Ele nasceu no Rio de Janeiro, mas diz ter suas raízes em São Paulo, onde cursou artes cênicas na Oficina de Atores Nilton Travesso, em 2007. Quanto ao coração, diz que está “bem feliz”, quer ser pai, mas, neste momento, está focado na carreira.
Caio Paduan, cujo trabalho mais recente na TV foi em “Verão 90”, onde viveu o personagem Quinzinho, diz que sempre foi apaixonado por teatro, desde pequeno, o que foi um gatilho para sua escolha profissional. “Meus pais costumavam me levar muito para assistir espetáculos e eu ficava fascinado”, conta.
Começou fazendo um curso livre de teatro musical ministrado por Deto Montenegro na Oficina dos Menestréis. Em sua primeira apresentação oficial, com mais de 500 espectadores, teve a certeza de que era isso que queria seguir fazendo na vida. “Depois, fui para a Oficina de Atores Nilton Travesso, me profissionalizar e ter uma base maior e mais concreta de artes cênicas.”
Não à toa, ele já sentia que o amor pelo teatro seria um impulso para a carreira de ator. O primeiro grande trabalho de Paduan no teatro foi em 2011, quando deu vida a Artur, na peça “Avalon”, de Lucélia Santos. Com o sucesso da peça, foi chamado para fazer o Gabriel de “Malhação”, seu primeiro trabalho na TV.
Ainda no teatro, fez também “33 Dedos Bem Aquecidos”, de Rafael Primot, e “Para Sempre Nunca Mais”, de Julia Rodrigues e Flavia Bessone. No ano passado, interpretou o antagonista Ricardo – Coração de Leão, na peça “O Leão no Inverno”, que tinha no elenco nomes como Leopoldo Pacheco e Regina Duarte.
No cinema, está prestes a estrear “Estação Rock”, onde interpreta Osso, um vocalista de uma banda de rock que quer ganhar a vida com seu talento musical. Mas fez curtas-metragens também, “Sobre Papéis”, de Pedro Paulo de Andrade, onde viveu um homossexual, o Victor, e “Catarse”, de Vinicius Vasconcellos, que chegou a ir ao Festival de Cannes.
Leia íntegra da seguir entrevista com o ator:
Como avalia o fato de pela segunda vez ter feito um papel [na TV] em que fica com uma afro-descendente? [Em seu personagem em “O Outro Lado do Paraíso, Paduan interpretou o delegado Bruno, que se relacionava com a juíza Raquel, vivida por Erika Januza]
Me sinto feliz por mais uma vez ter tido a oportunidade de levar reflexão aos telespectadores sobre algo ainda tão recorrente nos dias de hoje. O racismo continua sendo um tema bastante presente na sociedade e poder mostrar que esse preconceito existente dentro dos seres humanos deve ser quebrado é uma reflexão interessante. As relações, sejam amorosas, de amizade, profissionais etc., não devem se pautar por cor da pele ou por diferenças de classe social. O Quinzinho [personagem de Paduan em “Verão 90”] passa por todo esse processo quando se apaixona pela Dandara (Dandara Mariana). E vai aprendendo a lidar com isso e a quebrar esse preconceito interno dele. Precisamos mudar nossos pensamentos retrógados e praticar mais o amor e o respeito.
Como criou o personagem Quinzinho?
Sempre parto de uma construção consciente e física, através do corpo! As preparações foram essenciais para esse momento inicial e logo depois disso vem a pesquisa: seja sobre surf e sua influência no jovem nos anos 90 ou sobre a chegada da MTV no Brasil e toda a influência americana que isso acarretaria nos jovens brasileiros!
Quinzinho era um inconsequente ou um filhinho de papai que se deu bem, como sempre acontece?
O Quinzinho passou ao longo da novela por diversos estágios. Ele aprendeu a lidar com o preconceito racial dentro dele pelo sentimento que nutriu pela Dandara, depois a perdeu. Se envolveu com a pilantra Vanessa (Camila Queiroz), a desmascarou no altar. Sofreu as consequências da mentira sobre a morte da Nicole (Barbara França). Na reta final, descobriu que seria pai do filho da Dandara e foi se redimindo das atitudes egoístas e inconsequentes que ele teve ao longo da trama. Quando perdeu a Dandara, ele começou a entender que a vida de mulherengo como a que o pai dele levava não era tão boa quanto ele imaginava.
Quais são seus próximos planos?
Tenho alguns projetos em mente, mas ainda não posso falar muita coisa sobre. No final deste ano está prevista a estreia nos cinemas do longa “Estação Rock”, que é um trabalho incrível com uma história bacana sobre amor, lições de vida e perseverança em realizar seus sonhos. Além disso, tenho me dedicado a vertente de diretor, que sempre tive muita vontade de seguir. Eu faço a direção artística do canal “Dias de Cris”, da apresentadora e jornalista Cris Dias. É um projeto bem estruturado, que aborda cultura, esportes, entrevistas e comportamento.
Conte sobre esse trabalho com Cris Dias [que tem um canal no YouTube], o que você faz?
Eu faço basicamente a câmera e a direção artística dos vídeos. Estou sempre com ela, ajudando nos planos, nos enquadramentos, ideias, produzindo, pegando água, dando alguns pitacos no roteiro também, risos. Enfim, estou pra ajudar! Claro, que tudo passa pela aprovação dela, que como jornalista experiente já sabe muito bem o que gosta e o que não gosta.
Você é ligado em redes sociais, se sim, quais?
Não sou tão ligado assim em redes sociais, mas gosto de compartilhar meus momentos no Instagram.
O que acha de o Instagram ter retirado o número de likes das fotos, acha que isso influencia muito as postagens?
Acredito que estávamos precisando desse choque para nos desconectarmos um pouco mais e vivermos as experiências reais do mundo. A vida não se resume ao que vemos através da telinha do celular.
E você quer dirigir teatro, cinema? De onde vem essa sua vontade de trabalhar como diretor?
Quem sabe um dia! Eu sou fascinado por teatro desde muito novo, mas dirigir uma peça, acho que, possivelmente mais para frente, daqui há alguns anos. Acredito que preciso aprender muito sobre a vida ainda, para antes almejar dirigir algo. A paixão por direção veio através da minha paixão por cinema! Tenho mais de 400 filmes na casa da minha família e sempre assisti ao trabalho dos diretores e atores que mais me interessavam. Durante os trabalhos em set, sempre fui muito observador e entre uma cena e outra, me atentava às ações de toda a equipe de direção e fotografia! Estou lendo e me aprimorando cada vez mais, para, quem sabe um dia, poder me aventurar na direção nessas duas vertentes.
Vivemos atualmente tempos em que a arte vem sofrendo alguns ataques, como o desmonte da Ancine, por exemplo, como você avalia tudo isso?
Avalio tudo isso como um imenso retrocesso! A arte e a cultura são bases essenciais na educação do povo e na formação da sociedade. Através das reflexões sobre nós mesmos, a arte pode atuar como agente pensador e transformador de uma nação. O desmonte da Ancine é simbólico e representa claramente intenções contrárias à evolução do pensamento do povo.
Você é ligado em moda? Acompanha?
Minha relação com a moda tem a ver com meu estado de espírito. Curto muito essa tendência de moda sustentável, essencial nos dias de hoje, já que valoriza a conscientização ecológica além do conforto.
E beleza, como você cuida do corpo? Faz exercícios, se sim, o quê? Curte luta?
Hoje em dia tenho uma preocupação maior com a saúde do que com a beleza. Estou com mais de 30 anos, então a vaidade vai mudando. Busco cuidar da pele, do cabelo e do corpo, mas nada em excesso, exceto quando é uma construção mais específica de um personagem.
Faz alguma dieta para o corpo ou para a saúde?
Há mais ou menos um ano e meio me tornei adepto do jejum intermitente e me sinto muito bem assim. Estou mais leve e com mais energia! Além disso, tenho uma alimentação equilibrada e sem muitas restrições.
O que você adora comer e o que não come nunca?
Adoro comer churrasco e não como nunca nuggets, tipo nunca mesmo! Risos.
Gosta de futebol, esportes?
Gosto muito de esportes, principalmente de futebol. Sou são-paulino roxo! Risos. Já joguei bola por muitos anos e hoje me mantenho em forma correndo e fazendo treinos funcionais. Ah, também estou me aventurando no kitesurf e no surf, que acaba rolando vez ou outra.
O que gosta de assistir na TV ou streaming?
Basicamente assisto a séries, documentários.