Sabe a expressão “isso é muito Black Mirror”? A China levou a sério. A partir de maio, pessoas classificadas com ‘notas baixas’ em uma base de dados ligada ao governo serão proibidos de viajar por companhias aéreas chinesas e estrangeiras que quiserem aderir ao sistema.
A ideia surgiu com o aplicativo Zhima Credit, que considera a situação de créditos dos chineses (se ele pagou as contas em dia, se deve para o banco etc) e transforma isso em pontos.
Além da questão financeira, a plataforma permite que todo cidadão chinês pontue (ou baixe a pontuação) de pessoas com quem convive – no trabalho, na família e até desconhecidos dentro do avião – de acordo com a habilidade de socialização. Grosserias, por exemplo, contam pontos negativos, mais ou menos como a pontuação dos motoristas de aplicativos de carona.
Com base no banco de dados do Zhima Credit, partir de maio, o governo chinês poderá classificar os cidadãos com notas de 350 a 950 e “atos de séria desonra” poderão vetar a compra de passagens de avião ou trem.
A ideia chamou a atenção do mundo pela similaridade com o episódio Nosedive, da terceira temporada de Black Mirror. Na produção, os pontos conquistados por cada indivíduo permitem ou não o acesso a determinados lugares, como restaurantes de luxo, cargos altos e até determinados bairros.
O projeto já foi usado por bancos para negar empréstimos a chineses de “conduta inadequada” e segue os ideais do presidente Xi Jinping: “uma vez não confiável, sempre restrito”.