Teresa Cristina é hoje o principal nome quando falamos em samba. Mãe de Lorena, de 10 anos, a sambista grava nesta quinta-feira (11.04), no Rio de Janeiro, seu quinto DVD da carreira, trabalho dirigido por Caetano Veloso e que faz parte de uma trilogia que homenageia grandes sambistas.
RG conversou com Teresa Cristina sobre esse novo trabalho e sobre sua carreira, leia a seguir entrevista completa.
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RG – Como é esse novo DVD? influências, principais músicas e tal…
Teresa Cristina – Esse DVD é do meu projeto cantando parte da obra de Noel Rosa – “Batuque É um Privilégio”, que iniciei no ano passado, com direção musical de Caetano Veloso. É o segundo – seguido de Cartola – de uma trilogia em homenagem a grandes sambistas. Gravamos o álbum no ano passado pela Uns Produções e agora vamos registrar o show em um DVD.
O DVD mostra muito mais do que gravamos no CD, tem o show e todo o “calor” das músicas e a interação com o público – que nesse caso, com o Carlinhos (Carlinhos 7 cordas – violonista) sempre rende. É “vivo”.
No show cantamos vários sucessos, como: “Feitio de Oração”, “Filosofia, “O X do problema”, além de: “Com que roupa?”, “Julieta” e “Dom de iludir” de Caetano Veloso – uma resposta a música de Noel “Pra que mentir?” que não estão no álbum e serão inéditas para o DVD.
RG – Como é São Paulo em sua carreira?
Teresa Cristina – Eu gosto muito de cantar em São Paulo. Levo todos os meus trabalhos sempre para apresentá-los. É um lugar muito importante do Brasil em que as pessoas conhecem e consomem muito samba. Lá existem muitos grupos de pesquisa “quase arqueologistas” que descobrem várias gravações de sambas inéditos. É muito bonito!
RG – Você aprendeu a cantar com o seu pai? O que cantavam juntos?
Teresa Cristina – Eu aprendi a cantar com a minha mãe, bem cedo. O meu pai (Lula – apelido) me colocava pra ouvir samba, mas cantar aprendi mesmo com minha mãe (Hilda), ouvindo muito Roberto Carlos e eu cantarolando ao seu lado.
RG – Quais são seus próximos projetos?
Teresa Cristina – Terminar a trilogia e o meu álbum autoral que estou preparando. Em tempo estou montando uma banda toda feminina para tocar o projeto “Um Sorriso Negro” onde canto repertório de compositores negros. É lindo.
RG – Como o samba se encaixa hoje na MPB em relação a outros ritmos que ganharam espaço?
Teresa Cristina – Ele é samba porque ele não se encaixa. Ele existe e continua. Esse espaço foi conquistado e isso é “inconteste”. O samba poderia fazer parte da MPB, mas infelizmente ainda existe essa separação. É música. É popular. É brasileira, mas não é considerado MPB pra alguns.
RG – Já pensou em gravar outros estilos de música? Se sim, qual?
Sim. Em 2008, gravei o projeto “Três meninas do Brasil” cantando MPB ao lado de Rita Benneditto e Jussara Silveira, acompanhada da banda Semente e em 2012 gravei um álbum inteiro cantando as músicas de Roberto e Erasmo Carlos, com a banda de rock “Os Outros”.
RG – Como o empoderamento da mulher se reflete hoje no seu trabalho e no samba?
Teresa Cristina – O empoderamento se reflete na minha vida em geral. Esse show “Um sorriso Negro” me coloca num lugar bem confortável – um palco somente com mulheres. O papel da mulher no samba já extrapolou – saiu desse lugar do que era ao redor da roda – a voz, a comida, o trato com as pessoas e hoje estão compondo mais, tocando instrumentos, construindo arranjos e daí é só pra frente.
Serviço
Theatro NET Rio – Rua Siqueira Campos, Nº 143 – 2º Piso,Copacabana, Rio de Janeiro. Às 21h.