A Casa-Museu Ema Klabin promove de 9 de novembro à 15 de dezembro a série “Intervalo Contemporâneo”. O convidado é o artista plástico Marcos Amaro, que apresenta a escultura “Lustre”.
A obra, produzida no Brasil logo que o artista regressou de uma temporada na Bélgica, faz parte da série “Diálogos com Meu Pai” , na qual Amaro se aproxima novamente de objetos de caráter fraterno, lançando a eles um novo sentido. O artista é filho do ex-presidente da TAM Linhas Aéreas, Rolim Amaro (1942-2001).
Se houve fases em que ele se vinculou às lembranças do pai por meio de peças corpulentas, aqui Amaro volta a penetrar em objetos ordinários, levando gesso, tinta, areia, cimento e outros materiais rústicos ao encontro de tais artigos tidos como notáveis. Seringas de penicilina aparecem entre materiais incinerados pelo artista, em uma precisa associação ao entre-guerras, época em que tal substância foi descoberta e quando a família Klabin se mudou da Europa para o Brasil na busca de livrar-se de memórias ou futuros incertos.
De acordo com a curadora da exposição, a jornalista Ana Carolina Ralston, o lustre que agora se decompõe no chão da suntuosa casa projetada pelo engenheiro-arquiteto Alfredo Ernesto Becker em meados dos anos 1950 para abrigar a coleção de Ema Klabin poderia facilmente ter feito parte da decoração criada à época por Terri Della Stuffa para o espaço.
Para ela, a sombra em que está imerso hoje, no entanto, evidencia sua proposta atual, colocando-o sob uma perspectiva enviesada – busca resignificar íntimas memórias afetivas.