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A inovação vem das câmeras

Por Marcos Tenório

Anualmente vemos uma série de lançamentos em tecnologia que movimentam a economia mundial e levam milhões de pessoas a trocarem de smartphones, televisores, tablets e computadores. Mas atualmente isso parece estar mudando.

A grande estrela dos lançamentos de smartphones todos os anos era a Apple, mas parece que a fonte de criatividade anda secando. A maçã está perdendo o seu papel de vanguardista e está sempre saindo atrás das poderosas empresas asiáticas nos lançamentos.

Talvez seu conservadorismo, a empresa do iPhone tem ousado cada vez menos nos seus produtos e lançado tímidas atualizações para tentar alcançar a concorrência que, entre outros atrativos, tem preços absurdamente menores do que ela.

Prestes a lançar o sucessor da versão XS dos seus smartphones, pouco alarde vem sendo causado e o interesse pela empresa tem diminuído, o reflexo disso aparece nos números: o iPhone vem perdendo cada vez mais mercado para empresas como Samsung, Huawei e Xiaomi.

Anunciado para o dia 10 de setembro, o evento de lançamento dos novos iPhones deve lançar o sucessor da linha atual, um novo incremento de preço, que já chega a quase 10 mil reais em algumas versões, e alguma melhoria nas câmeras, processador e algo relacionado a software como de costume. Tudo isso para deixar a retaguarda do setor.

O Twitter de Ben Geskin costuma vazar as imagens dos protótipos dos iPhones sempre próximo do lançamento e ele o fez recentemente mostrando que, mais uma vez, o foco do lançamento pode ser a câmera, com a inserção de uma terceira câmera traseira.

Sites como o Dxomark avaliam as câmeras dos celulares atuais e, entre os 10 melhores, apenas o iPhone XS Max figura, justamente, na décima posição. A primeira e a terceira posições são ocupadas pelo novíssimo Samsung Galaxy Note 10+ 5G e o Galaxy S10 5G, respectivamente, mas passou um bom tempo sendo capitaneada pelo poderoso Huawei P30 Pro.

A importância da foto no iPhone é tão grande que, por algum tempo, o Instagram existia apenas na App Store, e lançou uma tendência que até hoje nós estamos imersos: a exposição de um estilo de vida mais imagético.

Vale lembrar que a câmera do iPhone, por muito tempo, foi um sinônimo de qualidade e despertava o desejo de muitos consumidores. E sempre teve um grande volume de investimentos da marca. Mas, talvez por depender de peças produzidas por empresas asiáticas, que andaram se especializando, ela perdeu um pouco o timing e precisará correr contra o tempo se ainda quiser apostar nesse filão como diferencial da marca.

A empresa, que na era de Jobs navegava tranquila nas águas da liderança, está ensaiando uma queda no protagonismo caso não consiga reinventar seus produtos simbólicos que, por muito tempo, foram a referência mundial do mercado tecnológico e causaram uma grande mudança na forma como nos comunicamos e fotografamos. Isso tudo, claro, são suposições, pois o lançamento ainda acontecerá no dia 10.

Em uma sociedade muito ligada à imagem, a inovação dos smartphones está sendo segurada pelas câmeras. O hardware vem se diferenciando de formas muito tímidas e a maioria das novidades acaba sendo na área da fotografia ou da bateria, grande vilã das telas cada vez mais consumidoras de energia.

Marcos Tenório é Designer, Sócio da Kalulu Design&Comunicação, Mestrando em Design de Artefatos Digitais pela Universidade Federal de Pernambuco, Mentor do Armazém da Criatividade, Professor de Design de Interiores na Uninassau e de Design Gráfico na UNIFG.

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