A tipografia sempre foi a principal característica do trabalho do artista plástico Sanches (sobrenome de Rafael, que virou codinome), que abre nesta quarta-feira (29.01) a mostra “Composições”, na Garden Art Gallery, em São Paulo. Nessa nova mostra, ele pesquisou materiais, tridimensionalidades, estéticas e composições (daí o nome). “Representa a materialização de um estudo de 10 anos sobre arquitetura através da arte. Fusão com minha maior identidade”, explica ele.
SIGA O RG NO INSTAGRAM
O artista já teve obras expostas nos EUA, Holanda e Irlanda. E caiu no gosto de celebridades, do naipe de Anitta e Kondzilla e internacionais, como Steve Aoki e Neymar. Mas vê com naturalidade a procura por seus trabalhos. “Vejo muita gente hoje olhando superficialmente para os trabalhos dos artistas ainda em vida. Sempre digo: a didática ainda é a mesma: para conhecer com real profundidade um artista, não basta só olhar, é preciso ler, escutar, refletir, estudar. A internet sempre estará aqui para nos ajudar”, reflete.
Depois da mostra, que abriu para convidados na noite passada, o artista quer férias. A ênfase vem em caixa alta e exclamação, “Foi em 2019 o ano que mais trabalhei na minha vida. Fiquei 24 horas por dia no ateliê evoluindo meu trabalho para masterizar essa nova exposição. Deixei de viver muita coisa por isso, acho que mereço uns dias de férias”, defende-se. Leia a entrevista na íntegra, abaixo.
Quando você descobriu que seu traço tinha um quê autoral, que você via e se reconhecia?
Vem de uma pesquisa de mais de sete anos, buscando e masterizando algo que eu sentisse 100% de autenticidade. A originalidade é meu ponto de paz, talvez essa busca constante tenha me levado a esse ponto.
Você tem obras na casa de pessoas famosas. Quem foi a que mais te surpreendeu ou que você ficou sem palavras, mas na hora teve que fingir que estava tudo bem?
Eu lembro quando a Anitta me mandou mensagem no WhatsApp quatro anos atrás, dias antes de decidir comprar uma obra minha (de 3m x 2m, exposta em sua sala de jogos). O coração veio na boca, mas, no fim das contas, eu sempre lidei bem com isso.
Qual foi a coisa mais “estranha” que você já customizou?
Já recebi muitos pedidos diferentes, para customizar forno elétrico, bola de golfe, entre outras coisas. Mas nunca topei fazer um trabalho que não me identificasse.
Qual mensagem você deixa para outros jovens, que querem começar a fazer ou já estão espalhando seus traços pela cidade?
Rala que rola. Eu abdiquei de muitas coisas para estar onde estou hoje. Aos 23 anos, enquanto meus amigos iam para balada, eu ficava no ateliê evoluindo alguma peça. A arte sempre foi minha primeira paixão, mas nunca teria conseguido viver dela com tranquilidade atualmente se não tivesse trabalhado e estudado o dobro do que normalmente as pessoas fazem.