A Pinacoteca de São Paulo apresenta, de 23 de novembro de 2019 a 6 de abril de 2020, a exposição “Marcia Pastore: contracorpo“, que exibe um recorte da produção da artista paulista reunindo, no quarto andar da Pinacoteca – Edifício Pina Estação, 40 trabalhos produzidos ao longo de quase três décadas. Com curadoria de Ana Maria Belluzzo, o conjunto de peças situa-se na intersecção entre as artes plásticas e a arquitetura ao enfatizar as relações poéticas entre força, matéria e espaço.
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A prática escultórica de Pastore indaga sobre qualidades intrínsecas de materiais muito diversos (borracha, gesso, ferro etc.) e atravessa tempos e técnicas distintas ao revisitar tanto tradições escultóricas como técnicas de fabricação e de moldagem. Para tanto, a artista parte, não do desenho, mas do embate direto dos materiais, do lugar e da experimentação, valendo-se de uma linguagem que remete a procedimentos da engenharia civil, sem perder de vista a articulação orgânica dos materiais. Em sua obra, as formas surgem tanto como iminência de algo que está por acontecer como rastro de uma presença corpórea.
Na mostra realizada na Pinacoteca, o visitante é convidado a percorrer esses rastros que parecem emergir da própria arquitetura. Entre eles, quatro trabalhos inéditos, concebidos especialmente para a exposição, incluindo “Linha-d´água” e “Linhas de força“. Ambos integram também o conjunto obras marcantes em sua trajetória, a exemplo do relevo “Sem título” (1999) – feito em bronze com banho de prata e pertencente ao acervo do museu — e “Peso contrapeso“, apresentado pela primeira vez na Funarte, em 2012.
A distribuição das peças no espaço foi pensada pela artista e pela curadora Ana Maria Belluzzo a fim de prescindir de uma ordem cronológica. “O que se pretende destacar na mostra é a forma como a artista realiza o manejo do corpo da obra, que se encontra em situação de interdependência com meio no qual se localiza, tornando instigante o momento de equilíbrio e de sustentação de cada peça no espaço”, reflete Ana Maria.
Tal equilíbrio entre matéria e espaço é tensionado muitas vezes até seu ponto máximo. Em “Risco” (2013), por exemplo, cada tubo traz em sua ponta superior um grafite enquanto a ponta inferior é seca, como a de um compasso, garantindo certo atrito com o chão. “Alguns tubos estão quase deitados. É muito impressionante continuarem parados. Eu levo os trabalhos a esse limite: é até aqui que ele aguenta ficar de pé, é aqui que ele vai ficar. Não deixo uma margem de segurança, essa iminência do movimento ou do perigo deixa tudo em suspensão”, diz a Marcia.
Pinacoteca de São Paulo – Edifício Pina Estação – Largo General Osório, 66, 4º andar, Luz, São Paulo.