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“O Brasil não está preparado para a multifacetação”, diz Rafael Cortez, que se dedica à música

Por André Aloi

O jornalista e comediante Rafael Cortez vem se dedicando à música muito antes de seu primeiro projeto musical “Elegia da Alma” (de 2011). De volta aos palcos, ele apresenta o show do EP “MPB – Naquele Tempo”, nesta quinta-feira (28.11), no Blue Note, em São Paulo – com participação de Sabrina Parlatore – com quem esteve no “Popstar” (também da Globo). “O País não é preparado para a multifacetação”, desabafa em conversa com RG.

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Dedicando-se muito mais à música desde que saiu do “Video Show“, na TV Globo, ele também não quer abrir mão das outras atividades que concilia. “Eu quero manter o comediante, apresentador, corporativo e palestrante. E fazer música. Isso é uma tarefa muito hercúlea no Brasil”, reforça. “Já fiz pela comédia e a comédia já fez por mim tudo o que deveria ser feito: fui para o Japão, fiz o programa mais revolucionário da TV brasileira dos últimos anos, que foi o CQC (Band). Viajei o Brasil inteiro. Eu não tive a mesma oportunidade com a música. Eu não titubearia. Se fosse para escolher entre um e outro, eu iria para a música.”

Segundo Cortez, sua maior dificuldade está em contar às pessoas sobre seu projeto musical. “Se você perguntar se o público gosta da minha música, eu não sei te dizer. Porque não sabem que eu faço isso”, rebate. “A realização completa, para mim, vai ser no dia em que as pessoas não ficarem: ‘o que? ele toca? ele canta? como assim? Eu tô doido para que saia uma crítica sobre o meu trabalho musical, entendeu?”.

Além de jornalista, humorista (dono do “Love Treta”, no YouTube) e apresentador (ele levou seu talkshow para diferentes partes do Brasil este ano e deve voltar à TV em 2020), ele quase foi concertista no fim da adolescência: estudou violão clássico dos 17 aos 22 anos, mas acabou não passando no vestibular de música e se embrenhou pelo jornalismo. “Não porque não tenha ido bem no prático, mas bombei em química e física”, relembra.

Como foi uma criança dos anos 80, sem o advento da Internet, ele ouvia muito rádio na infância e crê que nasceu na época errada. Como músico, ele diz que se propõe a cantar apenas o que banca. “As pessoas que vão ao meu show se surpreendem porque é muito honesto. Eu não quero ser um Yamandu Costa, no violão, e eu não quero ser o cantor, nem posso ser o cantor que o Ney Matogrosso é”, desabafa. “Então, eu sou bem resolvido com isso tudo”. Como ele próprio diz, o EP já se resolveu. “Tenho material para um novo disco pronto, um novo trabalho”, explica, que pensa em lançar um álbum de 10 faixas em breve.

REPERTÓRIO
No show desta quinta, Cortez promete um repertório “muito legal”, sob direção musical de Sérgio Bello. “A ideia é fazer um tributo à história da MPB”, adianta, elencando músicas de Caetano Veloso, Chico Buarque e Wilson Simonal, quando também fará uma ode às mulheres compositoras. Há um momento que pega seu violão e dedilha clássicos de Maísa e Dolores Duran. Esta última, em suas palavras, a maior compositora de sua geração. Ele também canta a nova MPB: tem um cover de Rubel, que adora.

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