Top

Cine C terá exibição de 4 curtas-metragens

No próximo dia 4 de março, às 20 horas, no Vol C., em São Paulo, acontece a primeira sessão do projeto Cine C. Os quatro primeiros curtas-metragens foram produzidos pelo Studio MK27. Os filmes, com direção de Gabriel Kogan e Marcio Kogan, em parceria com Clara Figueiredo (“O Ruído do Mar”), Lea van Steen ( “Oh, Lovely Bee!”) e Pedro Kok (“This Was Not My Dream”) inauguram a primeira fase do projeto que terá sessões trimestrais para convidados.

Entre os destaques estão “O Ruído do Mar”, dirigido por Gabriel Kogan e Clara Figueiredo, produzido pelo Studio MK27 que traz como cenário o projeto Casa na Mata. Já “Um Villadrone Metálico”, dirigido por Marcio Kogan, é o primeiro filme no gênero sci-fi do Studio MK27.

Conheça abaixo as sinopses dos curtas-metragens.

“This Was Not My Dream”

Dirigido por Gabriel Kogan e Pedro Kok

“Suzana só pensa na casa, está apaixonada por ela”. O ex-marido de Suzana não consegue deixar de achar que a nova residência – concebida pelos dois – significou o fim do seu casamento. Os olhares ciumentos do ex-marido são dirigidos para ninguém mais além das linhas modernas e retas, “frias, tediosas e sem vida”. Enquanto imagens passeiam pela arquitetura, ele destila seu pavor pela construção e elucubra sobre a nova vida de Suzana desfrutando do lugar. “E onde está Suzana agora?”. Não poderia estar em outro lugar senão na própria casa, onde Suzana transparece seu amor.

“Oh, Lovely Bee!”

Dirigido por Lea van Steen e Marcio Kogan

Uma abelha explora o interior do Micasa Vol C, um pavilhão multiuso para uma loja de móveis em São Paulo, neste filme de arquitetura não convencional do Studio MK27.

Ele mostra uma abelha embarcando em uma jornada fatídica que começa com ela voando pelos céus de São Paulo, antes de descer e entrar no edifício. No interior, ele explora brevemente o espaço, antes de encontrar um desastre.

“Um Villadrone Metálico”

Dirigido por Marcio Kogan

Animação por Carlos Costa

“Era um dia frio e ensolarado de dezembro, e os relógios batiam 13 horas. Estou no hall esperando o elevador. Um garoto gordinho segura um desses lagartos trazidos do planeta Ross. É o último dia do ano e decido tomar o café da manhã num antigo bar. Não aguento mais comer estas comidas impressas 3D. As ruas estão infestadas de ultraviolent nadsat shaikas. Os policiais-robots estão sem revisão há anos. Entro no Café Jimbocho e encontro um vizinho. Ele está mudando o seu villadrone para uma torre perto do parque central. A vida é assim agora, as casas voadoras vão para lugares melhores ou piores conforme suas condições econômicas.

Hoje à noite estaremos num novo século. Voltando para casa, passo por uns seres imigrantes de Trappist-1. São muito inteligentes, mas bem mal-educados para nossos padrões e extremamente desagradáveis, pois cheiram muito mal. Compro de um velho Robot enferrujado um bilhete de loteria. Penso no que poderia fazer com este dinheiro, talvez comprar uma casa de praia na Itália, ou um Robot vintage  do chef Alain Robuchon, ou o último modelo de uma linda replicante Nexus 6, deliciosa e só para mim.

Subo para o meu villadrone neste complexo metabolista de 6500 unidades e decido parar numa das cápsulas médicas localizadas na cobertura. Vou ter que trocar alguns órgãos nos próximos cinco anos. Entro no meu villadrone, tiro o tênis e caio no sofá curvo. Lar doce lar.”

“Ruído do Mar”

Dirigido por Clara Figueiredo e Gabriel Kogan

Um homem de 79 anos retorna à sua casa de praia em busca de respostas para um ruído de mar que o persegue há anos. O filme narra o percurso deste homem pela casa e o encontro com suas angústias e frustrações. A casa é cenário e personagem. Por sua materialidade e características arquitetônicas, este espaço convida o protagonista a transcender o mundo onírico – representado, no filme, pela imagem recalcada de um agradável domingo de sol em família e pelo barulho da concha do mar que retorna como traço de um sintoma. O homem se depara, então, com as consequências de suas escolhas, como a predileção do trabalho em detrimento da família e dos amigos ou das ilusões depositadas no projeto em detrimento do valor de uso da arquitetura. A casa – que aparece também como alegoria da concha do mar – é sintoma e dispositivo de enfrentamento: um refúgio que transforma-se em tormento por nunca ter se realizado enquanto tal; um objeto de adoração que, por sua materialidade e escolhas formais desprovidas de ornamentos, evidencia fantasmagórias e ilusões. O espaço proporciona assim estranhamentos e deslocamentos entre as projeções do protagonista e suas próprias frustrações perante a vida e os usos conferidos à casa. Por meio de um drama psicológico, o filme traz como pano de fundo uma reflexão sobre as próprias contradições da arquitetura moderna e o uso dos espaços.

Cine C – Exibição de curtas-metragens de Gabriel Kogan e Marcio Kogan
Local: R. Estados Unidos, 2109 – Jardim America, São Paulo (próximo ao Metrô Oscar Freire).
20 horas.
Apenas para convidados.

Mais de Cultura