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Thiago Mansur, do JetLag: como o modelo de formação evangélica se tornou um dos maiores DJs do Brasil

Sem dúvida nenhuma, mesmo sem saber, você já deve ter embalado em uma tarde de trânsito com uma música do JetLag tocando nas rádios. Com uma pegada muito comercial e fazendo colaborações com grandes nomes da música, como Anitta e Ana Vilela, o duo de música eletrônica, formado pelos DJs brasileiros Thiago Mansur e Paulo Velloso, é um dos mais expoentes dessa ramo da música atualmente no País.

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Agora em fevereiro, a dupla sairá com um bloco próprio no Carnaval de rua de São Paulo, com um trio elétrico gigantesco e expectativa de público na casa dos milhões. Thiago Mansur, que foi criado dentro de uma Igreja Batista e teve ali seu primeiro contato com a música, modelava até 10 anos atrás por Nova York – sua segunda cidade. Entre um desfile e outro, começou a dar pitacos no que tocaria enquanto desfilava e não parou mais: passou a ser convidado para tocar nas festas pós-semana de moda e o resto da história você já deve imaginar. Não parou mais e nem quer.

Confira abaixo um papo exclusivo do RG com o DJ, que namora há três anos a jurista Gabriela Prioli, que estreará como comentarista de política no canal pago CNN Brasil.

 

O principal gancho pra gente marcar esse papo foi pra saber sobre o último lançamento de vocês – “Floripa”. Como foi a escolha das pessoas que estão na faixa com vocês? Conta um pouco sobre isso!

Essa música é bem especial para gente. O JetLag nasceu em Florianópolis. Eu morava fora em Nova York, e o Paulo morava em Miami e também já trabalhava como DJ. Já éramos amigos de longa data, porque eu estudei com o irmão do Paulinho. Começamos tocar juntos nos Estados Unidos por acaso, em uma festa que fomos contratados pra tocar separadamente. A partir daí, começamos a fazer o projeto e nossa primeira data como JetLag, com agência e tudo, foi em Floripa. Lá faz parte da nossa história. Eu cresci em Blumenau, sou de lá. E a Zoo, umas das vozes da música, ela é da cidade também. Então, tudo isso fez sentido pra gente! Ainda somos residentes de várias baladas e casas lá de Jurerê Internacional, onde começamos. Tocamos sempre no Café de La Musique, na Posh Club. Somos residentes, temos uma quantidade de shows bacanas para eles por lá.

O que você sente que é o seu sonho profissional? O que o JetLag precisa fazer que ainda não fez?

Eu sinto que a gente tem de fazer ainda um show inteiro de músicas autorais. A gente já tem esse conteúdo, conseguiria fazer um show de duas horas com somente músicas nossas, só que o que acontece é que a gente faz muitos eventos de estilos musicais variados, que misturam várias coisas. Então, fazemos um show 60% de músicas autorais, e 40% de remixes de músicas mais conhecidas, pra gente também levar um pouco da sensação do público ouvir o que conhece. Então, nosso sonho é fazer um show só nosso 100% autoral e que esteja totalmente sincronizado com fogos de artifício e efeitos de telão. E também, claro, fazer música com artistas que amamos, como Coldplay, Chaismonkers, Post Malone, Drake. Somos mega fãs.

Eu tava lendo um começo de sua carreira como DJ e li que você modelava em Nova York e acabou se envolvendo com a parte musical dos desfiles que iria participar. Você acha que isso foi destino ou já era pra ser?

Eu fui criado em uma igreja batista e meu primeiro contato com música foi lá. Comecei a tocar bateria na banda da igreja. Na banda gospel e foi onde eu aprendi meu primeiro instrumento, me apaixonei por música. Fui ficando mais velho e tive interesse por outros estilos musicais. Me envolvi cada vez mais com música, já tava morando fora e não tocava mais na igreja por morar fora, não tinha mais aquela frequência assíduo. Nisso, eu fui trabalhar de modelo em Nova York e, como eu já tinha música na minha veia, comecei a falar, a me intrometer com a parte musical dos desfiles que eu fazia. Ajudei alguns grandes como Calvin Klein nos Estados Unidos e fora. Eu sempre dava uns pitacos sobre o que poderia tocar nas grifes que eu tinha mais liberdade, tinha uma relação mais a fundo. Lógico que alguns me ignoravam, mas outros me levavam mais a sério.

Tinha gente que levava de uma boa, tinham outras que ficavam na defensiva. Foi nessa hora que eu aprendi a remixar músicas porque eu juntava coisas que eu achavam que faziam sentido. Comecei a mexer em um programa de produção musical que um amigo DJ me ajudou a mexer. Consegui implacar em uns 2, 3 desfiles. Nessa época, os produtores da marca começaram a sugerir que eu tocasse na festa pós-desfile. Aceitei na cara! Eu ainda não tocava. Eu abaixava um canal de volume e subia o outro e botava cara!

Depois que eu fui vendo que eu já tava com uma carreira de modelo bacana, bem sucedido e começou a me entrar uma grana como DJ, tocando em vários lugares, as boates de NY começaram a me convidar para participar da noite porque tinham me visto na festa de encerramento da semana de moda e tudo mais. Comecei a aceitar os convites, mas também fui me preparando. Estudando como fazia, escolhendo repertório que tocava! Fui indo e o negócio aconteceu.

Se foi sorte ou destino? Eu acho que um misto dos dois. Naquela época que comecei, uns 12 anos atrás, a profissão de DJ não estava tão grande quanto hoje. Temos staff de uma banda de Rock, por exemplo. O JetLag viaja com 9 pessoas. No começo nem imaginei que faria isso por um bom tempo. Foi acontecendo meio que sem querer, meio que naturalmente e eu fui me apaixonando por algo que eu nem sabia o que era direito.

E você comentou que começou o contato com a música quando era pequeno e frequentava uma igreja batista com sua família. Hoje em dia, qual é sua relação com religião? Você ainda frequenta?

Para mim, eu acho que Deus está acima de tudo sempre. Eu sou um cara que amo minha relação com Deus, que hoje em dia, se tornou muito mais particular. Minha fé é inabalável em Deus, mas tive algumas decepções com os homens que representam ele aqui. Acho que a religião são doutrinas que homens levam a frente e acabam deturpando várias coisas que eu não concordo. Hoje eu continuo frequentando a igreja, não tão mais assiduamente como antes, mas sempre que eu acho um espaço na minha agenda eu vou. A minha conexão com Deus é inabalável. Eu tenho isso dentro de mim, independente de religião. O que me incomoda muito é a intolerância com certo tipo de comportamento, de pessoas e hábitos. Essa intolerância com homossexuais, com mulheres divorciadas. Eu não consigo aceitar isso. Não faz sentido e está errado. Isso me incomodou muito e me fez ficar um pouco reticente de ficar dentro de uma estrutura religiosa. Deus toca o meu coração de outra forma: com muito carinho, acolhimento e de estar sempre bem com todo mundo. O amor acima de tudo.

E eu tava dando uma olhada em suas redes sociais e notei que você cuida muito do seu corpo. Como é sua rotina? Você pratica esportes? Malha?

Minha relação com o corpo sempre foi muito natural porque eu sempre fui atleta desde criança. Eu sou faixa preta de jiu-jitsu há muito tempo, se juntar tudo tem uns 24 anos de tatame. Eu sempre tive uma relação muito boa com meu corpo. Lógico que assim, a estética conta muito, mas minha relação com meu corpo é algo mais perene, contínuo. Jiu-jitsu me acompanhou a vida toda, quando eu modelava, quando era criança e até hoje. Assim, agora não tenho mais o tempo de antes, mas ainda faço. 2-3 vezes por semana eu também treino na academia. Eu tento me alimentar bem e não exagerar, manter hábitos constantes durante a semana, como não comer fritura, não tomar refrigerante e conciliar com a malhação. Tem vezes que minha semana está muito cheia e não consigo, mas eu tento muito.

Eu nunca fui de expor muito meu corpo, a estética dele. Até porque minha carreira de modelo, eu fiz muita coisa de moda praia, sem camisa, de sunga. E quando eu entrei no mundo da música, eu quis descolar dessa imagem e focar na música. Agora, recentemente, o pessoal que me ajuda na minha carreira, me deu um toque de leve, falando que pode mostrar de leve e sempre e conciliar as duas coisas. Você pode trabalhar na noite, com festas, e cuidar do corpo, estar bem, estar saudável. E isso também pode trazer parceiros comerciais. Agora, eu entendi que não é nada de negativo ou forçação de barra. Ocasionalmente. Deixo isso fluir e vai que vai. Comecei a enxergar isso de outra maneira.

Como foi o seu Réveillon de 2019 para 2020? Você passou trabalhando?

A gente brinca que nosso Réveillon é nosso décimo terceiro salário. Nessa semana entre Natal e Réveillon, é muito puxado. A gente fez 13 shows em 9 dias. Uma correria danada, mas já estamos acostumados por conta dos anos de carreira. A gente se cuida, come bem, dorme muito antes. Mas foi muito bem legal! Fizemos muitos shows no Nordeste, passamos a virada em Jericoacoara. Bem intenso, mas muito gostoso.

E você tem morado em São Paulo?

Sim. Hoje em dia eu moro entre São Paulo e Nova York. A cada dois meses, eu vou para NY porque eu masterizo as músicas por lá. Lógico, é muito cansativo. Minha base mesmo é SP.

E sua vida pessoal, como anda? Você é casado, né?

Na verdade, eu estou namorando ainda. Tem três anos e pouco que estamos juntos. Ainda não casamos, mas está nos planos. Mas é como se fosse. A Gabi agora vai estrear como apresentadora na CNN Brasil, ao lado do Caio Coppola por lá. Ela está morando comigo. Quando passar esses momentos de transição, vamos casar sim. Porque, agora, ela estará todos os dias ao vivo na TV e essa exposição será uma novidade, ela não está acostumada. Opinando sobre política e assuntos polêmicos. Agora, pensamos que é um momento de nos guardarmos mais, não expor toda a nossa parte da nossa vida. Ela já vai ter que lidar com isso. Vamos segurar um pouquinho, mas estamos muito felizes.

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