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Conheça Tati Pi: uma cantora ativista

Por Camila Martins

A artista, cantora e compositora Tati Pi vem  despontando como a tia, a empresária Eliana Tranchesi, que revolucionou a moda no Brasil unindo bom gosto e criatividade. Tati tem uma sensibilidade única com letras inteligentes e traça sua personalidade ligada ao intercâmbio cultural com pessoas de varias tribos. É conselheira e parceira do “C de Cultura”, que engloba várias ONGs ligadas a música, transitando entre o pop e o samba, sempre falando de amor, ela constrói um registro sonoro muito pessoal.

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Filha de Tânia e Otávio Piva, acionista da Expand há 40 anos e ex-dono do supermercado Santa Maria – que venderam em 2007 para o grupo Saint Marché -, ele também chegou a ter participação na Daslu, no primeiro endereço, junto com a irmã Eliana e outras pessoas da família. Apesar de toda essa herança comercial, Tati preferiu se enveredar para o campo artístico.

Em sua arte, ela cria uma identidade entendendo todos os meios sem frescura e sem perder sua essência de forma arrojada, delicada e sutil. Avança às fronteiras em que quebra as regras da sociedade e os preconceitos por meio da música. “Quanto mais eu fazia música, mais eu percebia que era o meu caminho”, diz.

Tati fez sua primeira música aos oito anos e estudou violão com 15 anos. Aos 18 anos foi estudar canto lírico com Ulla Wolf, depois seguiu para o canto popular. Há três anos mantém os estudos de canto com Andrea Drigo, no Caminho do Canto.

Em 2014, mostrou uma de suas composições ao amigo músico e produtor Fabio Góes. Ele a incentivou a gravar um CD.

“Eram músicas muito minhas e no começo eu não tinha coragem de mostrar para as pessoas, mas, com o tempo, percebi que as pessoas se identificavam com as letras e assim fui me libertando”, explica. “Em momento de fossa e melancolia produzo muito. Amo produzir samba, samba é cura”, acrescenta.

Recentemente, compôs um samba sobre história de amor dos seus avós. Há um ano, Tati lançou “Aurora” feita para despertar, acordar, abrir os olhos, como diz. Sandra Peres, uma das criadoras do grupo Palavra Cantada, foi a mentora musical de “Aurora”.

A artista já cantou em barzinhos com amigos, e em 2017, se apresentou em uma feira de moda a convite do Sesc Rio, quando abriu o show de Mariana Aydar e Mestrinho.

Ela também fez shows de pré-lançamento no Baretto e apresentou-se no Bona e Unibes Cultural, onde contou com a participação especial de Marina de la Riva e do rapper Cafuzo, da banda Aborigens.

Natureza e moda

Outra característica de Tati é sua forte relação com a Amazônia. “A Amazônia para mim é o contato com a fonte, com a essência, um resgate. Algo profundo, lugar de natureza limpa, de silêncio e de som, que te potencializa e te deixa em contato com Deus e a água.”

Sobre moda, negócio de sua família, ela diz isso  faz parte de sua história, mas que não enxerga como algo pasteurizado, muito pelo contrário, vê como uma manifestação artística e criativa. “A moda é forma de expressão, moda é arte”.

E vai além. Tati afirma que se identifica com a manifestação que a moda proporciona. E lembra que, quando era criança, costumava vestir uma saia e, em cima desta, amarrava apetrechos diferentes na cintura, ao que sua tia comentava que ela estava “vestida de moda”.

Periferia

Ativista é adepta do consumo consciente, além de ser favorável ao uso do transporte público, Tati está há 20 anos no terceiro setor e faz hoje consultoria independente. É conselheira e parceira do projeto “C de Cultura” com Ricardo Leal e Léo Mello, que engloba o projeto “De Jardim a Jardim” – movimento e banda – cujo resultado é uma música composta que promove a diversidade cultural para estabelecer vínculos entre pessoas do bairro dos Jardins até a periferia da zona Sul à periferia, em São Paulo, por meio da música, visando a diminuir o preconceito e promover o intercâmbio cultural entre pessoas de diferentes contextos sociais. Outra iniciativa é o “Mestre e Biomas”, em que preserva as raízes culturais brasileiras vindas de um acervo ainda não disponível de mestres das comunidades espalhadas pelo Brasil.

Um acervo intocável com o qual eles pretendem preservar a raiz do patrimônio cultural do Brasil.  Durante o Carnaval, ela vai para a Bahia e participa do Bloco Olodum.

“O Brasil tem um caldeirão gigante. A Bahia, por exemplo, é o berço da nossa cultura e onde nasceram todos os movimentos, não só artísticos como culturais. A banda Olodum, por exemplo, com todas as suas ramificações sociais e culturais, a percussão que atrai pessoas do mundo todo, ou o axé, o arrocha, samba-reggae, a Tropicália se misturando às guitarras elétricas e criando novos sons veem de lá. Um lugar que respira, sim, ritmos e criatividade musical. São muitos ritmos com muita alegria que vibra batuque. Houve uma quebra de preconceito linda por meio da força da música, com a cultura afrodescendente e, assim, hoje é uma das nossas maiores riquezas culturais. O nosso melhor cartão postal.”

Na hora de sair, ela não foge de sua filosofia de vida. Tati gosta de ir ao Al Janiah, um restaurante na Bela Vista, zona central de São Paulo, muito frequentado por refugiados de países árabes, onde participa de debates sobre políticas internacionais, estimulando o intercâmbio cultural com os refugiados.

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