Kylie Minogue quebrou o hiato de 12 anos sem fazer show no Brasil neste sábado (07.03) como headliner do festival GRLS, no Memorial da América Latina, em São Paulo. A cantora australiana entregou o que o público amante de Pop sempre pede: hits, trocas de roupas, passos de dança, gogó e muito carisma. Uma aula de Pop de alguém que conhece bem o estilo e ajudou a pavimentar a cena quando não havia nem internet!
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No entanto, quem se programou para chegar no momento da apresentação, prevista para 20h45, tomou um susto quando ela já estava há quase 10 minutos no palco. Antecederam a australiana: Ludmilla, As Bahias e a Cozinha Mineira, Gaby Amarantos e Linn da Quebrada com Jup do Bairro. Pela manhã, rodas de conversa acerca do Dia Internacional da Mulher foram o foco do line-up composto por poderosas mulheres.
Precursora de uma cena de cantoras que formaram um público (hoje saudoso das pistas de dança), Kylie transformou o festival em boate, relembrando sucessos, como “Can’t Get You Out Of My Head”, “All The Lovers”, “Slow” e – claro – “Loco-motion”, seu primeiro hit, de 1987. Hits que marcaram a cena LGBTQIA+ pelo mundo nas últimas décadas, quando ir à balada era praticamente um culto, no qual divas do Pop, como Madonna, Britney Spears e, mais recentemente, Lady Gaga tinham altar cativo e séquito de súditos fervorosos.
Talvez por isso o público que formava o festival não era composto por maioria mulher. Mas homens mais velhos, que viveram o auge dela na cena queer paulistana e de outros países latinos. Bastava uma ida ao bar (com versões mini de gin tônica por R$ 30 e cerveja a R$ 13) para esquecer que o idioma nativo era português. Fãs latinos se desbancaram de outras partes da América do Sul, uma vez que era o único show de Kylie por essas terras.
O setlist foi alterado por duas vezes a mando do público. Nos momentos de respiro e retomada de fôlego, a plateia começou a cantar “Your Disco Needs” no meio do show e, no bis, “Come Into My World”. Atendido por ela, seja por bateria (na primeira) ou piano (na segunda). Há quem reclame por ela ter deixado hits de fora, como “Red Blooded Woman” (preferida deste jornalista), “I Believe in You” ou “Timebomb”. Mas não é fácil montar uma seleção de number ones que agrade a todos.
Ainda mais quando você é uma artista de mais de 30 anos de estrada, como é o caso dela, em uma hora e meia de apresentação para resumir 12 anos sem pisar em um palco brasileiro. Ela se esforçou e foi da era disco que a fez famosa até a mais recente, country. Tudo isso sem deixar a animação cair por um segundo e, sempre, se preocupando com a reação do público, que cantou a plenos pulmões todas as músicas.
Ouvimos um comentário que diz muito sobre esse show: “Kylie desconhece adjetivos negativos, ela é perfeita”. De fato, é. Perfeccionista, essa geminiana de 51 anos subiu ao palco com uma jaqueta branca com pedras brilhosas formando a palavra Brasil nas costas. Ah, ela não repetiu a promessa – que não cumpriu – como da última vez que se apresentou no Brasil: não prometeu voltar no ano que vem. Mas, com certeza, quem foi ontem ficou com vontade de ver mais. “Pena que a gente tem hora pra acabar aqui”, lamentou Kylie em um dos momentos de conversa com o público, em inglês. Aliás, ela até arriscou alguns “obrigada” em um sotaque carregado. Quem estava lá, sabe que foi uma noite especial e de troca. Não só para a artistas, mas para quem ainda acredita na salvação do Pop.
1 / 3kylie minogue foi headliner do festival grls, em são paulofoto: victor valery
2 / 3kylie minogue foi headliner do festival grls, em são paulofoto: victor valery
3 / 3kylie minogue foi headliner do festival grls, em são paulofoto: victor valery