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Cineasta Chantal Akerman ganha mostra inédita no Rio de Janeiro

A cineasta Chantal Akerman (1950-2015) realizou mais de 40 filmes e, para celebrar seu legado, o Oi Futuro inaugura, nesta segunda-feira (26.11), a primeira exposição no Brasil sobre a obra da artista e sua inserção no universo das artes visuais. Dona de um olhar singular sobre o universo feminino e construtora de um ritmo que rompeu com vários dos cânones do cinema de seu tempo, Chantal ocupará, com quatro videoinstalações, três andares do centro cultural no Flamengo, no Rio de Janeiro.

“Chantal Akerman – Tempo Expandido” é uma mostra inédita, que conta com a curadoria de Evangelina Seiler e tem sua montagem supervisionada por Claire Atherton, uma das colaboradoras mais próximas de Akerman. O objetivo é aproximar o público brasileiro da estética, do estilo e sobretudo da visão particular da artista sobre o universo feminino. Beto Amaral, da Cisma, idealizou a exposição em 2014, em parceria com a galeria Marian Goodman. Daniela Thomas e Felipe Tassara assinam a expografia da mostra.

“Há um ano que estou completamente dedicada ao universo de Chantal Akerman”, conta Evangelina. “Estou muito feliz por ter sido convidada para essa curadoria tão especial. Nosso grande objetivo é fazer com que a obra mais que singular de Chantal Akerman chegue ao maior número possível de pessoas. É muito importante que cada vez mais gente conheça a magnitude e a importância do trabalho dessa grande diretora.”

As experiências de Chantal Akerman no terreno das videoinstalações a levaram a participar de algumas das mostras mais importantes do mundo, como a Documenta de Kassel (2000) e a Bienal de Veneza (2001 e 2015), entre outras. Suas obras nessa área foram desenvolvidas com base em alguns de seus próprios filmes – aos quais acrescentou material de novas filmagens que realizou.

O Oi Futuro receberá quatro videoinstalações da cineasta: “In the Mirror” (1971-2007) exibe uma cena de um dos primeiros filmes da cineasta (“L’Enfant Aimé” ou “Je joue à être une femme mariée”, 16mm, de 1971), na qual uma jovem nua, em frente a um espelho, examina o próprio corpo detalhe por detalhe.

“La Chambre” (2012) foi criada a partir de imagens do filme homônimo de 16mm, lançado em 1972. O filme é uma longa e lenta panorâmica que descreve repetitiva e continuamente o espaço de um quarto. No leito, Chantal Akerman – primeiro sentada e imóvel e, quando a câmera retorna, comendo uma maçã. Trata-se tanto de um autorretrato misterioso da cineasta em seu lugar previsível, quanto o equivalente, para o seu cinema, a uma natureza morta: reunir seus motivos pessoais em uma descrição repetitiva para melhor descartá-los em seguida.

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“Maniac Summer” (2009) é composto por imagens e sons gravados em Paris, no verão daquele ano. É um tríptico abrangente, sem começo nem fim, sem um assunto ou tema específico. A câmera é posicionada na frente à uma janela e fica ali rodando. Observa movimentos, registra ruídos que vêm da rua ou do parque próximo, e também capta Chantal Akerman em suas rotinas normais no apartamento: fumando, trabalhando, falando ao telefone.

A quarta obra será “Tombée de Nuit sur Shanghai” (2009), com projeções de imagens do episódio homônimo dirigido por Chantal Akerman para o filme “O Estado do Mundo,” que reuniu seis diretores de vários países e foi produzido em comemoração aos 50 anos da Fundação Calouste Gulbenkian, de Portugal.

Chantal Akerman – Tempo Expandido
Abertura: 26 de novembro às 19h
Visitação: 27 de novembro 2018 a 27 de janeiro 2019

Oi Futuro: rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo. De terça a domingo, das 11h às 20h. Entrada Franca. Classificação etária: livre

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