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6 filmes brasileiros para assistir agora; dicas de Gabriel Carvalho

“Bacurau”, do diretor Kleber Mendonça Filho, está entre as dicas de filmes de Gabriel (Foto: Divulgação)

Por Gabriel Carvalho*

A quarentena pode ser uma boa oportunidade para explorar o audiovisual feito no Brasil. O diretor coreano Bong Joon-Ho, vencedor do Oscar pelo filme “Parasita”, citou Glauber Rocha como sua grande influência e nos trouxe um questionamento: será que conhecemos bem as obras do nosso cinema?

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Séries espanholas em demasia, filmes americanos aos montes, produções turcas e tantas obras argentinas. A globalização permite com que a gente consuma arte de todos os cantos do mundo e isso é incrível. Enxergar como o cinema é feito ao redor do mundo nos permite ir além e conhecer narrativas locais que, anteriormente, pareciam distantes. Nessa salada de frutas audiovisual, fica o questionamento: onde entra a arte brasileira nisso tudo?

Vivemos um momento de pandemia global, onde temos percebido que a cultura vem salvando vidas e ajudando demais na saúde mental das pessoas. Estamos realmente enxergando o valor que ela tem em nossas vidas, pois muitas das vezes tem sido nossa principal companhia nesta quarentena. Se, felizmente, observamos cada vez mais jovens consumindo Alceu Valença, Milton Nascimento, Novos Baianos (descanse em paz Moraes Moreira), entre outros arquitetos da nossa música, ainda não vemos o mesmo movimento acontecer em relação à Sétima Arte.

Foi necessário o diretor sul-coreano, Bong Joon-Ho, vencedor do Oscar com “Parasita”, citar Glauber Rocha, para que nosso povo pesquisasse sobre a filmografia do cineasta brasileiro e se recorde que a gente faz cinema de qualidade desde sempre.

O que trazemos aqui é um convite para conhecer nosso cinema muito além dos filmes que acabam chegando aos principais cinemas do País – como as comédias mainstream de Ingrid Guimarães, Paulo Gustavo e Leandro Hassum. Para isso, separei seis dicas de filmes brasileiros que fazem a minha cabeça e mostram profundidades cinematográfica e fotográfica da nossa Arte:

1) PIXOTE, A LEI DO MAIS FRACO (1980)
Para muitos, ‘Pixote’ vem a ser o pai de ‘Cidade de Deus’. Um clássico de Hector Babenco, é possível perceber muita influência de Pixote em filmes que vieram depois e que retratam o mundo das drogas e do crime.

2) ORFEU (1999)
Baseado na peça “Orfeu da Conceição”, de Vinícius de Moraes, o filme retrata a lenda grega de Orfeu e Eurídice, inserindo-a no contexto moderno do Rio de Janeiro durante o Carnaval. Destaque pra trilha sonora de Caetano Veloso.

3) Madame Satã (2002)
Obra-prima da cultura marginal e boêmia do Rio de Janeiro do século XX. Madame Satã foi um dos personagens mais folclóricos da cultura popular carioca e merece toda nossa atenção. Lázaro Ramos em uma atuação perfeita!

4) Ó PAÍ Ó (2007)
Filme indicado para apaixonados por Salvador, axé e baianidades em geral. Embora seja uma comédia, o filme toca bastante no contraste social e na violência soteropolitana. Trilha sonora recheada de música boa e leve.

5) TATUAGEM (2013)
Uma obra-prima do nosso cinema e pouco explorada. Dois mundos distintos numa Recife sob Ditadura Militar. Irandhir Santos e Jesuíta Barbosa em um romance impossível e brasileiro. Vale a pena assistir!

6) BACURAU (2019)
Filme de maior frenesi nacional nos últimos anos, retrata o Brasil de sempre de uma maneira única. É pra ver, rever, debater com amigos e ler críticas e análises.

Observação: poderíamos fazer uma lista só com filmes de Glauber Rocha. Mas nosso top 3 de indicações glauberianas ficaria com: ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’, ‘Terra em Transe’ e ‘O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro’.

“Deus e o Diabo na Terra do Sol” (Foto: Agência Brasil)

Prepare a pipoca e bom filme!

*Gabriel Carvalho é nascido e criado no Rio de Janeiro, um carioca nato. Com passagens por grandes marcas de moda e gastronomia, atualmente trabalha no mercado de entretenimento e é Diretor da Mangueira.

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