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“Coisa Mais Linda”: uma história antiga sobre uma luta atual

Tendo o final dos anos 50 como plano de fundo, “Coisa Mais Linda”, nova produção brasileira da Netflix, estreia hoje na plataforma de streaming. Estrelada por Maria CasadevallPathy DejesusFernanda VasconcelosMel Lisboa, a série acompanha quatro mulheres em meio ao burburinho do surgimento da Bossa Nova.

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“Coisa Mais Linda” conta a história de Maria Luiza (Maria Casadevall), uma paulistana rica que se vê abandonada pelo marido e sem dinheiro, no Rio de Janeiro. Em meio a energia da cidade carioca, Malu decide seguir o sonho de abrir um clube de música e conta com a ajuda de três mulheres incríveis: a amiga de infância Lígia (Fernanda), a carioca batalhadora Adélia (Pathy) e Thereza (Mel), uma escritora moderna.

 

É possível ver o quanto a série é importante em tempos de discussão sobre igualdade de gênero, principalmente no carinho que as artistas têm ao falar da produção. “Ser de época causa um distanciamenteo no espectador que gera um conforto, mas que leva a refletir as coisas que temos ainda hoje e o que já mudou”, disse Mel Lisboa.

Em coletiva de imprensa sobre o lançamento da série, Pathy Dejesus se emocionou ao compartilhar que a história remete a batalha da sua avó e da mulheres negras da época. Mas a atriz mandou o recado para evitar um esteriótipo supostamente positivo, mas que pode trazer danos: “É perigoso alimentar a suposta força feminina da mulher negra. Não acredito nisso. Criamos um esteriótipo de que a mulher negra aguenta tudo e não é, nem precisa ser, assim”.

A atriz, que está grávida pela primeira vez, sentiu uma dificuldade especial para construir sua personagem. “É difícil visitar a história de seus antepassados negros. Para eles era mais difícil ainda registrar esses momento, pela dificuldade ao acesso de registros, como fotos, na época”, disse Pathy. Além disso, ela precisou fazer o caminho inverso para interpretar o seu oposto: uma mulher pouco empoderada num lugar sem poder de fala.

Para Fernanda Vasconcelos, um dos maiores desafios foi não tornar cada personagem uma caricatura do que elas representam. “Uma coisa é uma mulher que não tem espaço, outra é a mulher que não tem nem coragem de lutar por seu espaço. Isso não é aceitável. Mas é através da subjetividade que isso deve ser passado”.

Entre histórias diferentes, as personagens são as responsáveis por carregar a continuidade dos episódios. O cuidado estético que os diretores tiveram com a produção não deixa nada a perder para o cinema e ambienta os espectadores na época retratada. E um dos pontos principais está na música, que permeia toda a série, se torna uma personagem e apresenta o relacionamento dos brasileiros com a Bossa Nova.

Para Maria Casadevall, a coisa mais linda é que as mulheres do nosso país, conhecendo as estatísticas, tenham a integridade física e moral respeitada. “Mais linda ainda é que as mulheres se sentissem representadas e tivessem seus espaços de fala”, acrescenta a atriz.

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