Chromatica: Lady Gaga aposta em hinos de libertação e dançantes com ode aos anos 80 e 90
Novo álbum de Lady Gaga lança nesta sexta (29.05) | Foto: Divulgação
Por André Aloi
A era “Chromatica” (Universal Music) chega aos fãs de Lady Gaga somente à meia-noite desta sexta-feira (29.05) quando ela lança seu sexto álbum de estúdio. Mas RG já ouviu o disco novo, que conta com parcerias de Ariana Grande, o grupo sul-coreano BLACKPINK e Elton John. São 13 faixas, acompanhados de três interlúdios, que dão respiro ao excesso de músicas para dançar.
Depois de se embrenhar pelo Country (“Joanne”, 2016) e pelo cinema (“A Star is Born”, de 2018, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Canção Original), ela quer voltar às raízes do Pop. Será que é a salvação do ritmo? Mas Gaga peca pelo excesso de faixas com vocação às pistas de dança. Ela invoca uma aura oitentista e noventista aos novos sons, com um álbum robusto. Abaixo, um faixa a faixa dessa nova era de Lady Gaga, mais rosa e lilás (como mostram os clipes), tecnológica e cromática.
1 / 3Lady Gaga em foto da nova era “Chromarica”Foto: Norbert Schoerner/Divulgação
2 / 3Lady Gaga e Ariana GrandeFoto: Brandon Bowen/Divulgação
3 / 3Capa do álbum que lança nesta sexta (29.05) em todas as plataformasFoto: Divulgação
01. Chromatica 1
Introdução / Interlúdio, que lembra trilha sonora de filme.
02. Alice
A cantora entra em uma busca pela terra perdida de Alice com aura oitentista, mas upgrade para as pistas de dança dos anos 2020 (assim que a pandemia de Covid-19 permitir, por favor). A faixa que, por vezes traz a voz distorcida por um liquidificador sonoro, é uma batida uptempo com onomatopeia digna de “Bad Romance”. Vai pegar!
03. Stupid Love
Primeiro single da nova era, já tinha mostrado a que veio. Gaga tinha deixado de lado a fase country e de romance, como “Shallow”, do filme “A Star is Born”, para voltar ao epicentro do Pop. A música lançada em março havia sido ameaçada por um vazamento em janeiro último. Mas os little monsters não deixaram barato e curtiram com Gaga a nova fase cheia de sintetizadores.
04. Rain on Me (feat. Ariana Grande)
Na última semana, a cantora mostrou que no futuro ainda chove. O hino libertador do feat. com Ariana Grande permite que a gente consiga vislumbrar algum momento de euforia e alegria com choro de cordas e, com eles, a vontade incessante de pular (ou de voar em uma nova galáxia, como elas cantam na faixa?).
05. Free Woman
Os teclados que abrem a faixa já entregam que você não vai ficar parado. Quando o refrão vem, já está entregue à emoção, que canta sobre liberdade feminina. A protagonista luta por aquilo que acredita, não se importa em narrar seus desejos. Ela só quer ser a rainha da pista da vizinhança, da pista de dança e – de quebra – dar uns beijos na boca.
06. Fun Tonight
Com vocais potentes, Gaga faz menção à sua fase “The Fame” (álbum de estreia, em 2008), que eternizou hinos como “Paparazzi”. Ela narra sobre estar em um relacionamento à beira do fim e que, naquela noite, não está mais curtindo. “Talvez seja hora de dar tchau”, canta. Mais uma vez, acordes potentes mas que, dessa vez, flertam com os anos 1990.
07. Chromatica
Interlúdio que evoca música clássica e trilhas sonoras de cinema, com violinos e violoncelos
08. 911
A batida bate-estaca parece ter sido reinventada, mas ainda assim remete ao som da Eurodisco, era musical que ganhou popularidade na década de 1970, na Europa. O título remete ao telefone de emergência dos Estados Unidos, mas parece ter sido criada para agradar além-mar. A letra faz menção a um remédio que Gaga toma para controlar seus pensamentos: parece que está com o “paraíso em suas mãos” quando o toma, diz a letra.
09. Plastic Doll
Em meio a sintetizadores e batidas marcantes, a cantora diz que – apesar dos cabelos loiros e lábios-cereja – quer um cara de verdade para não dançar mais sozinha. Pede para não jogar com seus sentimentos, já que não é uma boneca de plástico. Novamente, ela brinca com as palavras de forma repetida, fórmula que a ajudou no começo da carreira.
10. Sour Candy (com Blackpink)
Para tentar se renovar, Gaga foi buscar na Coreia do Sul buscar a “acidez”que faltava para essa parceria, com o aclamado grupo de k-pop BLACKPINK. A música parece ser prima de “Swish Swish” (de Katy Perry), contando – em tom confessional – que a pessoa é casca grossa, mas dado o tempo, vai se mostrando por dentro. Importante: sem medo de se apaixonar.
11. Enigma
Gaga explora os anos 90 com saxofone e batidinhas com viradinhas para balançar a cabeça na pista de dança, resquícios do álbum “Erotica”, de Madonna. A faixa que pega emprestado o nome da residência em Las Vegas fala sobre – novamente – liberdade. Noite de quebrar todos os protocolos para ser o que quiser até o amanhecer.
12. Replay
A introdução obscura anuncia algo na linha de “Stranger Things”, mas logo vem uma atmosfera conhecida dos anos 2000 e lembra da vibe de cantores como Junior Senior e Beck. A segunda virada da música acontece mais para frente, com outra batida – dessa vez um convite para as pistas de dança em uma música que deixa a voz de Gaga mais à mostra e menos processadas. Novamente, brinca com “o monstro” que há dentro da gente.
13. Chromatica 3
Outro interlude, que clama a música clássica.
14. Sine from Above (com Elton John)
Nem ao lado do rocketman, Gaga deu um respiro aos ouvidos. Enfiou mais uma canção com a cara do Verão europeu, onde canta sobre se perder em outra vida.
15. 1000 Doves
A música parece uma menção à história que circulou pela internet, quando Lady Gaga dizia que se tivesse 100 pessoas em uma sala, o Bradley Cooper seria alguém que a apoiaria. E isto bastaria para as coisas darem certo. A história virou meme, pois todas as entrevistas de “A Star is Born” pareciam a mesma. Precisamos dizer que é mais de dance music, ainda que a letra seja mais pra baixo?
16. Babylon
Se todo o novo trabalho de Gaga é pautado pelos anos de 80 e 90, obviamente ela não poderia esquecer das batalhas de passinhos de voguing, que aconteciam nessas décadas. Ela encerra o trabalho com – de forma proposital ou não – entregando inspiração em uma das maiores músicas de Madonna. Se os fãs queriam dançar com suas músicas, a gente só pedia uma só música para chorar as pitangas. Mas ela não “serviu”.