Uma coleção de fotos jamais publicadas apresenta uma nova faceta de um Japão que já não existe mais. As imagens, datadas do século 19, foram feitas pelo italiano Felice Beato, um dos primeiros fotógrafos ocidentais a receber permissão para entrar no país oriental, que ficou fechado para o mundo até 1850, quando seus portos foram abertos.
A responsável por trazer as imagens à tona é Rossella Manegazzo, autora de “Lost Japan”. O livro, lançado recentemente no exterior, usa as fotos de Beato para contar a história de um passado japonês raramente visto, no qual são apresentados ideais de beleza que transitam entre samurais tatuados e as tradicionais cerimônias de chá.
“Até 1900, Yokohama [cidade onde Beato vivia], em um período quando o Japão era um país a ser descoberto, era uma das cidades mais internacionais do mundo”, diz Rosaella em entrevista à CNN.
Beato viajou pelo país para documentar as pessoas, costumes e paisagens, tendo como inspiração a xilogravura japonesa, técnica artística em que imagens são entalhadas em madeira e usadas como uma espécie de carimbo para transferir o desenho para o papel ou tela.
O fotógrafo contou com a colaboração de pintores, que o ajudaram a incluir aquarela em suas fotos. As intervenções deram cores aos registros preto e branco com as tintas coloridas.
As fotos de Beato apresentam cenas domésticas, que incluem o uso de tecelagem e a fabricação de cachimbos. Representações de motoristas de riquixás (carroças de duas rodas puxadas por homens) e monges budistas mostram os diferentes estratos da sociedade japonesa da época.
Na época que as imagens foram feitas, era comum que fotógrafos orientais e ocidentais usassem modelos japonesas pare recriar a vida cotidiana nos chamados “distritos do prazer”. Por isso, a beleza feminina é um dos principais assuntos abordados nos cliques, com mulheres usando maquiagem branca, gueixas e quimonos coloridos.
Segundo Manegazzo, “buscava-se o que era exótico, e a pele branca das mulheres japonesas – junto dos penteados peculiares, quimonos e objetos cotidianos – representava o que era mais desejado”.