Entre 4 e 27 de outubro, o Teatro Oficina recebe o espetáculo “Odara – Tradição, Cultura e Costumes de um Povo”, que reúne, em seu elenco, mais de 65 pessoas entre atrizes, bailarinos, dançarinos, cantoras, músicos, percussionistas, capoeiristas, sambistas, técnicos, produtores e promotores da cultura e das tradições de matriz africana que estão no alicerce da construção da sociedade brasileira.
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“Odara – Tradição, Cultura e Costumes de um Povo” traz a narrativa da criação do mundo segundo referências da mitologia yorubá. Olorun, o Senhor Supremo do Universo, resolveu acabar com o ócio reinante no Orun e decidiu criar um mundo habitado por seres semelhantes a ele. Para tanto, convocou todos os Orixás e, sob o comando de Obatalá, ordenou que partissem para criar o Ayê, a terra.
Em um momento necessário e de protagonismo, o que “Odara” propõe ao espectador? “As pessoas podem se questionar: mais um espetáculo que resgata a ancestralidade? O que traz de diferente?”, provoca o diretor, Márcio Telles, que há 20 anos levou a mesma proposta para os palcos de periferias e centros culturais e que também atua como diretor criativo no G.R.E.S. Nenê de Vila Matilde. “Bom, essa foi exatamente a pergunta que me fiz quando resolvi trazer a montagem de volta para os palcos e batalhei para que se desenrolasse especificamente no Oficina e que tivesse no elenco pessoas reais que praticam em suas vidas cotidianas o que entregam no teatro. Por que “Odara” agora? Ainda é extremamente urgente falar de “Odara” por razões que estão aí, todos os dias, nos jornais e nas ruas”, afirma Telles.
Após curta temporada em agosto, às quartas e às quintas, a montagem será apresentada aos finais de semana. Com duração de 120 minutos e elenco majoritariamente negro, o espetáculo reúne diversas manifestações importantes para a manutenção e a resistência de narrativas yorubás, seja na música, na dança, na literatura ou na dramaturgia.
A criação do mundo segundo a diáspora e uma visão yorubá são os fios condutores de uma montagem cujo conceito une a singela tradição Griot com a explosão inerente de quem pisa no chão do Oficina. “Este teatro, como seus próprios integrantes falam, inclusive eu que estou aqui há 11 anos, é um terreiro eletrocandombléico. Tem vida própria, assim como o corpo. Essa união impregna a peça de uma energia singular”, diz o diretor.
“Acho que Odara tem um conceito de narrativa e uma visão estética que lhe são muito peculiares. Caminho nesse chão há muito tempo e recolhi dentro de todo o período de pesquisa aquilo que me tocava de forma muito profunda dentro do nosso território negro. Além desse garimpo e dessas vivências, admiro extremamente o trabalho e a trajetória do Balé Folclórico da Bahia e o bailarino e coreógrafo Ivaldo Bertazzo”, diz Telles.
Teatro Oficina – Rua Jaceguai, 520, Bixiga, São Paulo.