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Vítor Kley desembarca em Lisboa para cantar

Por Victor Drummond, de Lisboa

Vitor Kley chega nos lugares com uma presença completamente alto-astral, sorridente e solar. Não é à toa que a música que catapultou seu sucesso leva o nome de “O Sol”, com letra e música dele.
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De passagem por Lisboa para divulgar suas canções (onde voltará em agosto para fazer show) nas rádios e canais de televisão portugueses, Vitor concedeu com exclusividade essa entrevista para Victor Drummond. O artista falou de sua conexão com a natureza, de sua surpresa pela receptividade e reconhecimento de seu trabalho em Portugal, sobre moda e como ele espera que a música possa mudar o mundo.

Você é um cara muito conectado com esse lance de energia, que tem suas crenças muito conectadas com a natureza e com a vibração do próximo, né?
Muito. Eu busco estar conectado com os valores mais certos da vida. Quando a gente está perto de Deus, estamos mais perto da natureza, da criação d`Ele. E energia é algo que não se pensa muito, se sente. Fico muito feliz quando meu som pode passar isso. Agradeço muito quando vocês falam que quando chego há uma energia solar, porque levar energia para as pessoas é a melhor coisa do mundo. Jamais vai ser exagero levar coisas boas, passar coisas boas.

E você traz essa vibe da natureza para os momentos que você compõe, para escrever uma letra?
Sim, a música “O Sol” surgiu assim. Eu tava surfando em Balneário[Camboriú], na cidade onde meus pais moram e eu saí da água do mar; tava um dia meio nublado e eu fiquei pensando: “caramba, se tivesse sol aqui hoje, cara, ia ser um dia incrível.” E fazia dias que o sol não aparecia. Quando cheguei em casa peguei uma folha em branco e escrevi uma carta mesmo pra ele.
[Vitor canta à capela trecho do sucesso “O Sol”, composto por ele]. E assim vai, e foi assim que eu comecei a carta mesmo pro sol, pedindo que ele apareça. É mesmo um diálogo com o sol, o lance que tu falou da natureza; conversei mesmo com ele mesmo, acredito. Quando eu escrevi não imaginava que ia me levar para outro continente, atravessar o oceano, que ia ser um hit tão grande no Brasil e agora começando a ser um grande hit aqui em Portugal, né?

Você está em Portugal, em Lisboa. Vendo seus stories, dá pra perceber a sua alegria, a sua gratidão por estar em outro país, em outro Continente. Como é para você estar em outro país levando sua música?
Primeiro é incrível porque é o primeiro passo internacional que eu dou na minha carreira. É muito louco; cheguei aqui e uma menina no aeroporto pediu para tirar foto. Aí no carro começou a tocar minha música. Pra mim parece que estou num sonho. Mas não é um sonho, é uma realidade. A gente tava ali agora visitando a Torre de Belém e tem o MAAT ao lado [Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia]. Tinha uma excursão de escola e a galera já colocou minha música pra tocar, pediram pra tirar foto, não estavam acreditando que eu estava ali e eu fiquei muito feliz, porque quando saí lá do Brasil não imaginava que isso era assim. Até criei um negócio na cabeça que aqui seria um recomeço. Vai ser como no começo do Brasil, que vou ter que ir tocando devagarinho, a galera vai conhecendo, talvez ninguém vai conhecer a música ainda, mas vamo lá, vamos nos jogar, tem que ir, né? Mas quando eu cheguei aqui, fui muito surpreendido. Uma coisa que eu gostei muito foi principalmente dos portugueses mesmo; eles são muito legais, muito carinhosos, muito educados, receptivos, respeitam muito, tem um cuidado com tudo. Eu achei muito legal a maneira deles serem. A surpresa que estou tendo com a minha arte, as rádios felizes para caramba de eu ir até elas visitar pessoalmente, tocar meu som ao vivo, conversar, contar a minha história. Eu vi que eles ficaram bastante felizes com isso e cara, eu tô amando tudo. Por fim, eu tô amando a comida portuguesa.

E como você tem reagido à essas tantas sensações, Vitor?
Você tinha falado da gratidão, esse é um dos principais princípios, se for falar de mim, eu acho sou um cara muito grato. Levanto muito grato pela vida que eu tenho, vou dormir muito grato pela vida que eu tenho, às pessoas que conheço na caminhada… Caramba, cara! A gente tá caminhando, a gente tem saúde, tá enxergando as cores, a gente consegue escutar uma música boa e divertir com isso. Como tu falou, tô em outro continente, divulgando meu trabalho, conhecendo novas pessoas, podendo fazer mais pessoas sorrirem ouvindo meu som. Então eu acho que isso fica mais estampado na minha cara, essa satisfação, essa gratidão, quando posto stories, quando eu tô aqui numa entrevista contigo. Isso fica muito nítido que eu tô muito feliz e grato por tudo isso que tá acontecendo, sabe?

Você tem um preparo musical. Desde criança seus pais te incentivaram na música, te presentearam com instrumentos. Suas modulações e seu timbre vocal são bem maduros. Quem são suas referências musicais nacionais ou internacionais?
Nacionalmente sou fã do Armadinho, que é um cara que fez muito por mim, que virou meu amigo, meu padrinho musical. Quando eu tinha quinze anos ele me conheceu e já me levou pra um show pra cantar com ele, sabendo que eu era muito fã. Sei todas as músicas, de todos os discos, sei tocar, sei cantar. E depois com dezesseis anos ele me apadrinhou mesmo, me levou a gravar um disco um ano depois, me levava pra todos os shows, eu contava minha história, eu subia no palco com ele, cantava uma música minha com ele, que ele é mega fã até hoje, que foi a que abriu as portas com ele. Acho que ele é a minha principal inspiração no Brasil. Também sou muito fã de Barão Vermelho, Cazuza. Internacionais, sou fã de Supertramp, uma banda que mudou a minha vida, meu pai que me apresentou. Até hoje eu tenho um disco deles, só com os clássicos, como “Dreamer”, “Logical song”, sou muito fã. Minha mãe tinha o vinil com 5, 7 faixas eu acho dos Beatles, tipo um EP de vinil. É uma banda que também estudei um pouco a história, assisti aos documentários deles, “Anthology”, todos. Atualmente sou muito fã de Ed Sheeram, Bruno Marz, Cold Play, umas coisas pop assim. Oasis também é uma banda que sou mega fã, apesar do Liam e Noel [Gallagher] ser um dos caras bem diferentes da minha proposta de vida, mas eu gosto muito do som. Talvez aquilo [as brigas, polêmicas e envolvimento com drogas] seja a verdade deles então cada um é um pouco diferente, mas eu gosto muito da arte deles.

Vi que você é um cara ligado em estilo. No elevador você elogiou a minha jaqueta. Qual sua relação com moda?
Eu acho que de uns tempos pra cá eu virei um cara mais ligado a isso pelo fato de a música ter dado muito certo no Brasil, agora dando certo aqui em Portugal. Comecei a ficar mais antenado talvez até para aparecer mais bem vestido. Antes eu usava as roupas muito parecidas, eu era do surfe, né cara? Então no surfe a gente usava o que era mais simples assim; a camiseta era mais básica, a bermudinha e tava tudo certo. Mas comecei a tomar mais cuidado. Eu gosto desse jeito mais despojado, mais rasgado. Eu gosto muito das botas [mostrando as suas]. O Rick Bonadio que é meu produtor também é bem preocupado com esse negócio de roupa, do visual. Eu tenho um cuidado assim legal, mas não é uma coisa que me preocupo muito, que dou muito valor. Muita vaidade eu não tenho. Até o cabelo eu deixo o mais jogado possível…

E como você acha que a música pode melhorar o mundo que anda muito maluco e fazer com que ela transforme as pessoas?
Essa é uma das perguntas mais fundamentais, porque a música realmente muda o mundo. Então a gente tem que preocupar muito. A música é um complemento de poesia, de verdade, de energia, de musicalidade. Então a gente tem que se preocupar de verdade para que ela entre de verdade no coração das pessoas. O Victor, tu, que tá me ouvindo, que tu consiga se conectar comigo, saca? Eu vivi um episódio agora num show em Brasília, que a Ana Luísa, uma garotinha de 5 anos – fiquei sabendo que ele teve um câncer. Ela estava se recuperando, fazia bastante quimioterapia, radioterapia. Ela estava bem magrinha, sem cabelo e ela falou que a força dela nas operações era ouvir “O Sol”. Então todo mundo do hospital sabia cantar “O Sol”. Tinha que ser essa música toda hora que ela tinha que fazer uma operação mais complicada. Eu fui tocar em Brasília e acabei conhecendo ela. Ali eu vi o verdadeiro sentido das coisas, sabe? Sempre sonhei muito isso, de ver meus ídolos ajudarem várias pessoas, curarem, serem a solução de vários problemas de algumas pessoas, de desafios, mas nunca tinha acontecido comigo. Foi a primeira vez. Aí quando vi ela, realmente botei meus pés no chão de novo e falei: “é pra isso que estou aqui sabe? Esse é meu valor, minha missão, para o desafio de uma família, como a família da Ana, que é uma família incrível”. Ela foi ao palco, cantou comigo “O Sol. E ela se emocionava, chorava. Cara, esse é o maior privilégio que tenho na minha vida, fazer o bem para as pessoas. E a música é isso; todo mundo que for seguir alguma carreira tem que querer fazer o bem às pessoas. Seja fazer as pessoas dançarem com o ritmo, fazer as pessoas sorrirem, as pessoas lembrarem de coisas boas, sabe? Enfim, essa história resumida é uma coisa que me fez muito bem. A Ana é uma que pra sempre eu vou ver ela na minha frente. Quando eu tiver reclamando da vida por alguma coisa “ah, caiu aqui meu celular no chão, caramba! Tenho que me vestir assim, não tenho a roupa.” Hey? Por que tu tá falando isso?

É só lembrar das várias Anas da vida e o quanto sua música faz bem para a vida dessas pessoas…
É… quantas Anas podem ter por aí que eu não sei… Tive a oportunidade de conhecer a Ana, mas devem ter inúmeras pessoas que gostam da minha música e ela pode ter o mesmo significado… Tudo também com o entretenimento, com a comunicação, também é um exemplo, sabe? A gente tem que preocupar muito e lembrar sempre disso; aí a gente retorna aos verdadeiros valores que é o abraço, o tocar [ele toca no meu braço], o dizer eu te amo, tamo junto, abraçar, querer ajudar. Acho que isso é o mais importante, porque a música reconecta as pessoas, ela une as pessoas.

Alguma collab futura com essa sua energia que você tem para doar para o mundo, sejam compondo, seja um feat com alguém?
No meu disco “Adrenalizou” tem uma participação com a Kell Smith na “Bem Te Vi”, que foi uma música que a gente escreveu junto mesmo. E outra produção do Bruno Martini, que produziu “Morena”, uma música que tá dando muito certo lá no Brasil, junto com “O Sol”. Futuramente eu pretendo lançar alguma coisa com Melim, que são grandes amigos meus, ou talvez com a banda Lagoon, uma banda que tá indo super bem no Brasil, o Pedro que é o vocalista é muito meu amigo. Até o convidei pra cantar num festival lá no Brasil. Sei lá; sou um cara que com meus amigos sou capaz de fazer tudo. Porque unir, pode alavancar cada vez mais o cenário; feat põe o cenário muito em alta, né?

Sim; você traz dois públicos que não se conheciam, que não conversam entre si e que entendem que há um ponto em comum que é a música…
Exatamente; e sei lá. O Brasil tá numa onda tão boa de gente nova surgindo, que vale muito a pena. Sou super a favor disso. Pode rolar muita coisa nesse ano de 2019, pode rolar uma collab muito boa. Não sei com quem, mas estou totalmente aberto.

AGRADECIMENTOS: Perfexx, Vidisco, Now Coworking, Kitschen Café, Drummnond Comunicação, Sebastian Crayn

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