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Entrevista: Rômulo Arantes Neto busca ser um ator versátil e quer viver homem gay na TV ou no cinema

Sexy, tatuado e atleta. Rômulo Arantes Neto mostra-se muito mais do que se vê quando você para para ter uma conversa com ele. O ator de 32 anos está de volta à Malhação, a novela que lançou o modelo de 19 anos vindo diretamente de Milão à fama no Brasil. Agora com muito mais bagagem e experiência na televisão, o carioca quer ir além. Rômulo quer ampliar o leque de possibilidades como ator, interpretando – sempre que possível – personagens que sejam distantes de sua realidade, como, por exemplo, um homem gay. O porte físico que chama atenção é conquistado com um mix de dieta, academia e muito esporte. Ele é apaixonado. Tênis, jiu-jitsu e muito mais. Para 2020, ele busca captação para um projeto de teatro e tem dois longa-metragens finalizados para sair.

As fotos são exclusivas de RG e foram feitas pelo fotógrafo Matthew Brookes. Leia a seguir entrevista com o ator.

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RG: Você começou sua carreira na televisão em “Malhação”, né? Como é estar de volta?

Rômulo: É muito satisfatório voltar depois de 12 anos para um produto que eu tenho profunda consideração para mim e poder voltar do outro lado da moeda – agora como um possível vilão. Eu vou defendê-lo até o final. Eu acho que ele pode se regenerar, mas ele entra na história para gerar conflitos, perturbar a vida da Rita (ex-namorada) e do atual namorado dela. Para mim é um grande prazer voltar onde tudo começou, com mais experiência, com outro tipo de atuação. É muito legal revisitar o meu início de uma outra maneira, num outro momento de vida.

Você se sente mais pronto para encarar “Malhação”?

Eu enxergo de outra forma tudo, né? Com muito mais clareza, com muito mais preparo, com outra bagagem..Mas tudo certo também, né? No início, estava todo mundo aprendendo, todo mundo mais cru no começo. Tudo certo também, mas muito bacana ter a chance de voltar com um outro olhar.

Quantos anos você tinha na primeira vez?

Eu tinha 19 anos quando estreei na televisão. Vinha da carreira de modelo…Morava em Milão, Nova York, Paris e eu aterrizei no Rio de Janeiro quando eu soube que tinha passado no teste para a Malhação e minha vida mudou completamente.

E como você construiu Rui, seu atual personagem em Malhação, que tem toda essa carga negativa?

Eu sou muito observador, na minha vida mesmo. Eu observo muito as pessoas. Eu vejo muito as pessoas e eu tenho uma certa facilidade de assimilar, de guardar características de amigos e de personagens em mim. Teve uma preparação que eu fiz há uns três anos atrás da história do José Aldo, que é o “Mais Forte Que O Mundo”, com a Fátima Toledo e eu guardo muita coisa de vilania, de um cara sádico, cruel, de um crápula. Eu guardo até hoje muitas coisas que não usei naquele personagem que eu, agora, estou conseguindo usar no Rui. Mas não teve uma preparação específica ou coisa do tipo.

Você também está no ar em “Filhos da Pátria”. As gravações rolaram juntas?

Aconteceram separadas. Acho que a gente terminou de gravar 1 mês antes e foi muito legal também. Foi um personagem totalmente diferente e é incrível trabalhar mais uma faceta. Experimentar outra personalidade e, nesse personagem, eu pude trabalhar um outro lado, com nuances diferentes e foi muito legal isso. Todo o trabalho que eu faço é um estudo pessoal e profissional, que me dá cada vez mais experiências. Vai testando coisas novas e isso vai de encontro com o que eu quero, que é ter uma grande versatilidade como ator. É o meu objetivo profissional: ser um ator muito versátil e poder trabalhar em várias frentes diferentes, com relação a esteriótipos e formas de atuar.

Qual personagem você ainda não fez e tem vontade de experimentar?

Eu tenho vontade de sempre me desafiar, de fazer personagens complicados, que me desafiem como ator e que, normalmente, vão para uma realidade que não é a minha. Quero fazer um assassino, um psicopata. Coisas diferentes de mim, que me tragam desafio. Não tem um personagem específico, gosto de personagens que me desafiem e que me façam aprender algo.

Pensando nisso que você tem vontade de viver personagens fora da sua realidade, você toparia viver um homem gay na televisão?

Até hoje, eu nunca fiz um homem gay na TV ou no cinema e eu super toparia. Com certeza, está na minha lista de vontade e objetivos porque seria um desafio, algo que não é minha realidade. Já fiz personagens que se relacionaram com trans, mas nunca fiz um homem gay.

Esses dois personagens que você está no ar agora você precisou fazer alguma preparação física específica?

A minha vida normal, mesmo quando estou de férias, eu sou sempre consciente com minha saúde física e mental. Eu busco sempre estar em forma, manter um corpo legal. Não teve nenhum trabalho recentemente que tenha me exigido mudar alguma coisa. A única vez que eu mudei algo de fato foi quando eu interpretei o personagem Robertão na novela “Império, porque era uma personagem que ficava muito sem camisa, muito despido e tinha cenas super engraçadas com o personagem do Paulo Betti e ali eu busquei estar bem seco por conta da televisão engordar a gente um pouco. Ali eu emagreci uns seis quilos.

Já que você tocou no assunto cuidar do corpo, o que você prefere fazer: academia ou esportes? Como é isso?

Eu amo fazer esportes. Pra mim, ir pra academia é algo complementar. Eu realmente tenho dificuldades em ir para academia malhar, mas é uma coisa que eu me forço a fazer porque é muito importante para a prática esportiva. Eu falo que a academia é importante para deixar preparado e fortalecido para não se machucar tanto. Se você não está com as articulações fortes, com o corpo forte, a gente se machuca demais.

Vimos que você voltou a jogar tênis depois de 15 anos. Você curte? Eu jogo também, tem uns 4 anos, é demais né?

Eu sempre adorei tênis. Fiz aula quando eu era adolescente, mas por ter começado outros esportes e por ter ido modelar fora do país, eu parei as aulas. Sempre foi uma vontade que ficou frustada. Agora, como eu me machuquei recentemente no jiu-jitsu, eu vi que era um esporte que eu poderia fazer por não movimentar tanto a mão esquerda – que foi a que eu machuquei. Nisso, aproveitei para voltar pro tênis. Tem uma quadra no meu condomínio e eu estou praticando. Descobri uma prática semanal e estou super feliz. É um esporte social, chama um amigo, tem uma troca gostosa.

Isso da sua lesão no jiu-jitsu, você já está totalmente recuperado, como que está isso?

Não, ainda estou em fase de recuperação em relação a fisioterapia, mas dói muito ainda e estou gravando tanto que não estou conseguindo fazer fisioterapia toda semana. Eu rompi completamente o ligamento da mão esquerda e fizemos uma operação para recuperar ele. O processo é lento e doloroso demais. A mão é cheia de ligamentos nervosos, é bastante complexo. Mas está indo.

E nessa recuperação você manteve sua dieta normal ou teve alguma mudança?

Mantive tudo igual. Não teve nenhuma mudança brusca. Eu procurei apenas diminuir um pouco de carboidrato porque diminui a pratica de exercícios. É um macete pra enganar. Eu como de tudo, mas busco fazer uma dieta com uma carga maior de proteína e menos carboidrato. Como bastante queijo. Não sigo a risca, mas ela está sempre na minha cabeça.

Agora nesse seu momento de recuperação, você tem aproveitado para ler, tirar um momento relax?

Eu estou sempre lendo uns dois, três livros ao mesmo tempo porque eu não gosto de rotina. Leio um pouco de um, paro e vou para outro. Eu comecei a ler um livro que se chama “Um Milagre da Manhã”, que é um livro super interessante com uma temática astral. Tô lendo “O Beijo no Asfalto”, do Nelson Rodrigues. Tenho lido “Metamorfose”, do Franz Kafka. Tenho lido bastante.

Aproveitando que a gente está falando de livros e cultura, como você vê o atual governo do Brasil que a qualquer chance que tem negligencia, fala mal de quem faz cultura, não incentiva?

Eu acho que tudo é um processo. Eu acho que esse é um processo de transição. Acho muito triste tudo que está acontecendo neste momento em relação a arte e a cultura, mas eu acredito que tudo caminha para a gente chegar em um lugar melhor. Sempre existiu corrupção, todos sabemos. Toda essa roubalheira fica escondida, mas com a evolução da tecnologia e tudo mais e todo mundo ficando mais ligado com a internet, o circo começou a apertar. Nessa hora, toda a sujeira que estava nos cantos levantou e veio à tona. Na verdade, agora parece que é o pior momento da história, mas na verdade não. Toda essa corrupção já estava ali, mas ninguém tava vendo. Agora, é o momento de ligar o ventilador e abrir as janelas e sair tudo. É um processo bacana tudo que estamos vivendo, não em relação à cultura, porque realmente é uma lástima o que está acontecendo, mas em relação a consciência das pessoas e a transparência, acho que a gente está tendo mais acesso a tudo e todo mundo está ficando mais alerta, até as pessoas que não gostam de política. Acho que o povo está se empoderando de informações e dando mais voz para a gente. É um processo que em breve vai mudar. No próximo governo, eu acho que vai estar melhor. Eu sou um cara otimista e acho que, por meio da união, teremos um caminho melhor.

Quais são seus projetos para 2020?

Temos várias propostas, nada engatilhado ainda. Tenho um projeto de teatro para sair com direção do meu padrasto e um ator de São Paulo, mas precisamos de captação para executar no ano que vem. De resto, são coisas sigilosos, que assinamos, mas ainda não podemos contar. Já no cinema, não sei quando vai estrear exatamente, mas teremos dois longas no próximo ano.

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