Top

Estúdio Bijari ganha exposição individual na França

Os artistas paulistanos do Estúdio Bijari fazem sua primeira exposição individual na França. Entre os dias 14 de setembro e 24 de novembro, o Centre Régional de la Photographie Hauts-de-France (conhecido pela sigla CRP) na comunidade de Douchy-les-Mines, no norte daquele país, recebe a mostra “A Máquina do Mundo”, que apresentará sete obras inéditas. Os trabalhos foram todos desenvolvidos durante o período em que os artistas estiveram em residência no CRP em maio deste ano e teve como inspiração a emergente crise ambiental e diplomática instalada no Brasil neste período.

“Como é prática do grupo, os projetos emergem da relação direta com o espaço, com o contexto e sua especificidade, e com os contatos consequentes dessas experiências de lugar”, explica Maurício Brandão sobre o resultado da residência.

A ideia central da exposição montada no CRP é refletir sobre os paradoxos que comportam as relações, inevitavelmente conflitivas, entre a construção de memória natal (brasileira) dos integrantes do grupo e a memória estrangeira, aqui relacionada às representações hegemônicas, ou presentes no inconsciente coletivo de estrutura colonial. “Percebemos a urgência de conectar essa  experiência micro à nossa situação global onde é impossível pensar a parte sem o todo. É preciso refletir como essa matriz colonial até hoje pauta a nossa visão estritamente antropocêntrica na relação com o meio ambiente e com as comunidades que dele são indissociáveis.  Essa foi a motivação que impulsionou a pesquisa”, avalia o artista.

Com mais de duas décadas de atuação, o Bijari se inspirou no poema “A Máquina do Mundo”, de 1949, cuja autoria é de Carlos Drummond de Andrade, para nomear a mostra no CRP. No texto, o eu-lírico se depara com uma imensa máquina que surge de um buraco na terra e se mostra como portadora portadora de revelações valiosas. O poeta, firme em seu ceticismo diante do desenvolvimento industrial que degrada a paisagem de sua cidadezinha Itabira (Minas Gerais) em nome de exploração mineradora, recusa-se a aprender o que a máquina se dispõe a lhe ensinar.

Mais de Cultura