Por André Aloi
Elza Soares está com a agenda cheia. No fim do mês, sobe ao palco do Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiro, para o lançamento da versão em vinil de “A Mulher do Fim do Mundo”. Serão três shows, nos dias 27, 28 e 29 de outubro. Em um deles, Liniker participará da faixa “Benedita”, originalmente cantada pelo cantor Rubi.
Com duas indicações ao Grammy Latino, a cantora septuagenária deve aterrissar em Las Vegas para receber os possíveis gramofones em 18 de novembro. Ela faz mistério ainda sobre uma suposta apresentação: “Ainda não sei, cara. Fico até emocionada”. Mas se pintasse o convite, iria na hora. “Cantaria ‘Maria da Vila Matilde’. Essa música faz parte da liberdade às mulheres, do sufoco ao sofrer calada dentro de casa. Tudo a ver com gritar. Gemer, só de prazer”.
“A Mulher do Fim do Mundo” concorre ao prêmio de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira na premiação, e a faixa “Maria da Vila Matilde” pode receber o título de Melhor Canção em Língua Portuguesa. “Coisa maravilhosa. foi muito bom”, explica ela sobre as indicações. “Quando estava em estúdio, pensava em fazer um disco com minhas músicas de luta, não esperava um sucesso tão grande como está sendo”.
A canceriana de 79 anos também está com o passaporte carimbado para uma série de apresentações no exterior: Alemanha (10.11), o festival Le Guess Who?, em Utrecht, nos Países Baixos (em 12.11), e Londres (13.11). “Quando artista vem lá de fora pra cá, não muda nada. Então, não tinha porque mudar (o setlist)”, afirma.
Também já está tudo arranjado para que ela grave um DVD dessa turnê, na comunidade de Centre Ville, em Santo André. “É muito bom você escolher uma comunidade pobre, que precisa. Quando você chega lá com a música, é muito bom”. O show vai levar 15 artistas para o maior palco de todos que já pisou, com diferentes participações especiais .
Como sempre foi uma artista à frente de seu tempo, Elza acredita na força da mulher e na igualdade de gêneros há tempos. Dos artistas novos, sem querer puxar sardinha para um lado, mas depois de muito pressionada, solta: “Tenho medo de escolher e cometer uma gafe. Todo mundo busca um caminho. Uns com mais força, é absurdo. Gosto da Karol Conka, acho ela uma gracinha”, pontua.
SHOW EM SP
Nos três shows de São Paulo, no fim do mês, um deles terá a participação de Liniker, que já é grande coisa por toda sua representatividade. Sobre as questões de gênero, levantadas pelo artista no início da carreira – ao usar roupas femininas, batom e um discurso desconstruído -, Elza acho natural. “Cada um faz o que quer da vida, ninguém tem que se meter, a vida é sua”. Ela diz que ouviu algumas vezes sua música e ficou apaixonada, então surgiu o convite. “Foi uma escolha bem feliz”.
Com direção-geral de Guilherme Kastrup, o espetáculo traz a cantora sentada em um trono metálico em meio a um cenário cercado por mil sacos plásticos de lixo, na concepção de Anna Turra, que assina o cenário, a luz e as projeções. Elza contracena com o naipe de metais do Bixiga 70, além dos cantores Rodrigo Campos e Rubi. A banda é composta por Kiko Dinucci, Marcelo Cabral, Rodrigo Campos, Guilherme Kastrup e DaLua.
SERVIÇO
ELZA SOARES – LANÇAMENTO DO VINIL “A MULHER DO FIM DO MUNDO”
Dias 27, 28 e 29 de outubro (quinta-feira a sábado), às 21h, no Teatro Paulo Autran (1.010 lugares)
Duração: 90 minutos; Classificação: Não recomendado para menores de 10 anos.
Ingressos: R$ 60,00 (inteira). R$ 30,00 (meia entrada). R$ 18,00 (credencial plena do Sesc).
Ingressos à venda online, em www.sescsp.org.br, a partir de 18/10, às 19h, e nas bilheterias das unidades do SescSP a partir de 19/10, às 17h30.