Anna Muylaert (Que Horas Ela Volta?) taxou como “triste” a escolha do filme “Pequenos Secretos”, do diretor David Schurmann, ao invés de “Aquarius” para representar o Brasil na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2017. A diretora comentou a escolha de “Pequenos Segredos” na corrida em seu Facebook.
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“Com esta escolha de hoje, enterramos muito mais que um filme. Enterramos um paradigma de qualidade e legitimidade para o cinema brasileiro. Quando se está vivendo sob a égide de um golpe nacional, porque haveria de ser diferente com o cinema?”, comentou. “Escolher outro para representar o Brasil agora – um filme que ninguém viu – não é apenas uma derrota, é antes de tudo uma mudança de rumo nos paradigmas de qualidade que viemos construindo todos nós juntos há anos”.
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O elenco usou sua visibilidade para chamar a atenção do momento político conturbado do País à época de seu lançamento. Leia a íntegra abaixo:
“É natural imaginar que Kleber Mendonça Filho esteja agora chateado com esse golpe relativo escolha de um outro filme para comissão do Oscar. Imagino que esteja mesmo. Mas do meu ponto de vista o maior prejudicado não foi nem é Kleber e sua equipe e sim o cinema brasileiro. Houve sim uma grande batalha nos últimos anos em várias esferas, Ancine – Manoel Rangel e Eduardo Valente sem falar do Cinema do Brasil – pessoas e entidades que vem lutando tanto pela qualidade do cinema brasileiro quanto por sua visibilidade no exterior. Ora Kleber Mendonca fez um filme – goste-se ou não – importante, extremamente bem dirigido e que conquistou uma vaga na competição de Cannes – a mais difícil do mundo.
Alem disso, está tendo sucesso de publico e de critica no seu país de origem. Escolher outro filme para representar o Brasil agora – um filme que ninguém viu – não é apenas uma derrota para Aquarius – Filme , é antes de tudo uma mudança de rumo nos paradigmas de qualidade que viemos construindo todos nós juntos há anos. O que esperar do futuro? Que os amigos de Michel Temer sejam daqui pra frente os grandes autores do cinema brasileiro – independentemente de sua qualidade ou mesmo de sua representatividade junto ao publico? A resposta é triste e é: provavelmente sim. Com esta escolha de hoje, enterramos muito mais que um filme. Enterramos um paradigma de qualidade e legitimidade para o cinema brasileiro. Quando se está vivendo sob a égide de um golpe nacional, porque haveria de ser diferente com o cinema?”.