crescendo, bateu o desespero. Tudo de mais terrível estava sendo amplificado: o racismo, o genocídio nas favelas, a homofobia, a discriminação religiosa, o fascismo, o feminicídio. Aquele nó na garganta veio e, dele, nasceu esse grito”, diz.

Um grito perfeitamente descrito nos versos “justiça, meu pai, justiça / Justiça, meu pai Xangô / Aqui o reverencio / Kaôkabi ê silê Axé kaô”.

Sobre a parte que lhe coube nessa letra, João Mendes acrescenta: “Caminhava pela Federação e dois pensamentos me acompanhavam ladeira acima: Dandara no carrinho de mão, a tristeza causada pelo seu assassinato e pela existência dos seus assassinos. Como estávamos perto do Carnaval, a cidade já se preparava para viver aquela catarse. Eu estava pensando na turma do isopor, na correria, catar latinha, segurar a corda dos blocos de barão, dormir no chão… Como é doido, doído e simbólico o Carnaval de Salvador, deixando tudo às claras e só não vê quem não quer, né? Eis que na ladeira do Campo Santo, surge minha personagem inspiração: uma mulher, mãe, negra, prenha, um filho pendurado nas costas abraçado ao seu pescoço”, completa.

Do começo ao fim, “Nó na Garganta” é resistência, luta e fé no amanhã.

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