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“Quero que os brasileiros e estrangeiros aproveitem tudo”, diz curadora do Boulevard Olímpico, Andrea Franco

Por André Aloi

Durante o período de Olimpíadas, o Rio de Janeiro recebe diferentes shows no Boulevard Olímpico (confira aqui a programação). Para saber como foi composto RG bateu um papo com a curadora do espaço, Andrea Franco. Ela destaca que levar o projeto de levar shows para o público tem a emocionado diariamente. “Depois de anos de Fashion Rio, aqui mesmo no Pier Mauá, pude presenciar a mudança da região do Porto. Eu amo a minha cidade, fico muito orgulhosa e quero que os cariocas, brasileiros e estrangeiros aproveitem muito isso tudo aqui”.

Ela afirma que nenhum artista mais difícil de fechar. “Conheço bem a grande maioria e todos ficaram felizes e com muita vontade de fazer parte desse momento histórico”, afirmou. A ideia é que o visitante possa circular por todo o Boulevard – do Armazém 4 à Praça XV, passando pela Praça Mauá e Orla Conde, e conviva com artistas de rua de todas as modalidades: circo, música, mímica, acrobacia… Veja abaixo a entrevista!

RG – Como foi a construção desse line-up para as Olimpíadas?
Andrea Franco – A ideia foi fazer um recorte do que tem sido produzido de mais interessante nos últimos anos, entre artistas já consagrados e diversos dessa nova geração, que é riquíssima, diga-se, e muito atenta aos movimentos atuais no Brasil, como a diversidade, que é um assunto global. Mais do que isso, também temos uma grande atenção à arte de rua, que eu, particularmente, sou muito fã. Ter conseguido trazer artistas como o Kobra para deixar esse mural gigante de legado me traz uma satisfação enorme. E, claro, também não podemos deixar de fazer festa, que nós sabemos fazer muito bem.

RG – Quais foram os pedidos ou restrições para que fosse montado esse cenário de shows e apresentações?
AF – Eu fui convidada pelo Gaetano Lops, da Gael, para montar todo o conteúdo artístico desse Boulevard Olímpico, que será o espaço mais efervescente da Olimpíada, em toda a região do Porto Maravilha e ainda Madureira. O Gaetano me deu total carta branca para convidar uma equipe e montar todo esse cenário cultural, pensar todas as ações e fechar a programação. Foi desafiador e uma delícia.

RG – Qual foi a melhor e a pior parte (ou o mais facil e mais dificil) de organizar esse evento?
AF – Com o advento da internet, fica ainda mais difícil acompanhar e filtrar. O que é um lado muito positivo. O difícil mesmo foi encaixar, equilibrar toda essa pluralidade, pensar os artistas que traríamos em todos os segmentos, e nos encontros musicais que teremos no palco, de forma que mais do que um dueto aquilo se revelasse numa troca, em algo ainda não visto pelo público.

RG – O que de Rio de Janeiro e Brasil tem nesse line-up?
AF – Temos muita coisa genuinamente carioca. Teremos um encontro entre Mart’nália e Fernanda Abreu, por exemplo, dois grandes nomes de ponta do samba e do funk carioca, respectivamente. Tem o Dream Team do Passinho, que é uma loucura, e temos nomes da cena alternativa, como Mahmundi e Nina Becker. Sem falar na roda de samba da Pedra do Sal, no Sany Pitbull, nas escolas de samba e nos blocos de Rua. Tem muito Rio, mas tem muito de Brasil também. Do Belém, temos Jaloo, que faz um som muito moderno, e tem a guitarrada de Felipe e Manoel Cordeiro com Dona Onete, uma senhora do carimbó maravilhosa. E tem o Mombojó, de Pernambuco, a Ana Cañas e o Thiago Pethit, de São Paulo, o Silva, do Espírito Santo, a Márcia Castro, da Bahia, tem muito Brasil…

RG – Você tem experiência em eventos como este. Mas qual foi o maior desafio para ti?
AF – Já trabalhei em muitos grandes eventos, trabalho com música há muito tempo. Mas esse tem uma responsabilidade enorme. Uma Olimpíada é uma Olimpíada, não tem como concorrer com qualquer outra coisa que já tenha feito. São milhões de turistas que vão passar pelo Boulevard durante toda essa Olimpíada. É um desafio enorme atender a expectativa desse público e apresentar algo de novo e relevante pra eles, coisas da nossa cultura que merecem ser vistas, sendo já conhecidas ou não. Esse é, sem dúvida, meu maior desafio como curadora.

RG – Quais as diferenças dos palcos Porto Maravilha e Parque Madureira?
AF – A programação está mais concentrada nessa região, pois temos três palcos só ali – Mauá, Barão de Tefé, Praça XV. O Parque Madureira tem uma programação mais voltada para o samba e o funk carioca. O bairro que é templo da Portela, uma das mais clássicas escolas de samba carioca, e do Baile Charme, um evento que todo mundo que mora ou está no Rio deveria conhecer pelo menos uma vez na vida, tinha de ter uma atenção especial nesses gêneros. Mas teremos outras atrações ali. Privilegiei também o esporte criando uma gincana, com as modalidades já praticadas ali, chamada “Férias no Parque”.

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