O Coro Lírico Municipal de São Paulo encerra o ano de comemorações de seus 80 anos com uma exposição que retrata o fazer musical coletivo sem deixar de lado a individualidade de seus cantores e regentes. Por trás de cada história dos 435 coralistas que passaram pelo corpo artístico, há um ponto em comum: o amor pela música. Essa riqueza de narrativas somada ao acervo do grupo reúne elementos que podem servir de base do enredo de uma ópera. É isso que a exposição cenográfica “O Lírico em Cena” vai revelar ao público até 21 de fevereiro de 2020. A entrada é gratuita, e haverá pausa entre a virada de ano.
Sob a curadoria de Carla Nieto Vidal e Joana Tuttoilmondo e expografia e montagem de Fernando Uehara e Marco Antonio Alves, a exposição está dividida em nove instalações que colocam o Coro Lírico em cena nos espaços do municipal, como o Saguão e o Salão Nobre. O visitante poderá rever ou ter o primeiro contato com os sapatos e os adereços, as máscaras e as perucas utilizadas pelos cantores e os objetos de cena que compuseram as principais montagens de ópera, das tradicionais às contemporâneas.
Os figurinos também ganham destaque. As roupas que vestem as vozes e dão forma a personagens tão diversos, mostram ao público o delicado trabalho de composição dos figurinistas. Uma mistura de tecidos, cores e texturas que toma conta do palco com toda a energia dos cantores, seus nomes, suas medidas e suas emoções. Elementos de cenografia também preservados e armazenados no Centro de Documentação e Memória (arquivo) e na Central Técnica de Produções Chico Giacchieri retornam ao municipal, desta vez para apreço do público que visitar a exposição.
A ópera mais encenada no Theatro Municipal de São Paulo e a primeira com a participação do Coro Lírico como corpo estável, em 1939, ganha um espaço exclusivo na mostra. Turandot, de Puccini, esteve em oito temporadas do teatro com diferentes montagens e agora o público poderá conferir de perto os figurinos completos dos dois personagens centrais da história, a princesa chinesa que dá nome a ópera e seu par romântico Calaf. As peças são da produção de 2018.
Estantes com as partituras dos títulos mais emblemáticos encenados pelo grupo artístico como Nabucco e Macbeth, ambas de Verdi, Carmen, de Bizet e La Bohème, de Puccini, só para citar algumas, também serão expostas.
Um vídeo produzido pelo diretor teatral Nelson Baskerville e pelo videoartista Raimo Benedetti, que em agosto assinou a concepção e direção artística do espetáculo “Ensaio sobre o Lírico”, também será projetado. O audiovisual revela um pouco do perfil do coro. O convívio e o caráter colaborativo do trabalho do corpo artístico, responsáveis por estabelecer vínculos, afinidades e parcerias entre os cantores. Na formação atual, por exemplo, há irmãos, primos e casais que se conheceram no Coro Lírico e estão juntos até hoje. Do integrante mais novo, com menos de um ano, ao mais antigo e que soma 36 anos no grupo.
A exposição “O Lírico em Cena” evidencia a arte de excelência e precisão técnica que é o canto lírico. Atributos alcançados com muito treino, persistência e incansável dedicação para desafiar os limites da voz humana. Nesta trajetória de oito décadas, o Coro Lírico Municipal de São Paulo já apresentou 112 títulos de óperas, sem contar as inúmeras peças sinfônicas e outras apresentações, tanto no Municipal como em outros teatros do país. Dos mais de 4.500 espetáculos musicais, metade foram óperas. Nessa trajetória, esteve sob a batuta de nove maestros titulares e diversos convidados, em temporadas dirigidas por renomados profissionais da cena operística brasileira e internacional.
Theatro Municipal de São Paulo – Praça Ramos de Azevedo, s/nº, Sé, próximo à estação do metrô Anhangabaú.