Por Marcos Tenório
Criada em 1997, a Netflix era uma empresa de aluguel de filmes online, mas em 2007 ela mudou e desde então tem mexido com a cadeia cinematográfica mundial, apontada como responsável pelo fim das locadoras de DVDs. O serviço de streaming conquistou o globo inteiro e tornou-se, além de player, uma grande produtora de conteúdo.
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Tudo começou com a criação de “House of Cards”, em 2013, sua primeira produção original que foi sucesso no mundo inteiro e incentivou a empresa a criar mais produtos como “Orange is the new Black”, “Stranger Things”, “Black Mirror”, “Sabrina”, “3%”, entre outras tantas.
Além disso, filmes originais como “Birdbox”, “MoodBound”, “Beasts of no Nation” e “Roma”, de Alfonso Cuarón, que conseguiu a proeza de ser indicado a Oscar de Melhor filme, levando melhor direção e fotografia, além de filme estrangeiro, inéditos para o streaming. Mas essas produções ainda não são a maioria do seu catálogo, que depende sempre de conteúdos de terceiros.
A gigante do varejo Amazon criou o seu próprio serviço de streaming em 2006, o Amazon Prime Video e vem investindo pesadamente em produções próprias como “The Marvelous Mrs Maisel”, ganhador de vários prêmios, “The Grand Tour”, “American Gods”, “Mozart in the Jungle” e a polêmica “Good Omens” também fazem parte do seu catálogo, assim como produções de outras grandes empresas.
O Hulu é um dos serviços concorrentes desde 2007, que possui em seu catálogo a famosa produção “The Handmaid’s Tale” (em cartaz no Paramount Channel e no Globo Play). Briga por uma fatia de mercado, mas apenas lá fora já que ele nunca chegou ao Brasil. Atualmente ele está em processo de fusão com a Disney, depois da compra da FOX, controladora do serviço.
O domínio do serviço estava fluindo bem apenas na mão deles até que isso começou a encher os olhos de grandes produtoras e distribuidoras de conteúdo como a Disney e agora a Warner. E no Brasil a TV Globo.
A Walt Disney Company entrou na briga em 2017 quando anunciou que iria lançar a sua própria solução chamada de Disney+ e avisou que seu catálogo sairia da concorrente em 2019, quando iniciaria a venda de seus serviços.
Isso significa que tudo da Disney, LucasFilm, Pixar, Marvel, National Geographic sairão do catálogo da concorrência brevemente. Grandes produções como “Vingadores Ultimato”, os próximos “Star Wars”, “Alladin” e “O Rei Leão” não entrarão mais no catálogo dos concorrentes.
Outro grande produtor de conteúdo mundial anunciou recentemente outro golpe na Netflix e incendiou a guerra: a Warner Media juntou suas marcas principais e criou o HBO Max, um serviço de streaming composto por seus canais e produtoras de cinema e TV: HBO, New Line, Warner Bros., DC Entertainment, TNT, CNN, TBS, Cartoon Network, Boomerang, Esporte Interativo, entre outros.
Grandes produções da HBO, que nunca entraram no catálogo dos streamings, como “Game of Thrones” (indicada a 32 Emmy 2019), “Westworld” e “Chernobyl” (Indicada a 19 Emmy 2019). Além do imenso catálogo da Warner Bros. que tem nomes como Friends, Harry Potter, Liga da Justiça, Superman, Batman e outros em seu poder.
Com esses anúncios recentes, a Netflix e a Amazon Prime Video terão que investir ainda mais em suas produções próprias, algumas já de muito sucesso e que têm recebido elogios da crítica especializada, mas que ainda não conseguem ser um volume tão expressivo no catálogo completo das empresas.
Para completar a bagunça, a Apple anunciou este ano o lançamento do Apple TV+, sua nova plataforma de streaming com a criação de novos conteúdos com grandes nomes do mercado de produção cinematográfica e de TV americanos. Famosa pela qualidade de seus produtos, já imaginamos que devemos esperar coisa boa vindo por aí.
No Brasil, as empresas não conseguiram muito sucesso nas negociações para aquisição de conteúdo da gigante do entretenimento TV Globo que, percebendo o movimento do mercado, criou o seu próprio serviço de streaming com suas famosas produções próprias e conteúdos de terceiros, além dos conteúdos de seus canais pagos Globosat e filmes de sua produtora Globo Filmes.
Aonde essa guerra vai chegar, é difícil prever, mas é previsível que teremos que gastar para ter mais de um serviço de streaming em breve, já que cada marca vai fechar os direitos do streaming para sua própria plataforma. A colaboração está dando lugar à competição.
Uma coisa é certa, o serviço de streaming mudou completamente a forma como consumimos conteúdo e as produções estão ficando cada vez mais ousadas e originais, o que é muito interessante para nós, a audiência.
Quer fazer sugestões de temas para a coluna? Escreva para contato@marcostenorio.com
Marcos Tenório é Designer, Sócio da Kalulu Design&Comunicação, Mestrando em Design de Artefatos Digitais pela Universidade Federal de Pernambuco e professor de Materiais e Tendências e Design Universal em Design de Interiores na Uninassau.