Começa a maior e mais importante mostra de arquitetura, design de interiores e paisagismo das Américas, a Casacor São Paulo. O Jockey Club recebe ambientes assinados por grandes profissionais brasileiros com o que há de melhor em tecnologia, afetividade e sustentabilidade, até o dia 4 de agosto. A edição de 2019 da mostra tem como tema “Planeta Casa” e, como não poderia deixar de ser, os arquitetos apresentam leituras únicas sobre o tema, expondo criações com muito design e lançando tendências. Conheça os principais destaques.
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Ticiane Lima criou a “Casa Conecta” em um ambiente de 125 m², para a sua primeira participação na Casacor São Paulo. Divididos em living, banheiro e terraço, o espaço é inspirado nas premissas de uma arquitetura limpa e moderna que proporciona aos visitantes momentos de relaxamento, conexão e reflexão. A arquiteta, preparou projeções incentivando a consciência ecológica e uma tecnologia contemplativa e reflexiva. A sustentabilidade do projeto não diz respeito apenas a origem dos materiais, mas também ao seu descarte, todo mobiliário e painéis que serão reutilizados em outros locais, após o final da mostra, promovendo assim o uso consciente dos recursos.
De maneira única, Otto Felix traduziu o conceito do evento por meio de uma morada de 250m² que respira traços retos e mistura, harmonicamente, um lado rústico com o suprassumo da contemporaneidade. O projeto é dividido em living com lareira, cozinha e uma suíte com closet e baseado em três elementos principais: vidro, gesso e travertino romano que instigam por um morar mais reflexivo e desconectado, onde a proposta por uma vida mais simples foi estabelecida como referência. A forte presença desses materiais reinventa o conceito de casa de campo e traz uma releitura muito mais moderna e minimalista. Para amarrar o conceito de maneira ímpar, o arquiteto utilizou elementos e obras que já existiam, ou que foram criadas especialmente para a mostra, de artistas locais.
Em sua primeira construção de uma residência completa, Nildo preparou um projeto de 155m² englobando living, cozinha com sala de jantar, pátio com uma árvore ao meio e uma suíte máster. O projeto tem uma arquitetura limpa, abundantes em traços retos com curvas pontuais, procurando transmitir uma essência elegante e ao mesmo tempo rústica, que faz referência ao recôncavo baiano. A casa inspira uma natureza onírica por meio da abundância de texturas puras, onde a composição e combinação de distintos elementos possuem uma essência harmônica que transcendem o design, e que constitui um projeto rico, além de conversar com o universo que o arquiteto considera como seu planeta casa.
Fernanda Tegacini, Fernanda Morais e Nathalia Mouco, sócias idealizadoras da Très Arquitetura se juntaram com a Starbucks para criar a “Casa Grão”. Realizando sua primeira construção de uma residência completa no evento, as profissionais se guiaram pelo conceito do grão, que nomeia o projeto, e que se define não só pelo nascimento do café, mas sim pelo princípio de profusas vidas. Além disso, as premissas de uma geração que busca por uma vida mais desprendida, altruísta e humanizada, e as linhas do pavilhão de Mies Van Der Rohe, em Barcelona, também inspiraram a morada de 100 m² em formato de caixa de vidro, que engloba living, sala de jantar com uma pequena cozinha, terraço e uma suíte máster. A residência foi criada em uma estrutura de ferro leve, seca e sustentável e com uma arquitetura limpa, minimalista e elegante, que evidência a competência técnica do escritório, com um visual moderno e cheio de personalidade, pensado especialmente para um jovem amante e colecionador de café.
A Casa Moysés e a Triart Arquitetura criaram um projeto dividido em living, área gourmet e suíte. O grande destaque fica para a arquitetura e o espaço de refúgio criado para que os moradores possam recarregar as energias – neste sentido, as peças assinadas pela Casa Moysés, desenvolvidas com exclusividade para o projeto, proporcionam uma verdadeira experiência sensorial. Essas texturas diferentes – linho, lã e tricot do enxoval de cama e banho, além das mantas presentes no living – se unem aos conceitos baseadas no tema da mostra deste ano: tecnologia, aconchego, afetividade e sustentabilidade. Mobiliário e piso claro contrastam com o preto que traz o estilo urbano sofisticado para o projeto, e a luz natural faz um jogo de sombra e luz criando diferentes cenários. O criativo trio mesclou materiais de aspectos diferentes, trabalhando com elementos naturais em acabamentos nunca vistos – tudo de forma complementar e sofisticada – fugindo do lugar comum. E, para isso, todos detalhes foram pensados com muito cuidado para trazer personalidade ao ambiente – onde as criações da Casa Moysés desempenham um papel fundamental.
Com um olhar contemporâneo e simbólico sobre o morar, a dupla do renomado Casadesign elaborou a “Casa OAK | 02” com uma residência completa de 185 m², ladeada por um jardim, assinado por Kalil Ferre, que promete despertar em cada visitante o desejo de “estar” em casa. Para o projeto arquitetônico, Salvio Jr. e Moacir Jr. incorporaram a área construída às icônicas marquises do Jockey, preservando a memória e a estrutura histórica do local de forma criativa e ousada. Idealizada para imprimir ao público a sensação latente de acolhimento e bem-estar, a construção conta com um amplo living, uma incrível cozinha e sala de jantar integrados, uma confortável suíte, e um bucólico jardim externo que reforça a atmosfera de refúgio, pertencimento, além da sensação de estar por inteiro em uma casa. O nome do ambiente, OAK, vem justamente da característica marcante do revestimento das paredes em lâmina de carvalho natural.
A ancestralidade, a memória milenar inscrita no inconsciente dos povos, seus modos e costumes, tradições e conhecimentos, são características que se reproduzem nas histórias e se manifestam fisicamente na cultura. Seguindo esse conceito e ressignificando o uso de materiais, Gustavo Neves apresenta na Casacor a “Casa Sume” em parceria com a LG. Um espaço conectado que exalta a real sustentabilidade em todos os seus pilares: social, econômico, ambiental e no possível pilar cultural (que preserva a herança dos antepassados e os seus hábitos e costumes da comunidade para que os mesmos sejam valorizados). Para a construção, o arquiteto fez uso de dois métodos construtivos completamente ecológicos, o Straw Bale, comumente usados em construções naturais, que usa fardos de palha como elemento de vedação, tendo em vista a natureza renovável do material com alto valor de isolamento térmico, acústico e retardante ao fogo e a técnica da terra ensacada, chamada de superadobe, um processo no qual sacos de ráfia são preenchidos com solo argiloso e moldados no próprio local.
Com uma atmosfera acolhedora e distribuído em 100m², o ambiente todo integrado emprega elementos rústicos como madeira e pedras naturais, somadas à modernidade dos vidros estruturados, obras de arte contemporâneas e peças desenhadas em aço que se completam com delicadeza. A sensação de chegar e não querer mais sair de casa, é o conceito apresentado pelo escritório Olegário de Sá que apostou em obras de arte impactantes para transmitir esse clima sofisticado e acolhedor. Com a fachada do prédio histórico preservada garante a característica sóbria, aconchegante e convidativa, da Cozy House, que é um deleite aos visitantes.
Dona de um estilo único e reconhecida como umas das arquitetas mais importantes do Brasil, Debora Aguiar foi escolhida pela Todeschini para assinar o ambiente “Dolce Villa Todeschini by Debora Aguiar” em mais uma edição da Casacor SP. A casa contemporânea e clean de 480m², que representa toda a sofisticação e elegância de seu estilo, cria um verdadeiro refúgio urbano em meio à natureza, cheio de memórias e detalhes. Na fachada, a casa traz um grande painel com brises metálicos em alumínio reciclado que, já de fora, apresentam com delicadeza o que está por vir e permite o jardim interno permear os vãos com verdes e, ao mesmo tempo, levar luz natural filtrada aos espaços. Na entrada principal, uma marquise demarca o espaço e um painel de pedras irregulares delimita a casa, ladeado pelo jardim central. Como um eixo central, o hall divide a casa ao meio: de um lado a ala íntima e de outro a área social. Por fim, o jardim externo surpreende com uma linguagem moderna e minimalista, valorizando os espaços, criando momentos de relaxamento e contemplação.
Em sua estreia na Casacor São Paulo, o Studio Alex Bonilha criou o “Espaço Ser“, um living de 60m² traduzido por materiais naturais e ecológicos que trabalha a busca das conexões humanas como prioridade, sendo o ambiente o instrumento de recuperação e reencontro das pessoas com seus centros. No espaço, o arquiteto e a designer Mahely Oliveira mantiveram o teto original do Jockey, com o intuito de trazer a história do prédio tombado. Assim, o destaque fica para a paleta de cores em tons terrosos presente na treliça alocada logo na entrada. Além disso, alguns toques de cores fortes completam o layout e aparecem no verde petróleo do tapete e na obra de Siron Franco, concebendo, assim, uma essência viva e vibrante para o espaço.
Participando pela quinta vez da mostra, Bia Abreu apresenta um espaço com 116 m² para mexer com os sentimentos e aguçar os sentidos dos visitantes. Tudo isso, com uma mistura de espécies e cores que se destacam em meio a elementos retos com linhas bem definidas, que são capazes de integrar e criar um lugar acolhedor. O “Jardim dos Sentidos” se transforma em um oásis em meio às pedras e a estrutura em ferro da Casa Grão por Starbucks at Home, da Très Arquitetura. O ambiente pode ser dividido em três áreas com funções distintas: praça da entrada e dois pátios íntimo, que demostram a força do verde com composições tropicais que despontam em meio ao cinza sem deixar de lado o design e surpresa causada por pontos que surgem em tons de vermelho, cheiro tranquilizante das plantas e o conforto do calor do fogo dos tocheiros.
Além do espaço próprio, a arquiteta-paisagista ainda vai participar em composições nos espaços Casa Dendê, do arquiteto Nildo José, Estúdio Trigo, de Renato Mendonça, e a Casa Grão, da Très Arquitetura.
Em um ambiente de 45 m², Juliana Pippi criou o CO.Dinning para estar junto, degustar sabores, conversas, histórias e a própria presença. E evidencia, em todos e nos mínimos detalhes, a subjetividade que encara o momento. O nome dado pela arquiteta tem o prefixo “CO” que enfatiza a intenção de compartilhar, palavra empregada também no desenho da mesa “We Share“, projetada pela arquiteta especialmente para celebrar, e é o principal elemento de conexão e o fio condutor deste projeto. O jogo de texturas feitos por Juliana potencializa o efeito de acolhimento.
Em sua segunda participação na mostra, a dupla elaborou um terraço de 130 m² que expressa sensações e sentimentos por meio de composições ricas em referências e texturas que segue uma narrativa delicada, inspirada pela poética contemporânea e minimalista que norteia o novo morar. O espaço possui um living desconstruído, além de um bar/cozinha que transbordam bem-estar. O piso de nogueira natural contrasta com a paleta de cores baseada em tons rosados, trazendo conforto e o aquecendo. Bruno Carvalho e Camila Avelar criaram o terraço a partir de uma pintura à pó, muito mais sustentável, esbanjando design com intervenções artísticas de maneira com que os convidados consigam respirar, suspirar e se reconectar através dos elementos presentes ali.
Casacor São Paulo 2019
Até 04 de agosto.
Jockey Club de São Paulo – Av. Lineu de Paula Machado, 1.075, São Paulo.