Top

Carolina Stofella vive mulher forte em peça com tema político

Natural de Santa Catarina, a atriz Carolina Stofella é conhecida por sua atuação em peças premiadas e agora celebra mais um papel no teatro, desta vez atuando em um clássico e em um dos textos mais importantes da dramaturgia “Eles Não Usam Black-Tie”, escrito por Gianfrancesco Guarnieri e que teve sua primeira versão lançada há 60 anos, além de uma adaptação adaptação para o cinema com nomes como Fernanda Montenegro no elenco. Formada em artes cênicas, ela ainda estudou turismo e tem um MBA em Marketing.

Com viés político e ideológico, a peça mostra uma família dividida entre um pai que organiza uma greve em busca de melhores condições de trabalho, e um filho que rejeita a ideia e busca outros caminhos para uma vida mais segura ao lado da noiva. Na nova montagem de Dan Rosseto, em cartaz no teatro MorumbiShopping, Carolina interpreta Dalva, uma mulher forte e cheia de personalidade, que ganhou destaque na trama ao levar sua voz potente às cenas de conflito e debate.

”Na versão original, a personagem tinha uma participação menor, quando Rosseto me convidou para interpretar essa Dalva mais atuante e com uma representatividade maior na peça atual, fiquei honrada e muito feliz. Construir uma Dalva diferente de tudo que já foi visto em “Eles Não Usam Black Tie” foi ainda mais especial.”

Para viver esse novo momento da personagem, a atriz fez uma pesquisa intensa que envolveu estudos corporais e vocais, já que Dalva aparece com um tom de voz mais alto e com uma presença de palco mais forte. ‘’Dalva quer ser vista e notada’’, explica Carol.

A atriz conversou com o Site RG, leia a seguir a entrevista:

Como começou sua carreira de atriz?
Eu sempre quis ser atriz. Queria me expressar de alguma forma e comecei na dança, com o balé clássico. Ia ao teatro e assistia muitos filmes quando era criança e me lembro que minha vontade era sempre de estar lá contando a história com aqueles atores. Mas era uma outra época, e sair de casa para viver um sonho não era tão simples.  Anos depois, enquanto estava cursando faculdade, em Santa Catarina, pedi transferência para o Rio de Janeiro e aí sim tudo começou.

No Rio, fiz teatro na CAL e logo fui indicada para uma peça que estrearia em um festival na Argentina. Nunca mais parei.

Como foi sua estreia no palco?
Era a realização de um sonho.  Foi incrível. Tive a certeza de que ali era o meu lugar.

Quais seus principais trabalhos no teatro. Cinema?
Difícil destacar trabalhos porque todos são especiais e foram muito importantes para o meu crescimento profissional. Todos acabam sendo um grande desafio no momento.

Mas para citar alguns, tem a minha estreia no teatro na peça “O livro de Júlia”, no Encuentro Internacional de Teatro de Córdoba, Argentina. Foi minha primeira peça e eu ainda estava estudando. Sentia uma responsabilidade enorme.

 A peça “Viagem ao Centro da Terra” (vencedora do prêmio Shell Especial de Montagem em 2001), com produção do Marcelo Serrado e direção do Ricardo Karman. Foi minha primeira peça depois de formada e fui trabalhar com atores que já estavam há anos na estrada. Aprendi muito com todos eles.

A Marion Silver da adaptação do filme “Réquiem Para um sonho” para o teatro foi um grande desafio. Mergulhei no universo do vício, uma coisa muito distante pra mim.

E há dois anos acho que vivi um dos maiores desafios da minha carreira; ensaiei e atuei em duas peças ao mesmo tempo. Uma no Rio e a outra, em São Paulo.

Foi uma loucura! Ensaiava a metade da semana em São Paulo e a outra metade no Rio. Foram quatro meses de total dedicação ao trabalho. Foco e disciplina redobrados. As personagens e os processos de ensaio foram intensos e completamente diferentes. Eram duas personagens bem distintas. Em ‘’Alices’’, de Jarbas Capusso Filho e direção do Leo Gama, vivi Alice, uma mulher assassinada pelo marido. Uma personagem densa, que exigia uma entrega emocional enorme.

Em “Enquanto as Crianças Dormem” (espetáculo vencedor em três categorias do Prêmio Aplauso Brasil de Teatro), com texto e direção do Dan Rosseto, vivi Ellen, uma mulher dissimulada e misteriosa. Uma personagem cheia de camadas e com uma trajetória bem interessante.

No cinema atuei nos curtas “Talvez” e “Pelas Minhas Próprias Mãos”, de Felipe Sassi. E fiz o longa “Histórias Íntimas” com direção do Julio Lellis, que levou o prêmio de Melhor DOC Drama no Los Angeles Brazilian Film Festival. Amo cinema e quero fazer mais. Tenho paixão pelo tempo que o cinema tem.

Fale um pouco da sua criação para a personagem Dalva, em “ Eles Não Usam Black-Tie.
A Dalva é solar. Aquela amiga leal e pronta para ajudar. Uma mulher firme, forte e que, apesar das dificuldades, não deixa a peteca cair. Fiz uma preparação corporal intensa, porque a Dalva é uma mulher que chega chegando. Ela quer ser vista. Escolhi usar a voz em um tom acima para intensificar essa alegria que ela traz.

Como vê a receptividade do público com a sua personagem?
Tem sido incrível. Acho que porque ela traz uma leveza para este espetáculo que é tão denso. É como se fosse um respiro.

Terminando a temporada, quais são seus próximos planos de carreira, o que gostaria de fazer?
Queremos trazer para São Paulo o espetáculo “A Antessala”, de Ana Paula Bez, que foi muito bem recebido no Rio. A produção está em fase de captação. A peça “Alices” também está nos planos para uma nova temporada. E estou começando a fazer  leituras de uma nova peça de Dan Rosseto.

Mais de Cultura