O desejo de desbravar o continente sul-americano, de conhecer as Constelações Austrais, de se aventurar em uma viagem sozinho e de viver uma experiência de autoconhecimento levou o artista pernambucano Kilian Glasner a percorrer uma jornada de 20 mil km de carro, atravessando cinco países da América do Sul. Desta experiência, nasceram obras inéditas, exibidas a partir de 18 de fevereiro na exposição “Encontros Austrais”, na Galeria Lume.
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O título da mostra alude aos encontros que Glasner teve no decorrer da aventura. Mesmo na condição de viajante solitário, ele se deparou com nativos, andarilhos, pessoas que lhe trouxeram inspiração, que apresentaram novas paisagens e modos de vida.
Com um diário de viagem e câmeras fotográficas, o artista passou cem dias em expedição percorrendo Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Bolívia. “A ideia não era só fotografar, mas viver a experiência. Quando você passa um tempo sozinho, sem falar com ninguém, vê um mundo diferente, é um mergulho no autoconhecimento”, explica.
Glasner eternizou as paisagens por quais passou em mais de 3.000 fotografias. São registros de lugares diversos do continente, do Deserto do Atacama até Mato Grosso do Sul, transformados agora nos 20 desenhos e pinturas que compõem a mostra. Em alguns trabalhos, o artista traz elementos do hiperrealismo, enquanto em outros faz valer técnicas de pinturas mais soltas.
Já no fim da expedição, em Bonito, no Mato Grosso do Sul, Glasner conheceu o Buraco das Araras, uma enorme cratera em arenito, com cerca de 500 metros de circunferência e 100 metros de profundidade, que abriga uma população de mais de 200 araras. A intensa coloração dessas aves, que recebe luz direta do sol em contraponto ao obscurantismo da formação rochosa, deu ao artista uma conexão com as características de sua obra e, também, a sensação de liberdade e um desejo de contemplação. E é o que ele propõe aos visitantes com a instalação “Voo” (2020).
Glasner convida o público a adentrar uma espécie de câmara escura, um ambiente de contemplação, com trilha sonora produzida em parceria com músico e produtor musical Homero Basílio. Lá, estão as araras eternizadas em suas pinturas. “É um espaço que proporciona uma vivência de um ambiente fantástico, como se o visitante estivesse em uma história, um universo onírico”, conclui o artista.