Expoente da arte contemporânea e reconhecido internacionalmente por sua obra escultórica, o artista britânico Tony Cragg apresenta um representativo conjunto de sua produção na exposição “Espécies Raras”, em cartaz até 2 de março, no MuBE – Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia. A Dan Galeria, que representa Tony Cragg no Brasil, é responsável pela vinda do artista e organização da itinerância da mostra em museus do país.
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Esta exposição enfatiza a produção realizada a partir dos anos 2000, mas traz ainda peças emblemáticas feitas nas décadas de 1980 e 1990. São 43 esculturas e cerca de 70 desenhos provenientes da coleção do próprio artista e que permitem ao público uma imersão no processo criativo de Cragg.
“A produção de Cragg revela uma relação íntima entre os materiais escolhidos e a aparência final de cada peça, mesmo que algumas cores fortes talvez nos iludam”, reflete Cauê Alves, curador-chefe do MuBE. “Ao lado de desenhos, campo do exercício do pensamento, as obras tridimensionais do artista ganham uma história, como se pudéssemos ver as linhas e os planos que deram origem as suas estruturas. O desenho, mesmo que tenha sua autonomia como obra, é uma espécie de matriz do pensamento e, também, um desdobramento de sua pesquisa atual”, completa.
Multidisciplinar, Cragg trabalha com uma diversidade de materiais e processos criativos. O artista se empenha constantemente na busca por novas relações entre pessoas e o mundo material, não havendo limites para as ideias ou formas que possa conceber, ele investiga os limites dos volumes, linhas e superfícies. Faz uso de materiais como madeira, bronze, gesso e cerâmica, além de plástico, poliestireno, aço e vidro.
Na mostra a ser exibida no MuBE, figuram importantes obras históricas, a exemplo de “Minster” (1988), feita de anéis e engrenagens de aço; “Eroded Landscape” (1999), uma escultura construída por várias camadas de objetos de vidro como: copos, vasos, lustres, garrafas; “Secretions” (1995), construída a partir de dados colados. Estas obras revelam um processo construtivo a partir da justaposição de objetos pré-existentes. Outras séries de esculturas utilizam materiais diversos como madeira, bronze, fibra de vidro, alumínio, de tal modo que o próprio material da escultura conduz às soluções formais e estéticas das mesmas.
“Os títulos indicam caminhos para aproximações, mas não deixam de abrir outras possibilidades e manter algo de indeterminado. Suas formas são simultaneamente naturais e artificiais, orgânicas e geométricas, simples e elaboradas”, diz Alves.
Ao longo de seu processo de criação, Cragg instiga uma dupla movimentação ontológica: um corpo que antes não existia passa a estar no mundo com sua forma e matéria, ao mesmo tempo em que os corpos viventes e falantes transformam-se.
MuBE – Rua Alemanha, 221, Jardim Europa, São Paulo.