Quando Rodrigo Pandolfo interpretou o maestro João Carlos Martins no cinema em “João, o Maestro”, de 2017, já poderia se considerar privilegiado por protagonizar a biografia de tão ilustre personagem. Recentemente, outro convite surgiu para o ator, partindo diretamente do maestro.
“Ele me ligou e eu só lembro da frase: ‘Querem fazer uma peça sobre a minha vida e eu disse que só topo se for você’. Foi um daqueles presentes inesquecíveis”, conta Pandolfo para RG.
A peça, neste caso, é “Concerto Para João”, que tem direção de Cassio Scapin, roteiro assinado por Sérgio Roveri e estreia marcada para agosto no Teatro Faap, em São Paulo. Os ensaios começaram nesta semana, e em meio ao processo de leituras e trabalho de mesa, o desafio de Pandolfo é, como ele mesmo disse, descontruir para reconstruir.
“Cinema e teatro são veículos muito distintos, então, invariavelmente, existe um pequeno abismo entre os dois. O que posso afirmar é que agora, certamente, vou descobrir camadas mais profundas e me apropriar com mais segurança dessa figura tão interessante”, explica o ator.
Aclamado internacionalmente como pianista, sobretudo pelas gravações da obra completa de Bach, Martins é um verdadeiro exemplo de superação. Com algumas doenças graves e acidentes trágicos pelo caminho, precisou deixar de lado a carreira no piano ao ficar com as mãos atrofiadas. Foi quando descobriu na regência a solução para manter a música, uma de suas paixões, por perto.
Por tudo isso, o fascínio pela biografia do maestro é ainda maior para Pandolfo: “A vida do João me causa identificação. É impossível assisti-lo tocar aos 30 anos e não se comover. É impossível ouvi-lo contar suas histórias e não se emocionar. É a trajetória de um artista. Sempre vai mexer comigo”.