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” A solidão da mulher negra tem várias dimensões”, opina Luedji Luna

Luedji Luna é a convidada do podcast Aos Cubos desta semana. A cantora baiana – que transita pela World Music com um som afro e experimental e faz uma ode ao Brasil e à África – falou, entre outros assuntos, sobre a vontade de lançar um novo disco.

“Esse segundo disco eu estou sem violão [para compor]. Estou mais letrista, compositora, mesmo. Estou compondo bastante com Françoise Moleka, ele que fez os arranjos do primeiro”, diz. Nos próximos meses, ela circula por quatro estados, levando o show do atual disco em apresentações solo e festivais.

Luendji fala também sobre a solidão, um tema que por muito tempo a acompanhou. “Tive uma narrativa diferente de muitas, já que fui criada por pai e mãe. Então não sofri essa solidão paterna. A solidão da mulher negra tem várias dimensões, não só afetiva, amorosa e sexual”, opina.

“Na adolescência, tava num contexto hostil porque fui criada por pais que eram funcionários públicos, classe média, estudei em colégio particular, ambientes onde a maioria era branca e eu não era objeto de desejo dos meus colegas, pensando por uma ótica hétero-normativa”, encerra por volta de 38 minutos.

Outro assunto na conversa foi a escolha de repertório sobre seu primeiro disco, “Um Corpo no Mundo”, e como foi sua mudança para São Paulo, há três anos. “Só ano passado houve uma demanda minha e do público, ja que estava conhecida por conta da internet”, explica sobre ter ganhado o edital Natura Musical, selo pelo qual lançou seu trabalho de estreia.

Como muitos amigos no meio do audiovisual, em breve talvez seja possível ver o rosto de Luedji nas telonas ou na própria TV. “Eu estou transitando muito nesse universo, eu gosto. Em algum momento vai rolar. Já atuei em clipe, como uma médica no vídeo do Rincon Sapiência, e campanha publicitária. Eu também já cantei em uma peça de teatro”.

Luendji encerra o programa contando sobre sua experiência de viver no Canadá no fim da adolescência. “Fui pra la com 17 anos, completei 18 lá. Não necessariamente aprendi a língua, mas foi quando tive mais contato (com o inglês). Perdi a virgindade, fiz amizade, fiz musica, foi uma experiência empoderadora. Fui muito jovem, tive meu primeiro emprego lá porque tinha que pagar as contas, comer. Me deu esse tino pra viajar, sair, desgarrar e estar no mundo”, comentou no bate-papo. “Tenho saudade da família, dos amigos, mas quando a gente se mobiliza, a gente sai da zona de conforto”.

Além de cantora, Luedji é a idealizadora do projeto Palavra Preta, mostra que humaniza e dá voz a mulheres pretas no campo da poesia e outras artes ao lado de Tatiana Nascimento, da editora Padê Editorial, também com foco em cultura LGBTQIA.

“Até no movimento feminista, sentíamos falta de espaços para protagonizar ao lado de mulheres brancas, aí montamos nossa primeira mostra em Salvador”. A segunda aconteceu no festival Latinidades, e a terceira acontece neste fim de semana, em Brasília.

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