O artista plástico paulista Sanches planejou durante um ano sua primeira grande exposição solo, que abre agora, no dia 31 de janeiro, na Galeria Branco, nos Jardins, em São Paulo. Intitulada “Rapsódia”, a exposição vai receber 28 peças entre telas, papel e escultura do artista que foram desenvolvidos ao longo de 2018 durante suas residências criativas e produtivas em Miami, Nova York, São Paulo, Amsterdã e Dublin.
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A mostra integra fortes variações de tema e intensidade, sem a necessidade de seguir uma estrutura predefinida. Para cada sentimento, o artista desenvolveu um símbolo, com a intenção de que o público interprete as obras da sua própria maneira.
Conhecido por seus “letterings”, que atribuem uma identidade única e marcante às obras, Sanches, que possui trabalhos na main street Wynwood (Miami) e no coração de Dublin, na Irlanda, vai expor suas obras (todas à venda) que variam de 60cm x 40cm à 1,80m x 1,60m, das 10h às 22h, para livre visitação do público.
Leia a seguir íntegra da entrevista com o artista.
RG – Onde nasceu e onde vive atualmente?
Sanches – Nasci em São Bernardo do Campo e cresci em Santo André, ABC Paulista. Em março deste ano completam-se quatro anos que me mudei para São Paulo.
RG – Quando e como passou a se interessar por arte?
Sanches – Eu sempre digo que faço o que faço por que é isso que sou. A arte caminha ao meu lado desde criança. Meu primeiro desenho em tela foi em 1998, mas foi com 14 ou 15 anos que comecei a me interessar por pichação e grafite, e certamente essa foi a força motriz da minha paixão pela arte. Com 17 anos eu já dividia meu tempo entre tinta, faculdade de arquitetura e trabalho. Aos 21, pedi demissão do escritório de arquitetura e fui viver de arte. Desde então, venho colaborando com minha criatividade em murais, obras de arte, carros e cenografias.
RG – Quais são suas principais referências/influências?
Sanches – Acredito que minha maior referência e o que me tornou um artista foi meu pai, ele sempre foi uma pessoa criativa, executora e mente aberta e esse aprendizado que carrego dele hoje me faz o artista que sou. A minha maior influencia sem dúvida foi o “picho” e as crews de pichação, foi por eles que me apaixonei pela tipografia e foi a partir daí que tudo se iniciou. Assim como Fasquia [Jean-Michel], em Nova York , quando me mudei para São Paulo ganhei muitos amigos músicos e frequentei muitas das imersões criativas deles. Essa identificação com a atmosfera de 1970 me traz Jean como uma grande referencia também.
RG – Quando se dá o salto da arte de rua para as telas?
Sanches – Em 2013, comecei a vender algumas obras pela internet para levantar grana e, em pouco tempo, percebi o quanto eu era apaixonado por produzi-las. Acho que o desafio na época de sintetizar todas as minhas referências da rua numa tela em branco fizeram dessas produções minhas preferidas atualmente.
RG – Como foi a primeira exposição e onde?
Sanches – Minha primeira exposição foi em 2015, na antiga Galeria Oscar 48, do galerista Luis Maluf, em São Paulo. O contato com o público e, principalmente, com cada refexão singular das pessoas sobre meu trabalho naquela época, foram e ainda são minhas forças maiores.
RG – Por quais países já passou?
Sanches – Em 2017, estive em Miami para a produção de um mural em Wynwood e exposição no Art Basel com 7 obras. Já em 2018 fui a Nova York e Amsterdã para produções artísticas e, para Dublin, fazer o maior mural de um artista brasileiro por lá junto a Jameson.
RG – Nessa exposição em São Paulo há uma seleção criada especialmente para a mostra? É sua maior exposição?
Sanches – Será minha maior exposição já produzida, com 28 peças entre telas, papel e esculturas, planejo essa exposição há um ano. No início, eu decidi produzir 20 obras calcadas sobre um mesmo tema e sentimento, mas durante as produções percebi que eu e minha criatividade estávamos mais conectados a trafegar entre mais de um sentimento dentro do meu trabalho. Então os produzi e os organizei para demonstrar em sete passagens sensoriais os diferentes sentimentos percebidos e expressados por mim durante esse processo. Como uma musica de sete ritmos diferentes, composta pelo mesmo artista. Daí vem o nome da exposição: Rapsódia.
RG – Como você avalia o atual momento de sua carreira?
Sanches – Sou muito grato por tudo que venho fazendo, criando e compartilhando. Nos últimos anos, tive desde a oportunidade de produzir toda a cenografia de um grande festival, até assinar toda a produção artística do lançamento mundial da faixa “Cante Por Nós”, do Vintage Culture. Atualmente tenho dado mais prioridade para as obras de arte e exposições. Fiz uma viagem a Fernando de Noronha no final de 2018 e, de lá, trouxe um material inspirador incrível, ali mais uma exposição começou a nascer.
RG – Como você vê a arte aliada à moda?
Sanches – Acho que é um caminho inerente, a moda em sua essência mais pura já é arte. De qualquer forma, também sou totalmente a favor da colaboração entre mentes criativas de diferentes espectros.
RG – Fale um pouco das collabs, com que marcas gostaria de criar?
Sanches – Gosto de trabalhar em collab com marcas que me identifico e que trazem projetos desafiadores e disruptivos. Tive a oportunidade de pintar um carro para o lançamento da BMW X2 e desenvolver identidade visual para o lançamento oficial da camisa de futebol da Nike para a copa no Brasil, entre outros projetos incríveis. Mas se for para pensar em único nome no qual eu tenho o sonho de trabalhar junto é a Tesla.
RG – Além do Brasil, onde gostaria de ter uma individual como esta que abre em São Paulo no dia 31?
Sanches – Como disse, meu foco para esses próximos anos são as exposições, tenho um publico grande em Miami, talvez a próxima solo seja lá, mas as cidades que me fascinam para expor atualmente são Nova York e Berlim.
“Rapsódia”
Galeria Branco – Rua Consolação, 2.391, Jardins, SP.
Abertura: 31/01 (quinta-feira), das 10h às 22h.
Informações; Site; Instagram.