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Tiê fala sobre carreira e seu DVD de dez anos

A cantora e compositora Tiê acaba de gravar um DVD em comemoração a seus dez anos de carreira. Pouco antes do show, ela conversou com o Site RG.

Leia entrevista com a cantora que, aos treze anos, foi modelo da Ford Models, aos 20 estudou canto em Nova York, abriu um brechó, excursionou com Toquinho e gravou seu primeiro álbum de forma independente. Leia entrevista com a cantora dado ao Site RG.

Como foi sua decisão de ir pra nova York estudar canto?
Eu tinha recebido um convite para trabalhar com produção de shows na parte de bastidores de produção e juntei uma coisa com a outra. Tranquei a faculdade de relações públicas, e a minha chefe disse que se eu ficasse as quatro estações do ano eu seria uma nova-iorquina para sempre.

Você de alguma forma utiliza a moda para se comunicar? Que tipos de roupas você usa em shows?
Sempre. A moda representa muito a fase que você está vivendo, como você está com você mesmo e o que você quer passar. São fases, então. As roupas vão mudando. Gosto de ter um estilo muito claro para os discos. Por eu ser uma pessoa muito prática, tive algumas parcerias e agora estou com a Carol Roquette, que está me vestindo para o DVD e para a turnê, e pensamos em um estilo para seguir a temporada inteira.

Conte um pouco do seu Café Brechó e a relação que nasceu com o compositor Toquinho, e as turnês que fizeram no Brasil e na Europa.
O Café Brechó foi um brechó que eu tinha com o restaurante balada que era do lado da antiga MTV, e durou um ano. Era uma loucura, a gente conheceu muita gente de música e muito artista, e foi lá que eu conheci o Toquinho, bem no final do brechó.  Ele me chamou para cantar e eu resolvi cantar com ele, e aí o brechó acabou, até porque dá muito trabalho, eu não nasci para ser dona de brechó. Aí eu sai em turnê com o Toquinho.

Quão importante e quão difícil foi sua decisão de seguir carreira solo depois de sua parceria com o Toquinho?
Não foi difícil, na verdade, o Toquinho foi como uma escola, foi a primeira pessoa a me colocar lá na frente, a topar meu trabalho. Eu realmente amo samba, mas eu não queria uma carreira cantando sambas antigos e bossa nova, então foi muito natural eu fazer minhas composições. Foi muito importante eu demorei muito para lançar [o primeiro álbum], porque eu queria cantar minhas próprias músicas, que eu só comecei a compor mais para frente, eu já estava com 29 anos.

Quais são suas influências musicais?
Na minha infância, eu ouvi muito Beatles, Milton Nascimento, Elis e Pink Floyd, mas não sei se isso me influenciou. Eu tento me conectar comigo mesma, para fazer uma composição sincera. No primeiro disco, eu escutei muito Tom Waits e Leonard Cohen porque eu queria cantar como eles, não sei por onde, mas com essa narrativa. Hoje eu realmente não tenho uma influência musical.

Como foi excursionar por países gringos com seu segundo disco?
Ah, foi muito legal, é sempre bom fazer show lá fora. Todo disco eu vou e faço uma temporadinha lá fora, as experiências são super boas e é bem enriquecedor cantar para gente que não entende português e tentar, mesmo assim, colocar uma imagem para que o outro entenda o que você está falando, mesmo sem falar a língua.

Como foi abrir para o Coldplay?
Foi um convite aqui no Brasil e foi maravilhoso, uma experiência única, cantar no Maracanã, acho que tinha 40 mil pessoas, foi muito legal.

Conte um pouco sobre as parcerias que você faz em seus álbuns. Como é a dinâmica para criar e escrever as músicas? Vocês fazem isso juntos?
Alguns parceiros só cantaram, outros fizemos composições juntos. O Jorge Drexler, que cantou no segundo disco, eu sempre fui apaixonada por ele, então fiquei muito feliz quando ele topou. O David Byrne, que participou do terceiro disco, eu mandei um email na cara de pau, chamei ele para almoçar. Eu estava em Nova York, ele almoçou comigo, me mandou uma música, eu completei e devolvi.  Então foi uma parceria a distância. Teve a Ximena Sariñama, com ela trabalhei junto, sentamos no estúdio e fizemos a música que entrou no Gaya [álbum]. Foi uma experiência muito legal, mas, no geral, é sempre feita a distância.  Um manda um pedaço para o outro, e faz.

Conte um pouco sobre sua parceria com o músico André Whoong?
O André Whoong é meu parceiro, a gente faz várias músicas juntos, ele me entende muito musicalmente, é maravilhoso poder trabalhar junto com ele.

Já existe algum plano ou trabalho para o futuro? O que você pretende fazer?
O trabalho do futuro é esse DVD que a gente está gravando hoje. A ideia é sair em turnê com ele e aproveitar bastante. Eu gosto de ficar um tempo trabalhando no disco. Logo mais eu venho com um disco de inéditas também.

 São dez anos de carreira. O que mudou em sua vida? Tanto na vida pessoal quanto sua performance na música?
Ah, eu acho que tudo, né? É bastante tempo, então tem uma maturidade, em alguns lugares fico estressada com várias coisas, mais cansada em algumas situações, e mais tranquila em outras. Acho que é o que eu gosto de fazer.

Qual era sua relação com sua avó Vida Alves [que protagonizou o primeiro beijo da TV brasileira]? Ela te influenciou a seguir seus passos no mundo das artes?
A minha avó era uma grande amiga, sinto muito a falta dela, penso nela diariamente, ela não só era amiga como professora me ensinou muita coisa, uma mulher muito forte.

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