Exposição de Mano Penalva repensa o uso de materiais banais

Até o dia 27 de julho, a Central Galeria vai ser palco da exposição “Acordo”, de Mano Penalva. Construída a partir da resignificação de diversos materiais, a mostra apresenta os trabalhos mais atuais do artista e convida para repensarmos o verdadeiro uso de objetos que já nos parecem banais.

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Na exposição, Penalva apresenta um conjunto de trabalhos inéditos, produzidos entre 2018 e 2019 e construídos a partir de um olhar sobre as coisas do mundo, do gesto e da circulação de mercadorias nas ruas. Para isso, materiais e objetos ordinários, como panos, cintos e sacolas, foram reorganizados como fragmentos de uma composição precisa.

No trabalho de Penalva é possível perceber uma espécie de “quebra da normalidade” desses objetos. O artista tem uma enorme delicadeza para demonstrar a capacidade de reconfiguração inesperada desses materiais, quando eles deixam suas funções originais e imprimem novas possibilidade e formas de pensar a sua existência.

Para a mostra, foram produzidos trabalhos que levam o nome da exposição, uma canção de trabalho – produzida em parceria com o cantor Paulo Neto – e um vídeo em parceria com o diretor Di Rodrigues e participação de Fernanda Pavão e Moisés Patrício.

Nas produções, o tema “trabalho” reforça a condição de “ofício artístico” que extrapola a relação produtor e produto, deslocando a produção artística de uma prática romântica, ao mesmo tempo que valoriza a labuta em diversos segmentos e o processo de tentativa e erro, onde o artista passa a ser “Artista etc”, como chamou Ricardo Basbauam.

Parte das esculturas vem do olhar para gestos e práticas do comércio informal – como os vendedores de rua – e tem seus nomes no diminutivo, como “Palhinha”, “Melzinho” e “Quentinho”, estabelecendo uma relação com a fala coloquial e sua afetividade.

O trabalho de Penalva parte do estudo da Cultura Material, mudanças de comportamento e efeitos da globalização. Sua produção é deliberadamente não-representativa, permitindo que os materiais e objetos ditem a forma e se unam quase que por conta própria. O artista explora a poesia obtida pelo deslocamento dos objetos de seu contexto cotidiano, trabalhando com diferentes mídias como pintura, fotografia, escultura e instalação.

Em “Acordo”, Mano Penalva traz à tona a ideia que a exponencial proliferação de objetos e imagens não se destinam a treinar a percepção ou a consciência, mas insistem em fundir-nos com eles.
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serviço:
exposição: acordo
abertura: 25.05.2019, das 14h às 17h
visitação: 27.05 – 27.07.2019
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