Por meio de telas de pinturas realizadas com tinta a óleo, Luiz Escañuela, de 26 anos, impressiona qualquer olhar que cruzar com sua obra de arte hiperrealista. A riqueza de detalhes com a qual retrata partes de corpos, o ser humano e suas relações interpessoais em um modelo de arte representativa, conquista o público. Isso é visível pelo número crescente de seguidores que o jovem artista tem em seu Instagram, que passam de 240 mil.
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Escañuela iniciou sua prática artística ainda criança, por volta dos seis anos de idade. Pintava imagens de coisas que gostava, como personagens de filmes e de desenhos animados que costumava assistir, sempre na companhia da mãe. Aos oito anos recebeu dos pais o primeiro kit de pintura, mas foi durante a adolescência que começou a prática de forma cada vez mais profissional.
Em 2011, entrou para a turma de Design Gráfico da Universidade Belas Artes de São Paulo. Após ter concluído o curso, enquanto ainda trabalhava na área de criação gráfica 3D no mercado de trabalho, continuava se entregando à própria inspiração e criatividade. Com isso ganhou uma bolsa para o curso de Artes da Belas Artes e assim, conseguiu se dedicar totalmente às suas obras.
O artista segue um processo de três passos para suas criações: pesquisa artística; ensaio/esboço; e percepção. Na pesquisa artística busca por conhecimentos obtidos na leitura e escreve os pontos relevantes para ele. No ensaio, usa a imagem da câmera, “é como se câmera fosse um lápis pra mim, e um esboço”, diz. No processo de percepção, usa o auxílio da fotografia para fazer a decupagem e iniciar o trabalho.
Dentre as categorias artísticas existentes no mundo da pintura, Escañuela se define apenas com artista. Confessou não se sentir muito confortável com rótulos como artista de pinturas de tinta a óleo, artista plástico ou artista hiperrealista, e nem com a discussão acadêmica sobre esses títulos. Afirma que “artista deveria ser chamado apenas de artista”
Até então ele sempre retratou corpos, o ser humano e as relações interpessoais, como o toque, a empatia, o amor e o sexo. Porém, a obra na qual está trabalhando, “Carne Viva”, traz traços politizados. A imagem mapeia as áreas onde estão ocorrendo os desmatamentos da Amazônia.
O contorno da floresta com pintura em textura de pele, sangrando, é uma explosão para Escañuela. “Não vou deixar de retratar corpos, eu gosto disso. Mas como artista, não posso ficar indiferente ao momento pelo qual estamos passando em nosso País. É necessário expressar que a natureza está sofrendo agressão. Assim como os brasileiros, de modo geral, estão sofrendo com o aumento da intolerância e do preconceito. Eu sinto isso na pele e minhas pinturas são expressões do que penso e sinto. Daí me veio a inspiração para a obra ‘Carne Viva’”, explica.
Desde 2016, Escañuela participa da SP-Arte, a maior feira de arte contemporânea da América Latina. Suas telas estão em exposição na Luis Maluf Art Gallery, onde inaugurou neste ano a individual “Disrupto” com 12 obras, sob curadoria de Roberto Bertani. Como próximo passo, o artista mira na Bienal de São Paulo.