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Bruno Ferrari foca na família durante quarentena e critica governo: “Trouxe confusão e insegurança”

Foto: Divulgação/Vinícius Mochizuki

O ator Bruno Ferrari, de 38, está no elenco de “Salve-se Quem Puder”, novela das faixa as 19 horas escrita por Daniel Ortiz, vivendo Rafael Maia. Com a interrupção das gravações da trama por conta da pandemia do coronavírus, Ferrari está se dedicando ainda mais para sua família.

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“Tenho passado muito tempo com o meu filho. Ele tem apenas 3 anos e ainda não entende direito o que está acontecendo. Sente vontade de sair, tem saudade dos amigos, dos avós… Mas temos tentado entretê-lo da melhor forma possível”, contou o ator em um papo exclusivo ao RG.

Bruno Ferrarri está desde 2012 com a atriz Paloma Duarte, com quem teve seu primeiro filho, Antonio. Com toda essa mudança brusca e forçada, o casal diz que eles que tiveram que se adaptar à rotina do pequeno. “Toni acorda e dorme cedo. Acredito que isso seja mais saudável. Sendo assim, automaticamente, acabamos dormindo mais cedo também. Nós nos adaptamos a ele, não ele a nós. Ele é a prioridade”, completa.

Reconhecendo o privilégio que tem de estar em casa neste momento, o ator que nasceu no interior de São Paulo ressalta que é necessário se ter informações de qualidade neste momento e não se mostra positivo quanto ao papel que o governo brasileiro tem desempenhado a frente no combate ao coronavírus.

“O Bolsonaro está causando um mal sem precedentes para o nosso país. As pessoas não sabem mais em quem acreditar porque ele mesmo contradiz sua própria equipe e apoiadores. O nosso governo trouxe confusão e insegurança em um momento onde ele deveria trazer apoio e empatia”, afirma.

Fora isso, o ator também comentou sobre as peculiaridades de Rafael, seu personagem em “Salve-se Quem Puder”, e suas similaridades pessoais. Veja o papo na íntegra.

Foto: Divulgação/Vinícius Mochizuki

RG – Como tem sido essa rotina? Como tem se sentido em relação a esse momento?

Bruno Ferrari – Assim como todo mundo, tenho dias mais tranquilos, outros mais difíceis. Tenho falado muito mais com os meus pais, com amigos, pessoas que amo. Também tenho total consciência do privilégio de poder estar em casa e seguro. Não tenho o direito de reclamar.

O que tem feito para ocupar esse tempo, uma vez que – caso a novela não tivesse parado – você estaria em um ritmo frenético de gravações?

Tenho passado muito tempo com o meu filho. Ele tem apenas 3 anos e ainda não entende direito o que está acontecendo. Sente vontade de sair, tem saudade dos amigos, dos avós… Mas temos tentado entretê-lo da melhor forma possível. Além disso, ajudo nos afazeres da casa, limpeza, comida, roupas… Não estou parado. Talvez, por isso, não me sinta tão angustiado.

Você tem explorado uma veia cômica com o personagem Rafael. Vocês têm personalidades parecidas ou nada a ver? Pode explicar um pouquinho como é o Bruno em casa? 

Não, somos bem diferentes. O humor do Rafael é involuntário e a graça está no exagero das situações que ele vive, situações essas que, hoje, acho muito plausíveis. Já eu, sou ariano e bem mais intenso. Quem é, sabe do que estou falando. (Risos)

Qual é o maior presente deste personagem? O que tem aprendido com ele? Qual é o maior desafio?

Acho o Rafael um apaixonado e um personagem apaixonante. Ele é um cara do bem que, muitas vezes, se torna ingênuo, que acredita na palavra do outro e se doa. Tenho muito carinho por ele.

Foto: Divulgação/Vinícius Mochizuki

Seu personagem Rafael, em “Salve-se Quem Puder”, parece ter previsto a pandemia do novo coronavírus, pois ele é meio neurótico com limpeza (apesar de o Daniel Ortiz já ter dito que foi pura coincidência). Você já estava habituado à essa rotina de muito álcool gel, luvas, máscaras e tudo desinfetado por conta das gravações?

Foi uma coincidência porque já tínhamos o texto bem antes de começar a gravar. Uma coisa é adotarmos medidas de proteção por empatia e pela necessidade extrema de evitar que a Covid-19 se espalhe ainda mais, outra, como no caso do Rafael, é adotar essas medidas por uma questão de mania ou hipocondria. Apesar da coincidência, a realidade do Rafael é bem diferente da que estamos vivendo no momento. Na verdade, mesmo sem querer, ele acabou me ensinando um pouco a como sobreviver ao que está acontecendo agora.

Aliás, na vida real, você tem alguma neura, como tem o Rafael?

Neura não, mas gosto da minha casa limpa e arrumada. Acho que isso reflete muito no modo como estamos nos tratando e como estamos administrando a nossa vida de um modo geral.

Infelizmente, as gravações da novela tiveram de ser pausadas por conda da pandemia. Mas, qual futuro você acredita que seu personagem terá? Você acredita que haverá o momento de reencontro com Kyra (personagem de Vitória Strada na trama)? Torce para ficarem juntos?

Acho a Kira leve, uma graça. Assim como o Rafael, ela não vê maldade nas pessoas e isso me cativa muito. Gosto da forma como a Vitória vem construindo a personagem. Acho que os dois se completam e são muito parecidos. Adorei fazer a cena em que eles se reencontram “espiritualmente”, mas torço muito pra que esse encontro aconteça de verdade também, nem que seja para ele saber tudo o que aconteceu. Vai doer muito, mas, pelo menos, ele poderá seguir com sua vida depois disso.

Você e o elenco têm se falado? Há encontros virtuais para falar do futuro da novela ou coisas do tipo? 

Falei com o Rafael Cardoso assim que paramos as gravações e participei de uma live com a Vitória logo no começo do isolamento. Acho que ninguém tinha noção da proporção que isso iria tomar. No início, achei que pararíamos por duas semanas, mas, no momento, estou apenas esperando sem ter muita a certeza do que vai acontecer. É tudo muito novo para todos nós. Ninguém sabe ainda quando iremos voltar e como voltar.

Terminando a quarentena, qual vai ser a primeira coisa que vai fazer quando ela acabar?

Não acredito que ela vá acabar tão cedo. Apesar disso, quando acabar, o vírus não vai deixar de existir. Ele continuará circulando e precisaremos manter os mesmos cuidados de higiene que estamos tendo agora. Talvez, em uma proporção ainda maior para que a curva de contágio não volte a crescer novamente. Sinceramente, não sei como será isso, só sei que ainda não me sentirei à vontade de sair abraçando as pessoas na rua. O Bolsonaro está causando um mal sem precedentes para o nosso país. As pessoas não sabem mais em quem acreditar porque ele mesmo contradiz sua própria equipe e apoiadores. O nosso governo trouxe confusão e insegurança em um momento onde ele deveria trazer apoio e empatia. É preciso manter o isolamento social e, ainda assim, saber como ajudar os autônomos, as empresas, os desempregados e as pessoas que mais precisam nesse momento. Todos precisam de ajuda e informação.

Foto: Divulgação/Vinícius Mochizuki

Você tem um filho com a Paloma Duarte, o Antonio de 3 anos. Ela disse recentemente que você nasceu para ser pai. O que mudou na rotina de cuidados com o pequeno? Como vocês se dividem? Ele já entende o que está acontecendo?

Nos revezamos, mas sem regras. Às vezes, a Paloma da banho, eu dou comida, ela brinca, eu ajudo a dormir… Em outras, ele mesmo escolhe. O Toni entende de forma lúdica e não precisa se preocupar com isso. Nos já nos preocupamos por ele.

Paloma disse recentemente, também, que vocês não são muito românticos. Estão mais para práticos. Como é a rotina do casal? No que você e Paloma se complementam e trocam?

Difícil responder essa pergunta porque não existe uma rotina por conta do nosso trabalho. Existe uma rotina para o nosso filho e nos revezamos para mantê-la. O Toni acorda e dorme cedo. Acredito que isso seja mais saudável. Sendo assim, automaticamente, acabamos dormindo mais cedo também. Acho que uma coisa leva a outra. Nós nos adaptamos a ele, não ele a nós. Ele é a prioridade.

Antes da pandemia vivíamos um momento delicado na cultura. Agora, produtores independentes estão sofrendo ainda mais com isso. Qual a importância de aportes financeiros de empresas e do governo para ajudar nesse momento?

Como disse na resposta anterior, independente de serem trabalhadores da cultura ou não, estamos falando de pessoas. Pessoas que tem filhos, pais, mães, que estão passando por necessidades.  É obrigação do governo ajudar a todas as pessoas, principalmente agora. Se não existe uma ajuda emergencial que atenda a todos os interesses, pra que existe governo?

Sei que estamos falando de um futuro incerto ainda. Mas quais seus planos pós-novela? Tem pensado em cinema ou teatro?

Tenho focado muito em séries. Nesses últimos anos, participei de algumas e tive muito prazer em fazê-las. Temos séries incríveis sendo produzidas aqui e exibidas com muita qualidade. O Brasil, assim como acontece com as novelas, pode se tornar um grande exportador da nossa cultura através delas também.

Tem algum outro projeto, que já havia gravado e ainda tem de estrear?

Tem a série “Cinema Café” que será exibida pelo canal Cine Brasil. É uma comédia que fiz com a Paloma no ano passado, mas ainda não sabemos a data de estreia.

Tem alguma coisa que não perguntei e gostaria de falar?

Fiquem em casa, se cuidem e protejam aqueles que trabalham com serviços essenciais e que precisam sair de casa para para dar o suporte que você precisa.

Foto: Divulgação/Vinícius Mochizuki

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