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Michelle Batista fala sobre carreira, violência doméstica e sua personagem Maria Antônia, de “Amor sem Igual”

Foto: Jairo Goldflus

A atriz e youtuber Michelle Batista ficou conhecida pelo grande público por seu papel em “Malhação”, em 2007, da Rede Globo, quando interpretou Clarissa, a irmã gêmea de Clara, sua irmã na vida real, Giselle.  Depois, participou dos seriados “Os Buchas”, exibido em 2009 pelo Multishow, “Clandestinos – O Sonho Começou”, em 2010, “Aline”, em 2011, e “Louco por Elas”, em 2012, e “Saramandaia”, em 2013, da Rede Globo.

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Habituada a participar de seriados, Michelle teve como marco em sua carreira a personagem Magali, uma das três protagonistas da produção brasileira “O Negócio”, da HBO. Já em sua terceira temporada, a série mostra o mundo dos negócios e do mercado de prostituição de luxo.

Além da grande aceitação nacional, a série tem dado um reconhecimento internacional para a atriz graças a seu sucesso em toda a América Latina e, mais recentemente, nos Estados Unidos.

Ela também vive Maria Antônia na novela “Amor sem Igual”, da Rede Record de Televisão. Com um papel polêmico, a personagem de Michelle sofre de bipolaridade, usa as redes sociais para desabafar e, ainda, passou por uma delicada situação de assédio e violência sexual. “Trazer um tema como esse para uma novela, um produto tão popular e tão brasileiro, é importante para incentivar as mulheres a não se calarem”, diz.

Formada em artes cênicas e jornalismo, Michelle ainda mantém um canal no YouTube onde atua ao lado de sua irmã gêmea, Giselle. Leia a seguir o papo que atriz bateu com RG.

Foto: Jairo Goldflus

Como você tem se virado na quarentena? Está difícil? Como é sua rotina?

Reconheço que este é um momento de mudanças para o mundo, e sou grata por poder me resguardar em casa e não passar nenhum tipo de necessidade. Agradeço todos os dias por isso. Eu tenho tentado manter o mínimo de rotina para estar com a mente sã. E nesse momento de isolamento social vejo a importância de cuidar do nosso corpo e da mente. Tenho feito mais yoga do que exercícios mais pesados, tenho lido, cozinhado, visto muitos filmes e séries. E também fazendo muito Facetime com os amigos.

Como a arte pode ajudar as pessoas neste período?

Poderíamos, neste momento, fazer a seguinte pergunta: como seria a quarenta sem arte? Perceberemos, então, a importância das músicas, dos filmes, dos livros, dos artistas. Vivemos um período político em que a arte, assim como a ciência, tem sido subjugada. E justamente nesse momento de isolamento social e pandemia a ciência e as artes têm um papel crucial na nossa existência e na nossa sanidade. Que a gente saia desse momento difícil modificados e mais atentos ao que realmente importa.

Sabemos que durante a quarentena os casos de violência doméstica aumentaram, como você avalia isso levando em conta sua personagem Maria Antônia, que passa por um caso de assédio e violência sexual?

O combate à violência doméstica está entre os serviços essenciais, dos quais não podemos abrir mão. E mesmo em tempos de pandemia esse tipo de caso deve ser denunciado e apurado. Trazer um tema como esse para uma novela, um produto tão popular e tão brasileiro, é importante para incentivar as mulheres a não se calarem. Assim como muitas personagens da vida real a Maria Antônia não teve coragem de denunciar o abusador, e se a novela puder incentivar as mulheres a fazer diferente e buscarem os seus direitos, fico feliz. Assim como, e principalmente, educar os homens a não tratarem mulheres como propriedade. Desde já e sempre nosso discurso deve ser em prol de jamais aceitar que vejam como normal as violências, sejam físicas ou psicológicas.

Como feminista, como você se coloca diante de situações com essas?

Infelizmente a violência doméstica é a realidade de muitas mulheres, e isso tem bastante a ver com o machismo estrutural deste País. A curto prazo acho que esse tipo de violência precisa de punição exemplar, precisa de espaço na mídia e voz para que novos casos não se repitam. E a longo prazo, acho que isso é muito necessário, precisamos, sim, rever a nossa cultura machista que legitima e passa pano nesse tipo de atitude. Educar as novas gerações para que homens não tomem mulheres como objeto ou propriedade. Essa mudança de consciência tem de ser coletiva, homens e mulheres se reeducando e educando os próximos de uma maneira mais igualitária.

Como você construiu sua personagem Maria Antônia? E como se preparou para interpretar uma bipolar?

A gente fez um trabalho bem intenso com o núcleo da nossa família para descobrir a relação entre eles e as suas individualidades. Acho que essa interação do nosso elenco traz muita realidade às cenas e certamente tem sido bem importante no nosso trabalho. E sobre a bipolaridade, eu li livros, vi série sobre o assunto e busquei muita inspiração na vida mesmo, nas pessoas que eu conheço ou conheci, nos relatos de amigos etc. Acho que um ator tem que sempre estar atento ao que acontece à sua volta, ser um bom observador ajuda muito.

Foto: Jairo Goldflus

Fale sobre seu canal no YouTube, o GiMi, como surgiu a ideia e como é trabalhar com sua irmã gêmea? 

Eu e Giselle sempre prezamos em manter uma distância saudável nas nossas carreiras de atriz. Ela tem a carreira dela, eu tenho a minha, e a gente se encontra em alguns trabalhos pontualmente. Mas a gente ama trabalhar e estar juntas, e achamos no Youtube o lugar perfeito para fazermos isso sem medo. As pessoas sempre viam os nossos Stories juntas, seja cozinhando, papeando, ou fazendo qualquer coisa do cotidiano, e gostavam e pediam mais. Daí veio a ideia do canal GiMi.

Qual o objetivo do canal? 

O objetivo do canal é manter um diálogo direto com quem acompanha o nosso trabalho, ou se identifica com a gente. É um espaço de muita liberdade e troca. A internet é um campo perfeito pra isso. Temos total autonomia de fazer o que tivermos vontade, sem precisar de regras e rótulos. Se um dia eu quiser fazer uma entrevista, ótimo. Se no outro eu quiser compartilhar uma receita, ótimo também. E se eu quiser amanhã posso recitar uma poesia. Essa liberdade é incrível.

Foto: Jairo Goldflus

Como é sua rotina de beleza? 

Eu adoro rotinas de beleza e auto cuidado. Amo passar creminhos, testar coisas novas e trocar dicas com as amigas. Não faço isso por me sentir obrigada, tenho real prazer nessas coisas. Para mim o mais importante na rotina de beleza é limpar e hidratar a pele. Eu jamais durmo maquiada. Não importa a hora que eu chegue de uma festa eu sempre limpo o rosto e hidrato antes de dormir.

Tem mantido durante a quarentena?

Sim. Na quarentena tenho aproveitado para testar coisas novas e, claro, seguir o que já é habitual: usar meus cremes, limpeza de rosto, passar filtro e, também, fazer máscaras.

 Você é ligada em moda, que grifes curte ou estilo que gosta de se vestir?

Eu adoro moda, acho que a maneira que a gente se apresenta diz muito sobre nós e nossas emoções. Gosto de coisas mais modernas e com personalidade. Misturas de estilos, de estampas. Me visto de acordo com o mood do dia.

 

Créditos
Fotos: Jairo Goldflus.
Make: Rafael Guapiano.
Stylist: Tica Bertani.

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